sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sarau dos Mesquiteiros: poesia, ação social, cultura periférica e consciência política


 
O Sarau dos Mesquiteiros é neste sábado (29), às 17 horas. Além da poesia e da música de Lika Rosa correrem soltas, o Sarau vai acolher o bate-papo Cultura de Periferia e Consciência Política. Vai ser um prazer participar do debate lado a lado com Alessandro Buzo (Suburbano Convicto), Michel Yakini (Elo da Corrente), que também vão lançar seus livros Profissão MC e Acorde um Verso respectivamente.
Por favor, não esqueça as doações de alimentos não perecíveis e produtos de higiene pessoal para o o Lar Vicentino que abriga idosos!

Acesse os links e mergulhe na informação.
 
Vem com nóis... porque afinal a cultura é nossa e presença é fudamental!
 

domingo, 23 de setembro de 2012

São Paulo: a cidade partida que só interessa à elite

O urbanista de SP é o capital
 
A região central de São Paulo não deve ser nem melhor nem pior do que qualquer outra região da cidade. A histórica concentração política e econômica na região fez com que o centro se afastasse cada vez mais das diferentes realidades da cidade. A história é uma velha conhecida e não é muito diferente de outros grandes centros urbanos do Brasil.
Durante anos, o centro foi se isolando da cidade. O acelerado processo de urbanização promovido pela elite branca paulistana privilegiou a região outrora habitada por famílias patrimoniais que detinham o poder político e econômico e os usavam para favorecer sua confortável permanência na região.
Os negros e os mais pobres que também moravam na região eram os que movimentavam o cotidiano e a econômica informal da época (vendedores ambulantes, engraxates, carregadores, empregadas domésticas, e toda sorte de serviços, etc.), foram sendo expulsos ao longo do processo de urbanização e sem alternativa foram habitar e ocupar outras regiões mais afastadas do centro onde não pagariam ou pagariam pouco para morar. Porém eles ficariam a margem da infra-estrutura de que já dispunha o centro e em alguns casos a margem até da própria cidade. Este processo de urbanização também é permeado pelo racismo, discriminação e preconceito das elites paulistanas em relação à população, denunciado em conhecidos sambas de negros perseguidos e presos pela repressão policial.
 
Gente diferenciada: vale + o interesse da elite ou a necessidade do povo?
 

A situação piorou quando a elite paulistana a partir de meados do século XX não contente com sua concentração política e econômica em São Paulo aventurou-se na concentração política e econômica da região sudeste do país e também assumir para si a arrogância de querer ser a "locomotiva" chefe do Brasil. São conhecidas até hoje sua disputa política e econômica na região com as elites de Minas Gerais e Rio de Janeiro e o preconceito da elite paulistana com o Nordeste brasileiro e seu povo, por exemplo.
A concentração de dinheiro na cidade de São Paulo não significou oportunidade para os mais pobres daqui e vindos de outras partes do país, responsáveis pelo trabalho que fez de São Paulo a cidade que ela é hoje.
Acontece que a elite paulistana sempre foi adepta de um egoísmo descartável e logo foi abandonando alguns bairros da região central e mudando-se para outros bairros onde moradia e infra-estrutura pudesse ser uma exclusividade sua, fazendo do espaço da cidade uma porção de mercadoria muito cara.  Exclusividade é marca característica da elite paulistana.
Com isso, os mais pobres voltaram a morar na porção abandonada pela elite numa condição de completo abandono e fazendo uso de uma infra-estrutura já defasada sem nenhuma adequação ou interesse por parte do poder público. São conhecidos os casarões que neste momento se tornaram abrigo para muitas famílias, também conhecidos como cortiços, muitos existentes até hoje.
 
O comodismo é um mal parasitário
 

A cartilha mudou, mas a história é a mesma. Hoje a região central é um espaço em disputa permanente onde os mais pobres estão novamente sendo expulsos pela elite paulistana detentora do poder político e econômico que domina a cidade. Essa elite tem novas caras, siglas e logomarcas, mas é a mesma. Ela foi forjada na ideia de que a cidade é partida de forma desigual e assim deve ser tratada. Ela promove uma orgia sem precedentes entre o interesse público e o privado. Embora na região central sempre houvesse desigualdades, pobreza e precariedades entre seus habitantes, foi a elite paulistana que criou a ideia de centro como espaço dotado de exclusividade, deixando a periferia a margem durante anos. Hoje, a elite paulistana quer também a periferia. Como não perdeu o vício, ela pretende descartá-la depois de usá-la. Se isso acontecer, ano que vem nem o centro estará na periferia, nem a periferia estará no centro. A cidade continuará partida e sofrendo graves conseqüências do aprofundamento das desigualdades. 
 
[Fotos: Ruivo Lopes]

sábado, 22 de setembro de 2012

Moinho: negligência e descaso em mais um incêndio na favela

Em carta aberta, moradores da Favela do Moinho, no Campos Elíseos, na região central, relatam sua frustração com a Prefeitura de São Paulo que não cumpriu o acordo de atendimento habitacional assinado em dezembro de 2011 entre Secretaria da Habitação (SEHAB), Defensoria Pública, Ministério Público e Escritório Modelo da PUC-SP.



