domingo, 9 de maio de 2010

Prefeituras não investem em bibliotecas públicas

No Estado de São Paulo, o mais rico do país, 51 dos 645 municípios, 7,9%, ainda não possuem uma biblioteca pública municipal. O dado consta do 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais 2010 divulgado pelo Ministério da Cultura.
No ranking dos municípios com mais bibliotecas, a primeira colocação é ocupada pela cidade paulista de Barueri, com 4,07 estabelecimentos por 100 mil habitantes. A capital paulista, que detém o maior PIB nacional, está na 157ª posição, com 0,51 estabelecimento por 100 mil habitantes.
Foram pesquisados todos os 5.565 municípios brasileiros. O estudo aponta ainda que em 2009, 79% das cidades brasileiras possuíam ao menos uma biblioteca aberta. Um alívio para os leitores, pois isso significa 4.763 bibliotecas em operação em 4.413 municípios. Segundo o levantamento, em 420 municípios no território nacional, as bibliotecas foram extintas, fechadas ou nunca existiram.
Veja a lista dos municípios paulistas sem biblioteca pública municipal: Águas da Prata, Alfredo Marcondes, Araçariguama, Aramina, Aspásia, Bento de Abreu, Bofete, Bom Sucesso de Itararé, Braúna, Cabrália Paulista, Caiabu, Campina do Monte Alegre, Dumont, Embaúba, Euclides da Cunha Paulista, Gabriel Monteiro, Guarantã, Igaraçu do Tietê, Igaratá, Ipaussu, Itapura, João Ramalho, Lavrinhas, Luiziânia, Lupércio, Manduri, Mineiros do Tietê, Morro Agudo, Nova Canaã Paulista, Nova Europa, Nova Luzitânia, Oleo, Orinduva, Palmares Paulista, Pardinho, Pedranópolis, Pongaí, Pontalinda, Porangaba, Queiroz, São João das Duas Pontes, São José da Bela Vista, São José do Barreiro, São Miguel Arcanjo, Serrana, Suzanópolis, Tambaú, Tuiuti, Ubirajara, Urânia, Valentim Gentil.

Virada Cultural exclui palco do Rap
Não podia ser pior. Mesmo "apoiado por mais de cinquenta mil manos", o rap vai ficar de fora da festa marcada para o próximo fim de semana. A Prefeitura de São Paulo excluiu o tradicional palco do rap da Virada Cultural deste ano. José Mauro Gnaspini (não esqueça este nome), diretor do evento, alegou que o espaço [a Virada?, o Centro ?, a Cidade?] não é adequado [para rap ou o público deste?] e teme pela segurança. A exclusão do palco do rap é reflexo de como a atual gestão municipal trata a periferia da cidade e suas manifestações culturais mais importantes, ou seja, com descaso e como caso de polícia. Ah vá...


Assista | O rapper Daniel “Garnett” Epô com a excelente “Isso é Uma Vergonha”, feita após o comentário infeliz de Boris Casoy, âncora do Jornal da Band, em dezembro, sobre os garis que haviam desejado felicidades aos telespectadores da emissora. O rapper ainda pode ser ouvido em: www.myspace.com/epogarnett

