terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Um desaparecido na boca do povo



O ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43 anos, foi abordado por policiais militares numa noite de domingo, 14 de julho, na porta de um boteco, na favela da Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro, e levado para a sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), que fica na mesma favela. Nunca mais foi visto.
 
No dia anterior, a secretaria de segurança havia dado início a “Operação Paz Armada”, que levou 300 policiais a ocuparem militarmente a Rocinha. Como de costume, os policiais esculacharam a favela. 

O governador Sergio Cabral e o secretário de segurança José Beltrame vinham sendo cada vez mais pressionados pelas manifestações que tomaram as ruas do Rio, marcada pela violência característica das policias cariocas. A arrogância e a indiferença tradicional de ambos fizeram com que o desaparecimento do Amarildo fosse a gota d’água para derramar nas ruas do Rio, do Brasil e do mundo uma violência policial direcionada a pretos, pobres e moradores de favelas.  

Nas manifestações iniciadas em São Paulo, intensificadas nas capitais e que ganhou as ruas de praticamente todo o país, o rosto de um trabalhador preto, pobre e morador de uma das maiores favelas do Brasil, emergia em cartazes que exibiam a pergunta até hoje sem resposta: “Cadê o Amarildo?”.

O décimo segundo filho de uma empregada doméstica e um pescador, o ajudante de pedreiro, magro e de estatura mediana, que ganhou o apelido de boi por carregar sacos de cimento favela acima, era pai de seis filhos e morava  com a mulher num barraco de apenas um cômodo na Rocinha, favela onde nasceu e desapareceu. Sustentava a família com menos de um salário mínimo pelo trabalho e bicos que fazia. Quando Amarildo foi visto com vida pela última vez, sendo levado pelos policiais militares, ele estava sem camisa, vestia bermuda, calçava chinelos e portava documentos.

O nome e o rosto do Amarildo rapidamente viraram palavras de ordem viral nas ruas e nas redes virtuais. Ele teve sua história contada nos principais veículos de comunicação. Amarildo se tornou o desaparecido que virou celebridade pelo avesso, aquela que ninguém deseja, e dividiu o noticiário nacional com o Papa de passagem pelo país. “Cadê o Amarildo?”, foi a pergunta mais repetida do ano e obrigou o governo a apresentar uma meia verdade, já que o corpo continua desaparecido.

Amarildo era um cabra marcado para morrer na mão dos policiais militares. Segundo o depoimento dos próprios policiais, ele foi torturado até a morte ao lado da base da UPP. Vinte e cindo policiais foram denunciados, por ação e omissão, treze foram presos e outros doze ainda respondem em liberdade. Até o momento, ninguém revelou o destino do corpo que continua ocultado pelo manto da violência institucional, uma chaga que ainda marca o país.  

Amarildo é o desaparecido que caiu na boca do povo em 2013. Como toda família de alguém desaparecido, a de Amarildo aguarda o paradeiro do corpo. Se não for esquecido, Amarildo poderá evitar que outros desaparecimentos forçados aconteçam silenciosamente pelo Brasil afora. 

 Amarildo Presente na favela do Moinho (SP)

Encerro a transmissão de 2013 por aqui, renovado por um profundo desejo de paz e justiça pra todo mundo em 2014. O resto é consequência. 

Nos vemos por aí, nas ruas e nas rodas de poesia!

Missão cumprida: rumo a terceira edição do Festival do Filme Anarquista e Punk de SP



Sarau Sangue, Suor e Poesia Libertária na abertura do II Festival do Filme Anarquista e Punk de São Paulo, realizado nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, no Centro Anarquista Ação Direta, no Brás, zona leste. Veja os registros de Elaine Campos e fique por dentro de tudo o que aconteceu nos três dias. Nos vemos em 2014, na terceira edição do Festival.
Leia a íntegra da nota da comissão organizadora do Festival aqui: anarcopunk.org/festival 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Coletivo Malungo lança cd e documentário sobre ensino de história afro-brasileira e africana para escolas de SP


