sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Última postagem do ano, que venha 2013!

 
Na última postagem do ano, desejo a você muita força, muita saúde e lute sempre por liberdade e paz com justiça sem exceção!
Nos vemos logo alí, em 2013, nas ruas e nas quebradas do mundaréu!

Quilombo de palavras: saraus e literatura periférica no centro da cultura

 
A Revista do Parlamento Paulistano (v.2 n. 3 julho/dezembro 2012) dedicou quatorze páginas da sua seção de cultura para abordar a agitada movimentação dos saraus e da literatura periférica na cidade de São Paulo. Intitulada Quilombo de palavras: saraus levam a periferia para o centro da cultura, a reportagem é de Fausto Salvadori Filho e é composta por depoimentos, entrevistas, poemas, pesquisa e imagens de vários saraus citados no texto.  
Tem, por exemplo, a Vó da Ocupa dizendo que aprendeu "muito e gosta da turma dos saraus, que fala a língua da gente". Tem Augusto Oliveira (Batalha da Leste) improvisando na rima. Tem o poeta Victor Rodrigues comparando os saraus a cultura do quilombo: "vamos fugir e criar a nossa própria sociedade". Tem Binho(Sarau do Binho), lembrando que os poetas dos saraus são bons e estão vivos "por aí, perambulando". Tem Mateus Subverso (Edições Toró), afirmando que a "cultura de quebrada pensa os seus processos de maneira não-hierarquica, horizontal e partilhada, porque vai ao encontro do que a gente quer para a sociedade". E tem mais: Alessandro Buzo, Tula Pilar , e eu Ruivo Lopes. Quer mais, então acesse e confira!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Victor Rodrigues, o poeta da gente!


Conheci Victor Rodrigues no Sarau Suburbano, quilombo cultural cravado no bairro Bixiga. Jovem poeta do bairro A. E. Carvalho, zona leste de São Paulo, apresentava seus primeiros poemas sempre com energia e já chamava atenção o conteúdo social e elaborado dos seus versos. Victor é chegado no saraus que cercam a cidade de São Paulo, sendo o Sarau dos Mesquiteiros o seu quintal preferido. Depois de participar de antologias poéticas, Victor lançou recentemente o seu livro de estréia Praga de Poeta. Agora, o poeta apresenta seu primeiro video poema chamado Candidatura, produzido pelo Periferia Invisível. Nele, o poeta convida sua gente para declamar coletivamente, como num sarau. Tem Binho, Daniel Marques da Silva, Daniel Minchoni, Caco Pontes, Verinha Fashion, Rodrigo Ciríaco, Emerson Alcalde, Ni Brisant, Alessandro Buzo, Michel Yakini, Fabio Boca e eu, Ruivo Lopes. Assista!



Acompanhe na íntegra o poema de Victor Rodrigues:

Candidatura

eu,
se eleito
não prometo
porque sou homem e não cumpro

não compro seu voto
nem me comprometo
mas construo
mais hospitais e mais leitos
por mais doentes internados
pra mais visitantes e mais visitados
construo mais igrejas
pra que pecadores possam comer e beber
e festejar a vida sem medida
inauguro mais restaurantes
pra que meninos vendam balas e flores
e esfomeados peçam comida
abro mais bares
pra que o João e o José
desçam uma caninha sem dó
e curem suas dores com baralho e dominó
levanto mais pontes só pra abrigo de mendigos
mais semáforos por mais trânsito
pra que ambulantes e malabaristas aumentem a clientela
mais ruas e calçadas
pra mais feiras e camelôs, mais pipa e futebol
organizo mais favelas
pra mais rap, mais samba
mais moleque em casa bamba

tudo porque
se eleito
não sou prefeito
deputado ou presidente
sou poeta
e como poeta sou gente
sou da gente, sou a gente
e como poeta sou também indigente
marginal, delinquente
atravesso as vielas da alma
habito as esquinas da mente

então me candidato
a ser eu, mas também você
pela simples tarefa de viver

porque como poeta
sei que posso fazer
porque como poetas
nós temos esse poder

No blog do poeta, você poderá acompanhar na íntegra os poemas disparados pelos poetas que participam do video poema Candidatura.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

1º Festival do Filme Anarquista e Punk de São Paulo



O I Festival do Filme Anarquista e Punk de São Paulo será nos dias 14, 15 e 16 de dezembro no Centro Anarquista Ação Direta, um novo espaço que logo estará em funcionamento permanente!

Serão três dias de exibições de filmes, debates, oficinas, exposições e outras atividades.

LOCAL: Rua Dr. Almeida Lima, 434 – ao lado da estação Brás de Trem e Metro

Maiores informações: Anarcopunk.org

DOWNLOAD DA PROGRAMAÇÃO EM PDF:



SEXTA, 14 DE DEZEMBRO

19:00 | Relatos de Uma Cena Anarcopunk (23 min | 2012 | César Medeiros e Danilo Tázio | Natal/RN)

19:30 | Punk In Africa (82min | 2011 | Keith Jones e Deon Maas | África – legendas em português)

21:00 | Sarau “Sangue, Suor e Poesia Libertária”

E mais: Abertura das exposições de fotografia de Ruivo Lopes, Elaine Campos, Avelino Regicida, Jefferson Andrade, Anderson Barbosa, cartazes de festivais em outras partes do mundo.

 
SÁBADO, 15 DE DEZEMBRO

13:00 | Grafitagem libertária – durante todo o dia

13:00 | Oficina de Fotografia Faça Você Mesm@, com Elaine Campos (Integrante da Coletiva Anarcafeminista Marana)

“Bastou clicar o botão. E pronto. Mais uma imagem foi capturada pelas lentes da câmera fotográfica. No entanto, para aproveitar o máximo do equipamento e por meio dele encontrar a melhor forma de se expressar, são necessários dois componentes básicos: um pouco de técnica (que ao longo do tempo cada um@ desenvolve a sua própria) e reflexão. Essa oficina básica de fotografia pretende ser um espaço compartilhado de reflexão e troca de experiências sobre o ato de fotografar e a memória visual, buscando estimular @s participantes a desenvolverem um discurso visual próprio.”