Monumento a Federico Garcia Lorca
Cia. de Teatro pede restauração e visibilidade para a obraNo mês de abril a Cia. Hotel Green Garden apresentou a peça Os Cantos Do Hotel. A peça tem inspiração na série de poemas Poeta em Nova Iorque, do espanhol Federico Garcia Lorca, morto em 1936 pela ditadura franquista e até hoje desaparecido.
Na série, Lorca aborda sete personagens que representam a sociedade deteriorada da Nova Iorque dos anos 20 e 30, na época da crise da bolsa de valores. Em sete quadros, cada arquétipo aborda de maneira profética e surrealista como os homens se transformaram após a crise econômica e as dificuldades provocadas por ela.
Foram incluídos na peça os poemas: Cidade Sem Sonho, Pequeno Poema Infinito, Fábula e Roda dos Três Amigos, Lua e Panorama dos Insetos, Morte, A Menina Afogada no Poço e Panorama Cedo de Nova Iorque.
O local escolhido para as apresentações foi a Praça das Guianas, no Jardins, bairro nobre da Cidade. A Praça abriga o Monumento a Federico Garcia Lorca do escultor e arquiteto brasileiro Flávio de Carvalho (1899-1973). O objetivo de apresentar a peça na praça do monumento foi chamar a atenção para a invisibilidade da obra naquele local e sua consequente deterioração. O Monumento bem que poderia deixar a penumbra em que se encontra para repousar no Memorial da América Latina.Um monumento de resistência erguido contra ditaduras
Exilados espanhóis decidiram homenagear seu maior poeta morto por forças franquistas durante a Guerra Civil Espanhola sob a acusação de ser comunista. Federico Garcia Lorca era um homem livre, sem preconceitos, que lutava contra a opressão e pelos direitos das minorias.
O escritor Paulo Duarte foi convidado a participar da homenagem e envolveu o escultor e arquiteto Flávio de Carvalho. O projeto da escultura foi enviado à Serralheria Diana, de propriedade de espanhóis no bairro do Tatuapé, onde Flávio de Carvalho acompanhou sua execução passo a passo. Depois de pronta, a escultura foi depositada na Praça das Guianas.
A cerimônia de inauguração, no dia 1º de outubro de 1968, foi prestigiada pelo poeta chileno Pablo Neruda, que fez um caloroso discurso elogiando o amigo Garcia Lorca e o autor da escultura. Uma exposição na Biblioteca Mário de Andrade e um espetáculo no Teatro Municipal com a participação de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Sérgio Cardoso e outros completaram a homenagem.
Na madrugada de 20 de julho de 1969, uma explosão danificou a escultura. Nunca se apurou o responsável pelo ato, que, no entanto, sabia-se ligado ao CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Folhetos deixados junto à obra informavam sobre a destruição do monumento ao poeta "comunista e homossexual", no dia da Revolução Cubana.
Os destroços da escultura foram levados a um depósito da Prefeitura. Em 1971, Flávio de Carvalho restaurou-a para levá-la à Bienal de Arte de São Paulo. Com muito custo e sem o apoio de nenhuma autoridade, conseguiu colocá-la do lado de fora do prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera, onde ficou apenas dois dias. O embaixador da Espanha reclamou da presença da "escultura do comunista" e ela voltou ao depósito.
Dispostos a devolver a obra ao espaço público, alunos da Escola de Comunicações e Artes e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, dentre eles o hoje cineasta Fernando Meirelles, falsificaram documentos e a roubaram em 1979. Durante três meses, trabalharam na sua recuperação e a depositaram no vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo), estrategicamente, no dia em que o prefeito participava de um evento no museu. O diretor do MASP, e o prefeito não aprovaram o ato. Dias depois, finalmente, a obra foi novamente depositada na Praça das Guianas, seu local de origem e onde encontra-se até hoje.
Saiba mais: www.hotelgreengarden.blogspot.com
[Fotos: Elaine Campos | São Paulo (SP), abril de 2010]

Acesse

Carimbó – Patrimônio Cultural Brasileiro (www.campanhacarimbo.blogspot.com). Blog oficial da Campanha pelo Registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro.
Fala Povo (www.falapovo.com). Informação críticas pautadas pelos diferentes seguimentos da sociedade brasileira.
Blog Fórum Educação (blog.forumeducacao.zip.net). Espaço virtual do Fórum da Educação da Zona Leste de São Paulo.
Haiti Kreyòl (www.wakky.com.br/brasildefato/haiti). Informações sobre a luta do povo haitiano para reconstruir seu país.
Organização Popular Aymberê (www.opaymbere.wordpress.com). Organização ligada a movimentos sociais de base.
Pseudopoetagens (www.pseudopoetagem.blogspot.com). Pseudopoesias por um pseudopoeta.

Agenda

10 a 14/05 – Paraitinga em São Paulo: Semana Artística e Cultural. O evento traz artistas de São Luiz do Paraitinga para realizar diversas atividades culturais na cidade. Confira. Centro Cultural FIESP: Av. Paulista, 1.313. Tel.: 3146-7406.

11, 18 e 25/05 – Radiografia Cultural: periferia e underground em São Paulo. Sérgio Vaz, Binho e convidados, na maioria agitadores culturais da periferia, comandam saraus e debates no evento realizado no Centro Cultural Banco do Brasil. Confira a programação aqui.

15 a 23/05 – Ladyfest Brasil 2010. Comemorando dez anos de nascimento na longinqua cidade de Olympia, nos EUA, e seis anos desde a sua primeira edição no Brasil, em 2004, o Ladyfest Brasil se consolidou como um dos festivais culturais independentes mais importantes do país e o único a celebrar uma cena de jovens mulheres feministas atuantes. Imperdível! Confira a programação aqui.

23 e 30/05 – 15º Festa do Imigrante. O tradicional evento anual é um convite para conhecer as manifestações culturais, artísticas e gastronômicas de diversas nações, além de resgatar a história dos mais de 2,5 milhões de imigrantes que passaram pela Hospedaria do Imigrante em São Paulo desde o final do século XIX. Memorial do Imigrante: Rua Visconde de Parnaíba, 1.316, Moóca (Metrô Bresser). Tel.: (11) 2692.1866. Confira a programação: www.memorialdoimigrante.org.br