Malungo: não deixe sua cor passar em branco

Taí o zine Malungo do projeto Não deixe sua cor passar em branco, que reuniu em 2013 poetas, repers e músicos comprometidos com o ensino de história da cultura afro-brasileira e africana. No projeto, faço uma participação nos versos e na rima do anarco-reper Avelino Regicida, na faixa Motim. Também fazem compõe o projeto Daniel Fagundes, Robsoul, Apologia Groove, Razallfaya e Semblantes. Em breve, o material será impresso com o nome de Cadernos Africanidades e será acompanhado de cd com músicas e documentário e distribuído em encontros educativos nas escolas públicas de São Paulo. Enquanto isso, curta a página no facebook do Coletivo Malungo e acompanhe as novidades!
Mais informações com Juliano, Kleber ou Lili: malungoprojeto@gmail.com

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

II Festival do Filme Anarquista e Punk de SP: cultura e arte política na contramão da produção do esquecimento!



A ideia continua sendo simples e direta: realizar um Festival dedicado a exibições de filmes, sobretudo documentários, recentes, criados principalmente por anarquistas e punks de várias partes do mundo. Como se isso não bastasse, inclui-se também na programação criações que abordam diversas temáticas sociais sob um olhar crítico e libertário. Círculos de conversa, oficinas, declamação de poemas e exposições artísticas completam a programação.

Herdeiro de uma cultura e arte política libertária comprometida com a classe trabalhadora e com qualquer outro grupo social historicamente marginalizado, excluído e injustiçado pela classe dominante e sua ideologia hegemônica, o Festival é apenas uma pequena amostra de como o audiovisual tem sido uma importante ferramenta de propaganda das idéias, agitações, estéticas e imaginações libertárias. No Brasil e no mundo, pequenas salas, muros, botecos, praças, campos de várzea, becos, vielas, lajes, sob um teto ou ao ar livre, cineclubes fazem exibições, realizam festivais e afirmam a presença anarquista também no contra-cinema comercial.

A maioria dos filmes e documentários que serão exibidos no Festival foi concebida de forma autônoma e independente. Munidos de tecnologia acessível e barata, muitos filmes são frutos do lema faça você também! e nem por isso perdem em qualidade estética. Não são filmes neutros nem filmes óbvios. Embora cada um deles apresente um compromisso com a história de anarquistas e lutadores/as movidos por um profundo desejo de justiça social em momentos e contextos diferentes. Aqui, não vale apenas ter “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”. É preciso ter a coragem de inserir na história e no imaginário social, narrativas, enredos, ações e personagens que a filmografia oficial faz questão de apagar. Neste sentido, o Festival coloca-se na contramão da produção do esquecimento na qual o cinema comercial está comprometido.

A repercussão do primeiro Festival realizado em 2012 foi tão positiva que muitas propostas surgiram antes mesmo de circular as inscrições para esta segunda edição. A quantidade de filmes aumentou depois que as inscrições foram abertas, novamente com produções feitas no Brasil, América Latina e outras partes do mundo. Da primeira para a segunda edição algo que nos chama a atenção é a quantidade de novos proponentes, que não inscreveram filmes no ano anterior e, sendo assim, são estreantes no Festival. Por um lado, o farto material reunido exigiu que a comissão estabelecesse critérios de exibição e organização da programação, e por outro, confirmou que o Festival veio mesmo para ficar!

Para esta segunda edição, o Festival preparou uma programação que vai ocupar três noites e dois dias. Na sexta tem a abertura com declamação de poemas, rap e apresentação das exposições e sábado e domingo tem exibições, círculos de conversas e oficinas, repetindo a edição anterior. Ao todo, serão exibidos 33 filmes, divididos em documentários, animações, vídeo-poesias e experimentais, longas, curtas. Além disso, quatro círculos de conversa, duas oficinas e quatro exposições permanentes. Títulos, sinopses, país de origem e ficha técnica estão disponíveis logo a seguir neste catálogo.

Durante todo o Festival, vai funcionar uma feira de livros anarquistas, libertários e publicações independentes, DVDs, discos, camisetas, acessórios e lanches veganos.