Oficina livre, traga sua câmera fotográfica de qualquer tipo, celular ou qualquer equipamento que tire fotos! No dia seguinte haverá exposição das fotografias tiradas durante a oficina.
DURANTE TODO O DIA | Exposições de fotografia de Ruivo Lopes, Elaine Campos, Avelino Regicida, Jefferson Andrade, cartazes de festivais em outras partes do mundo, projeções de fotografias de Anderson Barbosa



SALA 1

14:00 | From the Back Of The Room

16:00 | Lançamento: Squat Toren + curtas: Minutos de Destruição e Desalojo Ilegal da Ocupação Abu-Jamal

17:00 | A Céu Aberto + curta: Fabricação Artesanal de Carvão de Coco Babaçu

17:50 | Lúcio: Anarquista, assaltante, falsificador, mas sobretudo pedreiro+ estréia do curta Caixa Postal 195

20:00 | FILME/DEBATE | Lançamento: Todo Fim é Um Começo seguido de debate com participação dxs realizadorxs, companheirxs de espaços libertárixs.

SALA 2

13:30 | Barulho Bom + curta: Ecos de Revolta – Exibição Vide Urbe

14:15 | Noite do Horror

15:15 | Unindo Quebradas

16:10 | Filme Plágio ou Introdução à crítica do valor da imagem mercantil como dispositivo de designação do Sujeito e curta: Vozes de um Cárcere

17:10 | FILME/DEBATE | Ciclovida:Lifecycle + curta: Torcendo pelo Time da Casa seguida de debate com Coletivo Ciclovida – SP

20:15 | Na Prisão Minha Vida Inteira + El Ocaso Del Miedo



DOMINGO, 16 DE DEZEMBRO

DURANTE TODO O DIA | Exposições de fotografia de Ruivo Lopes, Elaine Campos, Avelino Regicida, Jefferson Andrade, Anderson Barbosa, cartazes de festivais em outras partes do mundo, projeções de fotografias de manifestações e atividades libertárias na cidade.

Projeção das fotografias tiradas pelxs participantes da Oficina de Fotografia Faça Você Mesm@ do dia anterior, por Elaine Campos.

SALA 1

14:00 | FILME/DEBATE | Escolarizando o Mundo: O Último Fardo do Homem Branco seguida de debate com integrantes do Ativismo ABC e Coletivo Desescolarizar

17:00 | Não são um por cento: Anarquistas em Carrara

18:40 | FILME/DEBATE | Indomables: Una Historia de Mujeres Libres seguido de debate com Coletivo Terra Livre sobre as experiências acumuladas ao longo de dois anos de realização do Cineclube Terra Livre.

SALA 2

13:30 | A Cultura em Luta Pela Paz

15:00 | Todas as Mulheres do Mundo + O Sentido da Moradia

16:15 | WORKSHOP de leituras de imagens e troca de idéias sobre “Vìdeo Popular e representação”, com Daniel Fagundes (Núcleo de Comunicação Alternativa – NCA)

18:20 | Crass: There Is No Authority But Yourself + curta: Tid

19:40 | Ugra The Karma

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A cor dos homicídios no Brasil

 

As taxas de homicídios no Brasil são elevadas e inaceitáveis. Quando os homicídios deixam de ser apenas números e viram representações sociais reais, podemos ter uma visão mais detalhada do problema. Racismo e pobreza - e suas consequências - fazem parte deste universo. Quando o que está em jogo é a vida, buscar soluções é mais que necessário.
 
O estudo Mapa da Violência - A cor dos homicídios (clique) lançado na quinta-feira (29) pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República, revela que os homicídios no Brasil atingem de forma crescente a população negra.
 
Entre os anos de 2002 e 2010, houve queda do número de homicídios na população branca, mas aumento nos números da população negra, com o assassinato de 272.422 cidadãos negros no país - uma média de 30.269 assassinatos ao ano. Só em 2010, foram 34.983.

 
As mortes de negros tiveram aumento de 29,8%. Já o número de homicídios de brancos caiu de 18.867 em 2002 para 14.047 em 2010, o que representa uma queda de 25,5% nesses oito anos.

A taxa de homicídios de brancos também caiu, de 20,6 para 15,5 homicídios por cada 100 mil habitantes (queda de 24,8%), enquanto a de negros cresceu de 34,1 para 36 (aumento de 5,6%).
 
O estudo destaca que mesmo "com fortes oscilações de um ano para outro, a tendência geral desde 2002 é: queda do número absoluto de homicídios na população branca e de aumento nos números da população negra. E essa tendência se observa tanto no conjunto da população quanto na população jovem", alerta.

O estudo também mede a taxa de vitimização dos negros, ou seja, se existem mais vítimas negras do que brancas. Os números mostram que esse índice aumentou de 65,4 e chega a 132,3 em 2010. Isso significa que, naquele ano, para cada branco vítima de homicídio proporcionalmente morreram 2,3 negros pelo mesmo motivo.
 
Os municípios com maior número absoluto de homicídios de negros são Salvador, Rio de Janeiro, Recife, Manaus, Maceió, São Paulo e Brasília.

O estudo diz também que a maior parte das mortes ocorre na faixa etária entre 20 e 21 anos, mas, entre os negros, aumentou 46 vezes na faixa entre os 12 e 21 anos, entre 2002 e 2010. Nessa mesma faixa etária, a morte de brancos aumentou 29 vezes no mesmo período.
 