Nove meses depois do incêndio que queimou mais de 400 casas na Favela do Moinho, o fogo voltou e novamente consumiu no último dia 17 parte das casas e também uma vida.



Diante do descaso, a Associação de Moradores do Moinho já confirmou presença na próxima reunião da CPI dos Incêndios em Favelas, inoperante até o momento, marcada para o dia 26, quarta-feira, às 12h, na Câmara Muncipal de SP (Viaduto Jacareí, nº 100, 8º andar, Sala Tiradentes) exigir explicação dos vereadores sobre as dúvidas que pairam sobre as verdadeiras causas dos incêndios recentes nas favelas localizadas em áreas de grande interesse do rico setor imoliário da cidade. Leia a Carta Aberta dos Moradores do Moinho.


Fogo no barraco

O número de investigação policial sobre os incêndios em favelas de São Paulo é muito pequeno. Apenas 1/3 dos incêndios registrados são investigados e não se tem notícia de esclarecimento algum sobre a origem ou autoria do incêndio. Um sítio na internet reuniu informações quentes sobre vários desses incêndios e disponibilizou com o nome de Fogo no Barraco. Pelo mapa, ocorrências de incêndios em favelas já foram registradas em todas as regiões da cidade. Os incêndios seguem a valorização de áreas de interesse imobiliário nos bairros.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Mostra Cultural De Fora para Dentro: uma ocupação poética



Semanas antes da notícia do possível despejo das famílias que moram na Ocupação São João, um grupo de funcionários da Escola do Parlamento da Câmara Muncipal de São Paulo, sensibilizados com o drama vivido pelos sem teto, fizeram um convite pra que se realizasse no Parlamento Municipal, também chamado de Casa do Povo, uma ocupação cultural que reproduzisse a criativa movimentação cultural que acontece na Ocupação, totalmente à margem da programação cultural que domina a Cidade.


O compromisso coletivo assumido com a organização da 1º Mostra Cultural De Fora para Dentro – Uma ocupação poética da CMSP (confira a programação completa)seguiu-se mesmo sob a ameaça de despejo das famílias, o que parecia pra todo mundo envolvido uma enorme contradição. Despejadas pelo descaso das autoridades por um lado e recebidas no Parlamento do outro! No momento, o fantasma do despejo se afastou da Ocupação São João, mas ele continua assombrando a redondeza.


Há luz no fim do túnel! É hora de mudar a voz... e denunciar a cidade que está de mal consigo mesma! Chegou a hora de ser a voz... e anunciar a cidade mais justa que queremos! Moradia digna e cultura à margem estarão no centro da Mostra pra ser a voz e a cara da vez!


Na sexta-feira, dia 14, às 14h, vai acontecer mais uma edição do Ciclo de Debates "Pensando São Paulo" Habitação e Revitalização do Centro (Plenário 1º de Maio). Debatedores, dentre outros, Raquel Rolnik – Urbanista/USP e Relatora Internacional do Direito à Moradia da ONU; e Kazuo Nakamo – Urbanista/USP e Presidente do Instituto Polis.




No mesmo dia às 19h30, vai acontecer o Sarau da Ocupa (Plenário Externo Freitas Nobre) e convidamos você pra recitar com a gente a cidade que queremos pra viver!


A organização e realização da Mostra não tem vínculo com campanhas, gabinetes, mandatos ou partidos políticos!


Porque afinal, a cultura é nossa!

domingo, 2 de setembro de 2012

Tenda Literária: literatura como libertação


Aconteceu neste sábado (1º), mais uma edição do Tenda Literária, ação cultural realizada em espaços públicos para debater literatura popular, disparar poemas e trocar ideia. O tema desta edição foi Literatura como Libertação. Lá pude contribuir para a troca de ideia e ainda pedir assinaturas para o abaixo-assinado contra o despejo das famílias da Ocupação São João, onde também acontece, o Sarau da Ocupa e outras ações culturais. Estavam presentes várias pessoas com livros já publicados como Rodrigo Ciríaco, Ni Brisant, Victor Rodrigues, Sacolinha e muita gente pra participar e apreciar o bate papo, a apresentação da Lika Rosa e o Sarau. Uma esteira de livro estava a disposição pra quem quisesse conferir. Tudo isso foi registrado pela equipe do SP Cultura comandada por Alessandro Buzo. Até aí, tudo bem. Não fosse a subprefeitura de Ermelino Matarazzo, na zona leste de SP, proibir que a Tenda Literária acontecesse numa praça ali perto. Apesar da proibição, a ação aconteceu na calçada e foi encerrada com um cortejo cultural com a trupe do Circo do Balaio até o local onde a Tenda ficaria instalada e lá, para a tristeza geral, realizou-se o enterro da praça.