Há mais de um século o anarquismo vem alimentando a possibilidade de um mundo mais justo e igualitário no qual não caiba nenhum tipo de opressão. E há pouco mais de um século acontecia também a primeira exibição pública de um filme. O mundo nunca mais foi o mesmo depois do anarquismo e dos filmes. Ainda não sabemos se é possível um cinema anarquista. Os filmes que serão exibidos neste Festival apontam alguns caminhos. E como a história ainda não chegou ao seu fim, seguimos rumo a estação liberdade!

Do Morro Produções, AnarcoFilmes & Imprensa Marginal
Apoio: Centro Anarquista Ação Direta 


PROGRAMAÇÃO RESUMIDA

SEXTA, 13 DE DEZEMBRO

A partir das 19hs | ABERTURA

* Exibição de curta-metragem panorama do Festival 
 
* Sarau “Sangue, Suor e Poesia Libertária”

 
* Apresentação de Juntas na Luta (rap feminista)


* Abertura das exposições de fotografia de Marina Knup, desenhos de Kika, Nanu Alves e quadros de Juliano Angelin

* * *

SÁBADO, 14 DE DEZEMBRO

A partir das 11:00 | Oficina de produção audiovisual, com Coletivo Rua de Fazer  Inscrições pelo email festival@anarcopunk.org

SALA 1
14:15 | Una parte de la historia del rock y las culturas subterraneas en Tucumán y Argentina
e curta: Harina Acrata

15:30 | Sessão temática: De TIPNIS ao Santuário dos Pajés
17:00 | Rede Extremo Sul + O Muro da Vergonha
18:00 | Com Vandalismo
e curtas (A)Partidários e Anarcovândalos em Townsville
seguido de debate com Ativismo ABC, Biblioteca Terra Livre e Rede Extremo Sul


SALA 2
14:00 | Bibliotecas em Espaços Autônomos: Biblioteca Terra Livre
14:20 | Sessão Guerra Civil Espanhola – seguido de debate com Biblioteca Terra Livre
16:30 | A Voz do Trabalhador Livre: As Judias Anarquistas
17:45 | Squat Pantano Revida – O Filme
20:00 | Exibição do vídeo produzido na oficina de audiovisual, por Coletivo Rua de Fazer

ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA
21:00 | Apresentação teatral: Trupe da Lona Preta

* * *

DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO

A partir das 11:00 | Oficina de Câmera Pinhole com Renato (Coletivo Cultive Resistência) Inscrições pelo email festival@anarcopunk.org
* é necessário levar filme fotográfico

SALA 1
14:00 | Dos Canibais
15:00 | I Ruas de Fazer – Jardim Bandeirantes, Começou a Luta
e curtas: CICAS e Janela

16:00 | ESTRÉIA | 4F – Nem Esquecimento, Nem Perdão
18:10 | Conspirando Gritos Libertários
e curtas: Carne Perro e Caracas en Moto

19:20 | Beyond The Screams
e curta: Educatio, Omnis


SALA 2
14:30 | Sessão Encontro Ciclovida
Seguido de conversa com Coletivo Sem Nome

16:30 | Caminhada Anarcológica JF e Aos Berros: Movimento Punk em Juíz de Fora
18:00 | Feminismo Negro Contado em Primeira Pessoa
e curta: Negra Lésbica
Seguido de debate com Do Morro Produções, realizadoras e participantes dos filmes

Confira a programação detalhada aqui: http://issuu.com/anarcopunkorg/docs/catalogo_baixa?e=0
Maiores informações: www.anarcopunk.org

Agendaí 
Festival do Filme Anarquista e Punk de São Paulo
Dias 13, 14 e 15 (sexta, sábado e domingo), no Centro Anarquista Ação Direta 
Rua Dr. Almeida Lima, nº 434, ao lado da estação Brás do trem, zona leste de SP 

Veja como é fácil chegar: 


Exibir mapa ampliado

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Favela e Ocupação realizam atividades culturais, audiência pública e ato no Centro de SP


 Clique sobre a imagem para ampliá-la!