“Os níveis atuais de vitimização negra já são intoleráveis, mas se nada for feito de forma imediata e drástica, a vitimização negra no país poderá chegar a patamares inadmissíveis pela humanidade”, conclui o estudo.
 
Seria importante se o estudo, ou um estudo a partir deste, revelasse também a relação dos homicídios que atingem de forma crescente a população negra com as causas estruturais das desigualdades raciais e sociais no Brasil. Assim, além de revelar números alarmantes, ficaria evidente também as responsabilidades e de quem a sociedade brasileira deve exigir soluções urgentes!

domingo, 25 de novembro de 2012

Religião não pode rimar com discriminação



Aderir a alguma religião é um direito individual garantido pela liberdade religiosa. Não sofrer nenhum tipo de discriminação, inclusive por valores religiosos, é um direito inviolável e coletivo o qual devemos preservar em qualquer lugar


Nunca fui ligado a nenhuma religião. Quando criança, fui matriculado num desses cursos de catecismo oferecido pela igreja católica do bairro em que eu morava, na Vila Mathias, na cidade de Santos, no litoral de São Paulo.


Eu já conhecia bem o interior daquela igreja. Umas das brincadeiras da qual eu participava era disputar com os amigos quem apagava mais vela acesa no local. A igreja dava uma velinha para quem não podia trazer a sua para acender. E tinha também um filtro de barro com água benta para quem quisesse beber. Pura caridade. E tinha mais. Difícil mesmo era pegar alguma nota da caixa de doação dos fiéis. Tinha que ser ligeiro. A mão pequena passava pela brecha, mas a caixa tinha um fundo bem maior e só perto do Natal ela ficava um pouco mais cheia e dava para alcançar alguma nota que ficava boiando ali por cima. Quando isso acontecia, o doce estava garantido. Moeda nem pensar, elas eram mais pesadas e ficavam no fundo da caixa quando não ajudavam a empurrar ainda mais as notas para baixo.


O bairro Vila Mathias era um famoso aglomerado de cortiços da cidade. Eram até 10 famílias morando em antigos casarões explorados por intermediários dos proprietários que cobravam aluguéis por cada cômodo habitado. Tinha confusão quase todos os dias, por qualquer coisa. A wez de usar o banheiro, usar o tanque para lavar louça e roupa, usar o varal, o quintal, o corredor, limpar os espaços comum aos moradores, abrir ou fechar a porta, intrigas, fofocas, separar as brigas das crianças, dos adultos. Vire e mexe a polícia baixava num e o caldo entornava. Saia todo mundo para ver o que estava acontecendo. Uma gritasia só e lá se ia resolver tudo na delegacia.


Naquela época- era um sacrifício deixar passar uma tarde de sábado na rua para ficar numa antiga sala sem graça no fundo da igreja onde aconteciam as aulas de catecismo. Sacrifício compensado só pela paixão que eu nutria pela professora. Eu uma pobre criança branca e ela uma jovem negra que ia toda arrumada para ministrar a aula de catecismo e depois caia no baile que acontecia num dos clubes da cidade. Ela mesma avisava. Nunca fui bom de dança, mas sempre tive muita curiosidade para entrar nesses clubes para ver como é que era. Do lado de fora eu ouvia o som batendo nos falantes e ficava imaginando outro mundo lá dentro. Não deu. Quando tive idade permitida para entrar, a música que tocava - a minha e a dos clubes - eram outras. Os clubes fecharam, não fui mais as aulas e nunca mais vi a professora de catecismo. Lembro-me dela, mas não das aulas. Nunca mais quis saber de catecismo ou qualquer coisa parecida.


Eu não ligava para religião alguma, me preocupava mesmo era a discriminação que corria solta. Tudo que uma criança não!quer é ser discriminada, muito menos na escola. Pode ser o fim para ela. Lembro de ter ouvido a expressão “macaco branco” usada por alguns adultos e reproduzidas por algumas crianças. Na época, eu sabia que era uma provocação, mas não entedia o seu peso discriminatório. E se podia eu partia para cima de quem a dissesse ou devolvia um!palavrão. “Macaco branco” era uma expressão discriminatória racista para apontas as crianças pobres brancas que moravam nos cortiços. Os mesmos adultos e crianças usavam também a expressão racista “macaco” para apontar crianças negras que também moravam ou não nos cortiços.


No bairro que eu morava não me lembro da presença de nenhuma igreja evangélica, pelo menos não como é hoje nos bairros. Mas lembro de algumas mães sempre de saia e cabelos bem compridos e alguns homens com a bíblia velha de capa preta na mão, lembrando muito os ewangélicos que vejo hoje. Eram conhecidos no bairro os centros espíritas, principalmente por seus programas assistenciais. Perto da casa que eu morava tinha centros de umbanda e candomblé. Estes faziam a alegria da criançada da rua porque sempre saíamos de lá com doces nas mãos. Nenhuma mãe nunca reclamou de ver seus filhos com balas, pipocas e pirulitos. Pelo contrário. Também não reclamavam porque ficávamos até tarde na rua indo de praça em praça a procura de doces oferecidos a Cosme e Damião. Também não me lembro de ninguém ter sido impedido de distribuir doces na rua ou qualquer problema parecido.  Tinha também as casas das velhas benzedeiras, às vezes esperava horas por um passe ou preparo de uma garrafada. Enfim, se havia problemas de crenças religiosas, estes problemas eram dos adultos, e não das crianças. Embora a responsabilidade dos adultos sempre influenciasse as crianças. Problema meu é que não era certamente!
 