O Movimento Organizado Moinho Vivo convida a geral pro terceiro Sarau Moinho Vive! marcado pra sexta-feira (18), às 19h30, na própria comunidade, localizada na Rua Dr. Elias Chaves, sob o viaduto Orlando Murgel e Av. Rio Branco, Campos Elísios, centro de SP. O Sarau faz parte da Jornada de Luta/QUARTO GRANDE ATO EM PROL DA FAVELA DO MOINHO (programação competa!) por água, esgoto, coleta de lixo, energia elétrica, hidrantes e a permanência da comunidade no local. Vai ser uma noite dedicada a declamação de poesia direta, a arte livre, a troca e o fortalecimento entre as comunidades. Saraus, movimentos e coletivos culturais, sociais e populares já confirmaram presença.

Já no sábado (19), às 14h, a Associação de Moradores da Favela do Moinho convida para a Audiência Pública Popular, também na própria comunidade com objetivo de pressionar, denunciar e cobrar o poder público por anos de omissão em relação aos direitos humanos dos moradores da Favela do Moinho.

Na audiência, será anunciado pelo pelo poder público o compromisso firmado no acordo no Ministério Público que permitirá o inicio das obras de melhorias emergenciais na comunidade.

Logo após a audiência, haverá a primeira Roda de Samba Moinho Vivo e a volta do Cordão da Mentira com a presença da Bateria da Escola de Samba Camisa Verde e Branco.


Clique sobre a imagem para ampliá-la!

Também no sábado (19), das 11h às 20h,  acontece o Ato em Memória pelos 30 anos da morte impune de Margarida Maria Alves (programação completa!), uma lutadora pelos direitos da classe trabalhadora. O ato vai acontecer na ocupação que leva seu nome, localizada na Rua General Couto de Magalhães, nº 381, na Luz, próximo às estações Luz de trem e metrô. 



Assista o depoimentos de Margarida Maria Alves

Na programação:

11:00hs - Abertura, chegança e videos

13:00hs - Bate papo sobre violência de Estado e a defesa dos direitos humanos com ÂNGELA MENDES, historiadora e do site Observatório das Violências Policiais de SP, GIVA (Givanildo Manoel da Silva), especialista em Politicas Públicas para Criança e Adolesente, membro do Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Tribunal Popular e PAULINHO, liderança do MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.

14:00hs - SARAU VOZ ATIVA!

15:30hs - APRESENTAÇÃO TEATRAL: SER - TÃO - SER, com Buraco d'Oráculo

17:00hs - Apresentação do Grupo de Capoeira Herdeiros da Mauá, da Comunidade Mauá

17:30hs - Início do Ato-Vigília em Memória a Margarida Maria Alves 


 
A Palavra é Poder para o Povo, participe!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Sarau e Mostra de Teatro promovem o direito à poesia, à arte e à cidade na Favela do Moinho (SP)



O Movimento Organizado Moinho Vivo convida a geral pro segundo Sarau Moinho Vive! marcado pra sexta-feira (11), às 19h, e também pra 1ª Mostra de Teatro Moinho Vivo, esta pra domingo (13), às 14h, tudo na própria comunidade. O Sarau e a Mostra fazem parte da Jornada de Luta/QUARTO GRANDE ATO EM PROL DA FAVELA DO MOINHO por água, esgoto, energia elétrica, hidrantes e a permanência da comunidade no local. Uma noite e um dia inteiro dedicados a declamação de poesia, teatro, arte livre, a troca de ideia e o fortalecimento entre as comunidades. Movimentos e coletivos culturais, sociais e populares já confirmaram presença. 
A Palavra é Poder para o Povo, participe!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Cultura, Educação e Direitos Humanos: um tripé necessário para São Paulo!



O Brasil vive hoje uma efervescência de editais públicos, dos quais é importante destacar os voltados para a área cultural com objetivo de atender certa diversidade de protagonismo, criação, produção, manifestações e linguagens artísticas, visibilidade, territórios, etc. São milhões de reais em investimentos em projetos culturais a cada ano. No entanto, o país continua hostil a sua população jovem negra e moradora das periferias, como aponta o Mapa da Violência de 2012. 

Em São Paulo, a capital mais rica do país e ainda muito desigual, o retrato não é nada animador para a população jovem negra e moradora da periferia, como aponta o infográfico da SMDHC da PMSP. 

Um caminho para mudar este retrato é promover a participação e o debate sobre os vários planos a serem implementados na cidade de SP, aqui destaco os voltados para as áreas de Cultura, Educação e Direitos Humanos, tendo este jovem negro e morador da periferia - que hoje engrossa as estatísticas do Mapa da Violência -, não como público alvo, mas como protagonista no planejamento e execução dos vários planos a partir da relação com cada território. Mas isso precisa estar garantido como princípio e diretriz nestes planos em construção na cidade. E não é tão óbvio quanto parece quando diferentes interesses entram em jogo. 

Cabe primeiramente ao poder público municipal firmar os compromissos necessários entre secretarias, agindo sempre em parceria com quem atua diretamente nos territórios atingidos, nas periferias da cidade, se quiser de fato mudar esta triste realidade!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sarau Moinho Vive! promove noite de poesia e arte livre na Favela do Moinho (SP)



O Movimento Organizado Moinho Vivo convida a geral pro primeiro Sarau Moinho Vive! marcado pra sexta-feira (4), às 19h, na própria comunidade, localizada na Rua Dr. Elias Chaves, sob o viaduto Orlando Murgel e Av. Rio Branco, Campos Elísios, centro de SP. O Sarau faz parte da Jornada de Luta por água, esgoto, coleta de lixo, energia elétrica, hidrantes e a permanência da comunidade no local. Vai ser uma noite dedicada a declamação de poesia direta, a arte livre, a troca e o fortalecimento entre as comunidades. Saraus, movimentos e coletivos culturais, sociais e populares já confirmaram presença. 
A Palavra é Poder para o Povo, participe!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Debate sobre redução da maioridade penal é tema da 3ª Reunião de Mestres em SP



Acontece neste final de semana, sábado (28) e domingo (29), a partir das 14h, no Cedeca Interlagos, na zona sul de SP, a 3ª Reunião de Mestres.

 Presenças na 3ª Reunião de Mestres

Na programação: discotecagem, apresentações de hip hop, teatro, sarau poético e aberto, lançamento de livros e o debate sobre a redução da maioridade penal.



Confirme presença aqui!

Participe!

Cedeca Interlagos
Rua Nossa Senhora de Nazaré, nº 51
Cidade Dutra, zona sul de SP
Tel.: (11) 5666-9861
Veja como chegar aqui!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Bar é alvo de arrastão no Grajáu (SP)


Arma usada pelo bando para conquistar o público

O Relicário Rock Bar, no Grajáu, zona sul SP, foi alvo de arrastão na noite de sexta-feira (13). Frequentadores confirmaram que sempre na primeira quinta-feira de cada mês, o bar registra uma ocorrência desse tipo. Porém, o arrastão se intensificou no último ano. "É impressionante a forma como o bando age, pega a gente de surpresa, por isso sempre voltamos aqui", disse o casal que preferiu não se identificar.

Por volta das 20h, uma multidão invadiu o bar que fica na rua Manoel de Lima, 178, no bairro Jordanópolis, no Grajaú, zona sul de SP, e anunciaram - pasmem! -, poemas. Antes de ser um manifesto... antes de ser um manifesto..., diziam em voz alta para sequestrar a atenção das pessoas como se um relâmpago tivesse caído ali, diante dos olhos delas.

Segundo testemunhas que estavam do lado de dentro do bar, parte da multidão estava atenta a cada verso disparado no salão. Foram ouvidos muitos disparos e de vários calibres: falados, declamados, musicados, lidos, decorados, improvisados, atingindo em cheio várias pessoas, deixando marcas irreparáveis em algumas vítimas. Do lado de fora, parte da multidão assistiu tudo e, impressionada com a ousadia do bando, apenas comentava o que via. "No próximo, tomo de assalto o microfone também!", disse meio tímida uma menina para a outra.