Os tempos mudaram – e continuam mudando, inevitavelmente. Os problemas das crianças são cada vez mais parecidos com os problemas dos adultos. Um deles é a discriminação baseada em valores professados por crenças religiosas com hegemonia no país. A história já está cheia de capítulos que contam tristes conseqüências para povos inteiros por conta de questionáveis valores religiosos universais. O Brasil certamente contribuiu com alguns destes capítulos. Aderir a alguma religião é um direito individual garantido pela liberdade religiosa. Agora, não sofrer nenhum tipo de discriminação, inclusive por valores religiosos, é um direito inviolável e coletivo o qual devemos preservar em qualquer lugar. Assim, faremos um bem à comunidade e principalmente às crianças que poderão crescer sem levar consigo as marcas perversas da discriminação. 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Marcha da Consciência Negra: cotas sim, genocídio não!

 
A Marcha da Consciência Negra chega a sua 9ª edição em 2012. Além de render homenagem a Zumbi dos Palmares, a Marcha leva todo ano para as ruas de São Paulo temas de caráter reivindicatório. Neste ano não poderia ser diferente, o tema é Cotas Sim, Genocídio Não! Por um lado, existe a exigência de maior participação da população afro-descendente em todas as esferas que compõe a sociedade brasileira, com ênfase no acesso ao ensino superior e com o objetivo de reduzir desigualdades históricas herdadas do sistema escravagista e da permanência do racismo no país.  Por outro, diante das chacinas e execuções sumárias diárias que vitimizam na sua maioria jovens, negros e pobres, a Marcha vai pras ruas pedir também o fim deste genocídio.
 
Conheça também:
 
 
 
Participe!

domingo, 11 de novembro de 2012

São Paulo: pinga-fogo


Conta...
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse na manhã da última quinta-feira, 8, que o momento violento pelo qual o Estado passa está  perto de acabar. "As mortes já estão em processo de queda. Eu tenho feito um acompanhamento diário, elas já estão caindo, estão acontecendo em um ritmo bem menor", respondeu sobre as mortes que continuam acontecendo na capital.
 
... outra
Somente entre sexta-feira, 9, e sábado, 10, foram registradas 15 mortes em apenas 17 horas!
 
Será...
O governador anunciou que vai dobrar a indenização para os familiares de policiais mortos. Para cada policial civil, militar ou agente penitenciário será pago R$ 200 mil. "E não será apenas para o policial no seu trabalho, e sim na sua condição de policial. Aquele caso em que a pessoa estava de folga, mas o óbito foi decorrente da condição policial, o seguro vai cobrir", disse.
 
... que o seguro vai cobrir?
Por enquanto, nenhuma palavra oficial sobre qualquer indenização ou assistência para as famílias de civis assassinados por policiais.
 
1 + 1...
Jornalistas da imprensa dominante em São Paulo abriram mão da investigação e detalhes das ocorrências de assassinatos, como a biografia das vítimas,  e passaram a contar os corpos e compor gráficos num jogo matemático desequilibrado e perverso.
 
Lavando as mãos
Paraisópolis foi vitrine da campanha do candidato José Serra na última eleição para a Prefeitura de São Paulo. Durante a campanha, Serra mostrava Paraisópolis como modelo de urbanização na cidade. Serra perdeu a eleição. Logo em seguida, a Secretaria de Segurança Pública deu início a Operação Saturação que contou com a participação de mais de 600 policiais para cercar Paraisópolis por tempo indeterminado.
 
Pacto...
Mas é o jornalista Bob Fernandes que cutuca a ferida. Diz ele que por trás da guerra nas ruas de São Paulo teriam sido rompidos "códigos de conduta" entre PM e PCC.

... de sangue
Segue o jornalista: "Há quem negue a existência de tais códigos, mas eles existem: a polícia tem seus códigos não escritos e os criminosos também têm. E ambos têm um código em comum. Pela quantidade de mortos, é evidente que algum tipo de código, ou de acordo - ou de acordos - foi rompido", opina.
 
Enquanto isso...
Nas periferias de São Paulo, fala-se cada vez mais da imposição do toque de recolher que obriga moradores a não saírem nas ruas a partir de determinados horários, fechar o comércio, suspender aulas e limitar a circulação de ônibus. O secretário de segurança nega, mas é um comerciante quem diz: "Não vou esperar para ver".

sábado, 3 de novembro de 2012

3ª FEIRA ANARQUISTA DE SÃO PAULO

 
A Biblioteca Terra Livre e o Ativismo ABC organizam a 3ª Feira Anarquista de São Paulo, dando continuidade as feiras anarquistas que vem ocorrendo em várias cidades do mundo.
Acontecerá, como na 2ª Feira Anarquista de São Paulo, uma mostra editorial e venda de livros, jornais, revistas, fanzines e outros materiais libertários. A Feira de São Paulo pretende reunir as editoras libertárias do país e do exterior.
Paralelamente à mostra editorial haverá palestras e debates, assim como diversas atividades culturais, como exposições, poesias, apresentações teatrais, musicais e outras atividades.
 
Data: Domingo04 de novembro de 2012
Horário: das 10h às 20h
Local: Auditório Paulinho Nogueira no Parque da Água Branca
Próximo ao metro Barra Funda.
Entrada Gratuita.
 
Programação:
 
10h – Leitura Dramática: Os Parasitas (Neno Vasco) com participação do Coral Filhos do Povo
10h30 - Debate: Editoras Anarquistas
11h – Palestra: Atualidade Teórica do Anarquismo na América Latina (Federação Libertária Argentina / Argentina)
12h - Oficina de Stencil com Coletivo Artficina
13h - Ateneo Heber Nieto, Taller Anarquista e Revista Alter (Montevidéu/ Uruguai)
14h – Sarau: Sangue, Suor e Poesia Libertária
14h - Palestra: Movimento Anarquista no Chile: história e atualidade (Grupo de Estudios José Domingo Gómez Rojas / Chile)
15h - Debate: Anarquismo e Feminismo
16h – Lançamento de Livros
16h30 - 100 anos da Escola Moderna de São Paulo (Biblioteca Terra Livre)
17h – Show: Tuna (acústico)
18h – Palestra: A Experiência de Organização da Federação Anarquista Francófona (Federation Anarchiste / França)
 
Ao longo do dia ocorrerão diversas atividades:
 
Exposições
Cartazes da III Feira Anarquista de São Paulo
Manifestações Estudantis no Chile (FotoArteRevolución/Chile)
Varal de Artistas Libertários
 
Rifa
Durante a Feira será vendida a rifa de um cartaz da CNT por R$2,00 e o vencedor será anunciado as 18h.
 