Em cerca de quatro horas, todos os presentes se renderam por livre e espontânea vontade ao bando de poetas que pegou ligeiramente uma a uma as pessoas que estavam ali, principalmente as que estavam pela primeira vez. O bando foi feliz na ação, recolheu sorrisos, aplausos, abraços, livros e muitas dedicatórias.

Depois disso, com muita calma, o bando fugiu a pé, de ônibus, de trem ou metrô, prometendo voltar em outubro. A ousadia foi tanta que alguns se misturaram a multidão e ficaram lá até o bar fechar.

De acordo com as vitimas, não foi preciso chamar a polícia nem registrar boletim de ocorrência, porque ninguém se sentiu prejudicado pelo arrastão daquela noite. Muito pelo contrário.

Toda a movimentação foi gravada pelas câmeras do SP Cultura, sob o comando de Alessandro Buzo. As imagens ajudarão na identificação do bando e propagar o arrastão em rede nacional.

Na saída, para comemorar o sucesso da ação, o bando saiu gritando pela rua Sobrenome Liberdade!, Sobrenome Liberdade!, fazendo com que todo mundo percebesse que cada um ali era cúmplice do assalto poético que acabara de acontecer.

Acredite se quiser, porque essa história é baseada em fatos reais.

domingo, 15 de setembro de 2013

Racismo nas histórias em quadrinhos brasileiras



 A literatura como manifestação artística ao mesmo tempo é reflexo e também reflete valores culturais de  determinada sociedade. Estes valores são impressos pelo topo da hierarquia social. Uma sociedade excludente como a brasileira reproduz os valores que determinam a exclusão nas suas manifestações artísticas, tensionando o campo da cultura. Quando o assunto é racismo, a literatura e gêneros literários não saem ilesos. Vejamos o que revela uma pesquisa recente sobre como a população negra é retratada nas histórias em quadrinho (HQs) no Brasil.

O professor Nobuyoshi Chinen, pesquisador da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, destacou a estereotipização na forma como os negros são retratados nas histórias em quadrinhos (HQ) brasileiras desde o final do século 19. As informações fazem parte do seu estudo de doutorado histórias em quadrinhos publicadas no Brasil desde 1869, considerando como publicação inicial o título “Nhô Quim”, de Angelo Agostini, até publicações de 2011. “Elas tendiam a homogeneizar o aspecto visual dos personagens”, diz Chinen, que também participa do Observatório de Quadrinhos da ECA.

Os estereótipos foram identificados não só nos aspectos visuais, mas também nos papéis desempenhados nas histórias, em comparação com os personagens brancos. “Invariavelmente [os negros] eram subalternos, intelectualmente limitados e socialmente desfavorecidos” conta.

Chinen também procurou outros tipos de publicações para avaliar o papel dos negros nos quadrinhos. “Achei que devia dar um contexto mais amplo e me preocupei em incluir um breve histórico da iconografia do negro nas artes visuais, desde a primeira pintura a representar um negro no Brasil, em tela feita pelo holandês Frans Post, até as caricaturas e charges do Período Imperial.”

O pesquisador encontrou mais personagens negros do que inicialmente esperado. A representação, no entanto, não é, ainda, ideal. “Embora o panorama geral tenha mudado de uns tempos para cá, penso que ainda há poucos personagens negros nos quadrinhos brasileiros e menos ainda os que têm papel de protagonista” diz.

As HQ têm como algumas de suas bases a caricatura e o humor. Isso, em algumas vezes, se dá com o reforço de traços exagerados e com generalizações. Para Chinen, “o perigo dos estereótipos é quando o público passa a achar que determinado tipo de figuração é normal, quando na verdade é ofensiva. É da natureza do humor construir situações que requerem uma dose de crueldade perpetrada sobre o outro e o limite entre o fazer rir e o humilhar é extremamente sutil”.

A representação equivocada de negros nas HQ, para o pesquisador, auxilia, como todo produto de comunicação em massa, a perpetuação de preconceitos e o racismo. O professor acredita que trabalhos como o seu ajudam a debater o racismo presente nas representações do negro na sociedade. “A princípio eu tentei evitar uma abordagem que fugisse do âmbito das histórias em quadrinhos, mas no decorrer da pesquisa, compreendi que não dava para ignorar os aspectos sociopolíticos e a questão da identidade”.

Acesse a tese de doutorado O papel do negro e o negro no papel: representação e representatividade dos afrodescendentes nos quadrinhos brasileiros, de Nobuyoshi Chinen, aqui! 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sobrenome Liberdade faz aniversário e lança antologia literária!



Nesta sexta-feira, 13, às 20h, no Relicário Rock Bar, Rua Manoel de Lima, 178, Jordanópolis/Grajaú, zona sul de SP, o movimento cultural Sobrenome Liberdade vai comemorar seu primeiro aniversário do mesmo jeito que veio ao mundo, reunindo poesia, música, suor e arte livre num sarau.

Antologia literária Sobrenome Liberdade
(Capa: Célio Luigi)

Na mesma noite em que completa um ano, o movimento vai fazer também o lançamento da antologia literária Sobrenome Liberdade. Organizada por Damásio Marques e Ni Brisant, a antologia é uma publicação independente que reúne poesias, contos e crônicas de 40 escritores e escritoras, além de imagens do sarau feitas por 3 fotógrafos. Confira a lista de quem participa da antologia aqui!

A comemoração vai contar também com as apresentações das bandas Além da Ponte, Apologia Groove, Couro Cabeludo Rock e Pensamento Negro.

Como sempre, o microfone é aberto para leitura e declamação de textos. Vai ter sorteio de livros e discos, varal de fotografias e venda de livros e camisetas.



O Sobrenome Liberdade é uma iniciativa sem fins lucrativos e autônoma, não sem apoio de instituições públicas ou privadas.

Então vamos juntos!

Quando: Sexta-feira (13/9), às 20h.
Endereço: Relicário Rock Bar
Rua Manoel de Lima, 178 - Bairro Jordanópolis/Grajaú
Contatos: contatolevante@bol.com.br
Telefone: (11) 5939-3134
Grátis!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Grito dos Excluídos e a surdez política




O Grito dos Excluídos, realizado no último dia 7 de setembro, marcou presença em praticamente todo o país. O lema da 19ª edição era "Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular". Cada cidade organizou seu próprio grito, incorporando pautas diversas. Desde a sua origem, o Grito dos Excluídos, como o próprio nome sugere, é articulado e mobilizado por movimentos sociais e populares marginalizados tanto pelas políticas neoliberais privatistas quanto pelo neodesenvolvimentismo de alto custo.

Em São Paulo, outro grito ecoou no centro da cidade. Manifestantes foram impedidos de chegar até a Câmara Municipal por policiais militares fortemente armados e truculentos. As cenas da violência policial contra os manifestantes nas barbas do legislativo municipal são sintomáticas.

Na semana passada, no dia 3, a mesma Câmara, numa sessão polêmica e muito tumultuada, aprovou por 37 votos a 15 - e uma abstenção -, o projeto do vereador coronel Telhada (PSDB) para conceder uma honraria a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da Polícia Militar também conhecida como a “polícia que mata”.

O grito que se ouviu ali na rua naquele sábado foi o de "é guerra" por parte dos PMs e o de "fiquei cego" do estudante Vitor Araújo, atingido no olho direito por estilhaços de bombas lançadas pelos policiais. A vingança policial seguiu ainda por outras ruas do centro da cidade, ferindo novos manifestantes e até pedestres.