Comida
Ao longo do dia haverá comidas e bebidas à venda. (Ativismo ABC)
 
Dádiva
Um um espaço da dádiva e material anticonsumo (Fenikso Nigra e Barricada Libertária).
 
Organização:
 
Biblioteca Terra Livre
http://bibliotecaterralivre.noblogs.org
Caixa Postal 195
CEP: 01031-970 São Paulo, SP – Brasil
 

sábado, 27 de outubro de 2012

Mulheres Encarceradas: invisíveis para a Justiça

 
O Projeto "Mulheres Encarceradas", que contou com a atuação de 141 defensores públicos paulistas durante 1 ano e atendeu cerca de 11 mil mulheres presas no Estado, revelou uma triste realizadade: 7.493 (68%) detentas declararam que não tinham advogados constituídos.
Um caso revela o drama da mulher presa diante do descaso da Justiça paulista. Em Franco da Rocha, na grande São Paulo, cidade que não conta com sede da Defensoria Pública, mãe e filha acusadas de homicídio estavam presas há seis anos sem julgamento. Elas sempre argumentaram que agiram em legítima defesa, mas desde 2006 aguardavam uma data para o julgamento no Tribunal do Júri da cidade. Seis anos sem direito a uma defesa!
São mulheres pobres que não tem como se defender perante a Justiça e pagam penas antecipadas, antes mesmo de um julgamento. Além da discriminação institucionalizada, elas sofrem com a invisibilidade social da sua condição de mulher presa. Para elas, na prática, vigora o sistema de presunção de culpa quando, na letra da lei, a constituição garante presunção de inocência.
Provocado pela Defensoria Pública de SP, que precisou recorrer a Brasília, o Superior Tribunal de Justiça concedeu duas ordens de Habeas Corpus em favor de mãe e filha.
Tudo leva a crer que casos como esse não são exceções num país que, lamentavelmente, já ocupa a 4ª posição mundial em número de pessoasencarceradas, são cerca de 500 mil. Destes, 136 mil estão no Estado de São Paulo. Mulheres pobres engrossam essas trsites estatísticas.  

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

15 de outubro: um dia só é pouco!

 
O Brasil ainda não sai bem na foto quando o assunto é educação. Uma contradição para um país bem posicionado entre as maiores economias do mundo. A fotografia registra problemas diversos em todas as esferas, sobrando pra todo mundo. Não falta dinheiro, falta investimento direto na educação. Com razão, comemora-se toda vez que há avanços, correções históricas e se faz justiça na Educação no Brasil
Tomara que a chamada "nova classe média" não faça média na hora de escolher ano que vem a vaga nas instituições de ensino e exija também a qualidade que a educação pública tanto espera e quem dela depende, merece!
Na ponta do problema estão professores e professoras de instituições públicas que enfretam duras rotinas de sala em sala, escola em escola para equilibrar de um lado o ofício exigido da profissão e de outro as contas. Muitos se viram como podem ou como as condições permitem para exercerem a sua missão. Para outros, acrescenta-se exaustiva jornada de trabalho, deslocamentos e baixos salários. Ainda assim, não abandonam o posto e cumprem a sua missão, seu ofício, sua profissão. Um dia só é pouco para reverenciar quem na ponta faz o dia a dia da educação pública acontecer de verdade.

 

domingo, 14 de outubro de 2012

Sarau da Ocupa na Comunidade Mauá

 
Venha se aquecer no calor humano do Sarau da Ocupa, no centro nervoso de São Paulo. O povo tem um encontro marcado no domingo, dia 21 de outubro, às 17h, na Comunidade Mauá, que fica na Rua Mauá, nº 340, no Centro (ao lado da estação Luz de trem e metrô) pra celebrar a sabedoria popular no ritmo e poesia recitada alto e bom som.

O Sarau vai acolher quem acedita que uma cidade inclusiva e digna pra se viver é possível e ela se constrói também com muita luta, cultura, livros e poesia.
 
O Sarau também vai arrecadar livros pra Biblioteca, se você puder, doe livros de poesia, literatura, infantil e pra colorir. Só não fique de fora!
 
Não esqueça a sua letra, poesia, rima ou ideia. Se preferir escolha ou faça na hora, sem deixar o ritmo e a poesia caírem. Um banquete de livros vai ficar a disposição pra quem quiser conferir.

Afinal, a cultura é nossa!

É fogo

 
A notícia de que os vereadores membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) montada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar as causas dos incêndios em favelas são finaciados por empresas ligadas à construção civil e mais ao setor imobiliário, coloca sob suspeita sua funcionalidade. Em política, toda suspeita precisa ser investigada e esclarecida para não haver conflito de interesses. 
Juntos, os membros da comissão teriam recebido na eleição de 2008 mais de 782 mil reais de doações de empresas ligadas à construção civil e ao setor imobiliário. As doações em dinheiro não pararam na última eleição municipal. O presidente da CPI Ricardo Teixeira é o campeão de arrecadações desde 2008.
A CPI mais parece um jogo de cartas marcadas. Veja quem são os vereadores membros da CPI dos Incêndios em Favelas: Ushitaro Kamia (PSD), Toninho Paiva (PR),  Anibal de Freitas (PSDB), Edir Sales (PSD), Ricardo Teixeira (PV),
Além da Associação Imobiliária Brasileira (AIB), fizeram doações as empreiteiras Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Carioca Christiani Nielsen, UTC e WTorre, entre outras.
Talvez seja por isso que a CPI não anda. Contudo, a próxima reunião da CPI está marcada para acontecer em 17 de outubro. Com a eleição para vereadores já decidida, às chances da CPI chegar a algum resultado é nula.
Enquanto isso, sobram perguntas e nenhuma resposta.

No Itaim Paulista, Favela Toma Conta no Dia das Crianças

Ruivo Lopes e o time de poetas Suburbano Convicto
 
Um Dia das Crianças muito especial. Foi assim a 26ª edição do Favela Toma Conta realizado no último dia 12 de outubro no Itaim Paulista, na zona leste de SP. Pelo nono ano consecutivo o evento é realizado no Dia das Crianças. No comando da locomotiva cultural estavam Alessandro Buzo, Tubarão Du Lixo e toda família Suburbano Convicto.
O tempo fechado não desanimou o público que compareceu em peso ao evento que desde 2004 reverencia o Hip Hop nacional. Foi muito bonito ver crianças, jovens e adultos ligados em cada palavra que saia dos alto-falantes e vidrados no palco. Emocionante ver uma quantidade enorme de crianças coladas no palco e que vez e outra roubavam a cena, afinal, aquilo tudo era pra elas. A presença das mães também foi muito grande. Vi e ouvi muitas cantando junto com o Dexter a versão dele para Mágico de Óz, um clássico dos Racionais MCs de 1997.
Vi em primeira mão a gravação de uma cena do Profissão MC 2, dirigido pelo Alessandro Buzo, que também atua no filme ao lado de Dexter, Emicida e grande elenco. O bonde do Buzo não para!

Negro Panta, Ruivo Lopes, Alessandro Buzo, WL e Rafael Marques

A programação tava chapada! Os grandes que me desculpem, mas MC Cauam é o elo de gerações do rap. Ninguém segurava a criançada na hora de distribuir doces, brinquedos, livros e cds.
"O futuro do Hip Hop está aqui!", disse Dexter depois de presentear com seu disco uma criança que aparentava menos de dez anos de idade. "Ouve aí e canta rap", aconselhou o rapper que se apresentou para o fechamento do evento.
Depois de uma maratona de idas e vindas, baldeações de metrô, trêm e ônibus, cheguei no Favela Toma Conta a tempo de compor o time de poetas do Sarau Suburbano e compartilhei com quem tava presente um poema meu disparado alto e bom som. De longe, eu já ouvia a voz do Tubarão du Lixo anunciado poetas e disparando seu poema.
Em meio a onda de terror e assassinatos nas periferias da cidade, no interior e na Grande São Paulo, denunciada também nos falantes, o Favela Toma Conta no Dia das Crianças deu exemplo de que a coletividade da Cultura de Rua do Hip Hop continua viva, promovendo e salvando vidas por um mundo melhor.
Em outras partes da cidade, coletivos realizaram ações culturais pra marcar o Dia das Crianças de um jeito bem diferente do consumo e da comercialização de produtos a que a data infelizmente remete. Foi o caso dos coletivos Elo da Corrente, Sarau Poesia na Brasa, do Sarau da Ocupa (Sarauzinho), Pensamento Negro, toda  rapaziada e moçada que mora e que apóia às ocupações de moradia na região central, etc, que com criatividade coloriram, musicaram, leram, adocicaram e presentearam as crianças com um dia muito especial.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sarau dos Mesquiteiros: poesia, ação social, cultura periférica e consciência política


 
O Sarau dos Mesquiteiros é neste sábado (29), às 17 horas. Além da poesia e da música de Lika Rosa correrem soltas, o Sarau vai acolher o bate-papo Cultura de Periferia e Consciência Política. Vai ser um prazer participar do debate lado a lado com Alessandro Buzo (Suburbano Convicto), Michel Yakini (Elo da Corrente), que também vão lançar seus livros Profissão MC e Acorde um Verso respectivamente.
Por favor, não esqueça as doações de alimentos não perecíveis e produtos de higiene pessoal para o o Lar Vicentino que abriga idosos!

Acesse os links e mergulhe na informação.
 
Vem com nóis... porque afinal a cultura é nossa e presença é fudamental!
 

domingo, 23 de setembro de 2012

São Paulo: a cidade partida que só interessa à elite

O urbanista de SP é o capital
 
A região central de São Paulo não deve ser nem melhor nem pior do que qualquer outra região da cidade. A histórica concentração política e econômica na região fez com que o centro se afastasse cada vez mais das diferentes realidades da cidade. A história é uma velha conhecida e não é muito diferente de outros grandes centros urbanos do Brasil.
Durante anos, o centro foi se isolando da cidade. O acelerado processo de urbanização promovido pela elite branca paulistana privilegiou a região outrora habitada por famílias patrimoniais que detinham o poder político e econômico e os usavam para favorecer sua confortável permanência na região.
Os negros e os mais pobres que também moravam na região eram os que movimentavam o cotidiano e a econômica informal da época (vendedores ambulantes, engraxates, carregadores, empregadas domésticas, e toda sorte de serviços, etc.), foram sendo expulsos ao longo do processo de urbanização e sem alternativa foram habitar e ocupar outras regiões mais afastadas do centro onde não pagariam ou pagariam pouco para morar. Porém eles ficariam a margem da infra-estrutura de que já dispunha o centro e em alguns casos a margem até da própria cidade. Este processo de urbanização também é permeado pelo racismo, discriminação e preconceito das elites paulistanas em relação à população, denunciado em conhecidos sambas de negros perseguidos e presos pela repressão policial.
 
Gente diferenciada: vale + o interesse da elite ou a necessidade do povo?
 

A situação piorou quando a elite paulistana a partir de meados do século XX não contente com sua concentração política e econômica em São Paulo aventurou-se na concentração política e econômica da região sudeste do país e também assumir para si a arrogância de querer ser a "locomotiva" chefe do Brasil. São conhecidas até hoje sua disputa política e econômica na região com as elites de Minas Gerais e Rio de Janeiro e o preconceito da elite paulistana com o Nordeste brasileiro e seu povo, por exemplo.
A concentração de dinheiro na cidade de São Paulo não significou oportunidade para os mais pobres daqui e vindos de outras partes do país, responsáveis pelo trabalho que fez de São Paulo a cidade que ela é hoje.
Acontece que a elite paulistana sempre foi adepta de um egoísmo descartável e logo foi abandonando alguns bairros da região central e mudando-se para outros bairros onde moradia e infra-estrutura pudesse ser uma exclusividade sua, fazendo do espaço da cidade uma porção de mercadoria muito cara.  Exclusividade é marca característica da elite paulistana.
Com isso, os mais pobres voltaram a morar na porção abandonada pela elite numa condição de completo abandono e fazendo uso de uma infra-estrutura já defasada sem nenhuma adequação ou interesse por parte do poder público. São conhecidos os casarões que neste momento se tornaram abrigo para muitas famílias, também conhecidos como cortiços, muitos existentes até hoje.
 
O comodismo é um mal parasitário
 

A cartilha mudou, mas a história é a mesma. Hoje a região central é um espaço em disputa permanente onde os mais pobres estão novamente sendo expulsos pela elite paulistana detentora do poder político e econômico que domina a cidade. Essa elite tem novas caras, siglas e logomarcas, mas é a mesma. Ela foi forjada na ideia de que a cidade é partida de forma desigual e assim deve ser tratada. Ela promove uma orgia sem precedentes entre o interesse público e o privado. Embora na região central sempre houvesse desigualdades, pobreza e precariedades entre seus habitantes, foi a elite paulistana que criou a ideia de centro como espaço dotado de exclusividade, deixando a periferia a margem durante anos. Hoje, a elite paulistana quer também a periferia. Como não perdeu o vício, ela pretende descartá-la depois de usá-la. Se isso acontecer, ano que vem nem o centro estará na periferia, nem a periferia estará no centro. A cidade continuará partida e sofrendo graves conseqüências do aprofundamento das desigualdades. 
 
[Fotos: Ruivo Lopes]

sábado, 22 de setembro de 2012

Moinho: negligência e descaso em mais um incêndio na favela

Em carta aberta, moradores da Favela do Moinho, no Campos Elíseos, na região central, relatam sua frustração com a Prefeitura de São Paulo que não cumpriu o acordo de atendimento habitacional assinado em dezembro de 2011 entre Secretaria da Habitação (SEHAB), Defensoria Pública, Ministério Público e Escritório Modelo da PUC-SP.



Nove meses depois do incêndio que queimou mais de 400 casas na Favela do Moinho, o fogo voltou e novamente consumiu no último dia 17 parte das casas e também uma vida.



Diante do descaso, a Associação de Moradores do Moinho já confirmou presença na próxima reunião da CPI dos Incêndios em Favelas, inoperante até o momento, marcada para o dia 26, quarta-feira, às 12h, na Câmara Muncipal de SP (Viaduto Jacareí, nº 100, 8º andar, Sala Tiradentes) exigir explicação dos vereadores sobre as dúvidas que pairam sobre as verdadeiras causas dos incêndios recentes nas favelas localizadas em áreas de grande interesse do rico setor imoliário da cidade. Leia a Carta Aberta dos Moradores do Moinho.


Fogo no barraco

O número de investigação policial sobre os incêndios em favelas de São Paulo é muito pequeno. Apenas 1/3 dos incêndios registrados são investigados e não se tem notícia de esclarecimento algum sobre a origem ou autoria do incêndio. Um sítio na internet reuniu informações quentes sobre vários desses incêndios e disponibilizou com o nome de Fogo no Barraco. Pelo mapa, ocorrências de incêndios em favelas já foram registradas em todas as regiões da cidade. Os incêndios seguem a valorização de áreas de interesse imobiliário nos bairros.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Mostra Cultural De Fora para Dentro: uma ocupação poética



Semanas antes da notícia do possível despejo das famílias que moram na Ocupação São João, um grupo de funcionários da Escola do Parlamento da Câmara Muncipal de São Paulo, sensibilizados com o drama vivido pelos sem teto, fizeram um convite pra que se realizasse no Parlamento Municipal, também chamado de Casa do Povo, uma ocupação cultural que reproduzisse a criativa movimentação cultural que acontece na Ocupação, totalmente à margem da programação cultural que domina a Cidade.


O compromisso coletivo assumido com a organização da 1º Mostra Cultural De Fora para Dentro – Uma ocupação poética da CMSP (confira a programação completa)seguiu-se mesmo sob a ameaça de despejo das famílias, o que parecia pra todo mundo envolvido uma enorme contradição. Despejadas pelo descaso das autoridades por um lado e recebidas no Parlamento do outro! No momento, o fantasma do despejo se afastou da Ocupação São João, mas ele continua assombrando a redondeza.


Há luz no fim do túnel! É hora de mudar a voz... e denunciar a cidade que está de mal consigo mesma! Chegou a hora de ser a voz... e anunciar a cidade mais justa que queremos! Moradia digna e cultura à margem estarão no centro da Mostra pra ser a voz e a cara da vez!


Na sexta-feira, dia 14, às 14h, vai acontecer mais uma edição do Ciclo de Debates "Pensando São Paulo" Habitação e Revitalização do Centro (Plenário 1º de Maio). Debatedores, dentre outros, Raquel Rolnik – Urbanista/USP e Relatora Internacional do Direito à Moradia da ONU; e Kazuo Nakamo – Urbanista/USP e Presidente do Instituto Polis.




No mesmo dia às 19h30, vai acontecer o Sarau da Ocupa (Plenário Externo Freitas Nobre) e convidamos você pra recitar com a gente a cidade que queremos pra viver!


A organização e realização da Mostra não tem vínculo com campanhas, gabinetes, mandatos ou partidos políticos!


Porque afinal, a cultura é nossa!

domingo, 2 de setembro de 2012

Tenda Literária: literatura como libertação


Aconteceu neste sábado (1º), mais uma edição do Tenda Literária, ação cultural realizada em espaços públicos para debater literatura popular, disparar poemas e trocar ideia. O tema desta edição foi Literatura como Libertação. Lá pude contribuir para a troca de ideia e ainda pedir assinaturas para o abaixo-assinado contra o despejo das famílias da Ocupação São João, onde também acontece, o Sarau da Ocupa e outras ações culturais. Estavam presentes várias pessoas com livros já publicados como Rodrigo Ciríaco, Ni Brisant, Victor Rodrigues, Sacolinha e muita gente pra participar e apreciar o bate papo, a apresentação da Lika Rosa e o Sarau. Uma esteira de livro estava a disposição pra quem quisesse conferir. Tudo isso foi registrado pela equipe do SP Cultura comandada por Alessandro Buzo. Até aí, tudo bem. Não fosse a subprefeitura de Ermelino Matarazzo, na zona leste de SP, proibir que a Tenda Literária acontecesse numa praça ali perto. Apesar da proibição, a ação aconteceu na calçada e foi encerrada com um cortejo cultural com a trupe do Circo do Balaio até o local onde a Tenda ficaria instalada e lá, para a tristeza geral, realizou-se o enterro da praça.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sarau da Ocupa: uma cidade inclusiva e digna pra se viver é possível com muita luta, cultura, livros e poesia!


Venha se aquecer no calor humano do Sarau da Ocupa, no centro nervoso de São Paulo. O povo tem um encontro marcado na quarta-feira, dia 5 de setembro, a partir das 19h30, na Avenida São João, nº 588 (próximo a Galeria Olido), pra celebrar mais uma vez a sabedoria popular no melhor estilo ritmo e poesia que já se ouviu na praça.


Nesta noite, o Sarau vai acolher quem acedita que uma cidade inclusiva e digna pra se viver é possível e ela se constrói também com muita luta, cultura, livros e poesia.

O Sarau também vai arrecadar alimentos pras famílias sem teto. Então, traga 1kg de alimento não perecível pra doação. E não fique de fora!

Não esqueça a sua letra, poesia, rima ou ideia. Se preferir escolha ou faça na hora, sem deixar o ritmo e a poesia caírem. Em noite de Sarau, um banquete de livros é servido e fica sempre a disposição. Pode somar porque é tudo gente da gente, é tudo gente como a gente!


Pra você que perdeu, assista, agora na internet, o SP Cultura, quadro apresentado por Alessandro Buzo, no SPTV 1ª Edição, sobre o Sarau da Ocupa.

Confira quem passou pelo último Sarau da Ocupa na noite em que o escritor Sacolinha chegou pro lançamento do seu mais novo livro Manteiga de Cacau.

O escritor Sacolinha lançou seu mais novo livro Manteiga de Cacau

Calor humano pela presença no Sarau

Eu, Landy e Sacolinha no Sarau da Ocupa

 
Afinal, a cultura é nossa!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Ocupação São João precisa de você!



Enquanto morar for privilégio de poucos,
ocupar é um direito de muitos!

Salve, salve todo mundo que um dia chegou na Ocupação São João, e nestes quase dois anos de existência e resistência contribuiu com o calor da presença e participou de alguma das atividades, declamou no sarau, fez doações de alimentos, roupas ou livros, assistiu filmes, coloriu paredes, imprimiu personagens que ganharam vida no espaço, registrou a graça da vida em intenso movimento, realizou oficinas de artes, música, teatro e cuidado com a saúde, documentou em videos muitos momentos únicos, fez trabalhos universitários e reportagens, se emocionou com os depoimentos da gente simples e cheia de coragem que mora lá, arrancou um sorriso, riu junto e também chorou com as crianças que dão uma alegria especial para o lugar, ajudou a limpar o espaço para se reconhecer nele todo dia, a organizar as festas, enfeitar o lugar como se cuidasse de sí, que fez coro e tomou para si o lema "quem não luta, tá mort@!" caminhou com as pessoas sem teto pelas ruas do centro da cidade exigindo o cumprimento do direito fundamental a moradia digna... esta mensagem é pra você!
Neste momento, a Ocupação São João está sob ameaça de despejo. Uma primeira reunião aconteceu com as partes envolvidas sem que Prefeitura e proprietário oferecessem qualquer alternativa viável para as famílias que hoje vivem no imóvel ocupado. Uma nova reunião está marcada para o dia 5 de setembro com o objetivo de se chegar a um acordo que não prejudique as famílias, as crianças matriculadas nas escolas e quem hoje trabalha na região. Mesmo com a reunião marcada, a Justiça já sinalizou uma data para o possível despejo das famílias sem teto, o dia 11 de setembro.

Não temos muito tempo! A Ocupação São João precisa de você!

Baixe aqui o abaixo-assinado para ser entregue à Justiça paulista solicitando que a liminar de despejo das 85 famílias seja revogada e que o direito a moradia digna possa prevalecer sobre o endividamento e o abandono do imóvel. Hoje, as famlías que ocupam o imóvel dão a ele a função social de moradia que merece.

Imprima o abaixo-assinado, tire cópias, envie por email e recorra a solidariedade da sua rede de contato (saraus, escolas, faculdades, universidades, na rua ou em qualquer outro lugar). As listas assinadas poderão ser entregues na Ocupação São João, na Avenida São João, nº 588, no Centro de SP, até o dia 2 de setembro.

A solidariedade reside na mobilização!

Solidarize-se e mobilize-se!