Estes manifestantes, a maioria jovens, que a princípio tinham como alvo a Câmara Municipal, queriam também tirar satisfação da chamada Casa do Povo pela vergonhosa negociação política dos vereadores que resultou na aprovação de uma homenagem para a Rota. Estes jovens foram até lá para gritar que não estão dispostos a entrar para as estatísticas do Mapa da Violência, onde a juventude preta, pobre e da periferia é o alvo preferido das policias. Mas, infelizmente, a Câmara se faz de surda!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Bancada da bala: um bunker para homenagear a Rota na Câmara Municipal de SP



O nosso júri é racional, não falha!
Não somos fã de canalha!
Racionais MCs


A Câmara de Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira (3), por 37 votos a 15, o projeto do vereador coronel Telhada (PSDB), para conceder uma Salva de Prata para a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), uma honraria do legislativo paulistano a tropa de elite da Polícia Militar que ficou conhecida como a “polícia que mata”.

O projeto foi repudiado por organizações e ativistas que defendem os Direitos Humanos desde que foi apresentado e defendido pelos vereadores que compõe a bancada política e militar da bala como Álvaro Camilo (PSD), ex-comandante-geral da PM, e Conte Lopes (PTB), capitão aposentado que também atuou na Rota e foi deputado estadual, além do Telhada, ex-comandante da Rota e autor do projeto. 

O projeto tem como justificativa os serviços prestados pela Rota durante a ditadura militar que resultou na prisão, tortura e morte de oponentes ao regime até execuções sumárias denunciadas no livro Rota 66 - A história da policia que mata, do jornalista Caco Barcelos. 

Foi a quarta vez que o projeto foi para votação no plenário em duas semanas. Manifestantes contrários a homenagem passaram a comparecer as sessões com faixas e cartazes para pressionar os vereadores a abandonar o projeto de caráter corporativista de interesse apenas da bancada política e militar da bala e exigir que fosse colocado na pauta assuntos que beneficiassem toda a população da cidade. 

O vereador Floriano Pesaro, líder do PSDB na Câmara, chegou a afirmar que nada mais seria votado enquanto o projeto do Telhada não fosse aprovado. Como se não houvesse para a população mais pobre que vive na cidade urgências maiores do que prestar homenagem a Rota.  

Sonia Mele/CMSP

Toda vez que os vereadores da bancada política e militar da bala defendiam o projeto, a Polícia Militar e as ações da Rota, os manifestantes respondiam: “Da Rota eu abro mão, quero ver na pauta mais saúde e educação!”, “Assassinos!” e “Justiça!”. Toda vez que um vereador defendia ou votava favorável ao projeto, era fortemente vaiado.


RenattodSousa/CMSP
 Placar da sessão: Favoráveis 37 x 15 Contrários a Salva de Prata a Rota   (1 abstenção)

A confusão começou quando o vereador José Américo (PT), presidente da Câmara, deu ordem para que os policiais militares expulsassem da sessão os manifestantes que não se calaram quando o coronel Telhada disse que eles promoviam uma perseguição “nazista”. O plenário foi tomado pelo coro: “Polícia, racista, fascista não passarão!”. Os manifestantes também denunciaram que a vereadora Juliana Cardoso (PT), enquanto falava, foi chamada de “vagabunda” por um dos apoiadores da bancada política e militar da bala, também presentes na sessão a convite do próprio Telhada, e que nada havia sido feito para retirá-lo de lá.

Assista: PMs agridem manifestantes na Câmara de SP

Telhada ficou conhecido durante e depois das eleições por ameaçar defensores dos Direitos Humanos e jornalistas, como informa a reportagem do jornal Brasil de Fato.

Coincidência ou não, há cerca de um mês, 25 policiais militares da Rota foram condenados pela morte de 52 presos no massacre do Carandiru. Os presos foram executados pelos PMs no terceiro pavimento do pavilhão 9 do presídio no dia 2 de outubro de 1992. Eles receberam uma pena de 624 anos de reclusão cada um, mas estão em liberdade.

O julgamento do caso, considerado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo como o maior já realizado pela Justiça do Estado, representa uma segunda etapa: em abril, no primeiro júri do massacre, 23 PMs foram condenados a 156 anos pela morte de 13 presos que estavam no segundo pavimento do presídio. Ao todo, o massacre registrou 111 mortos e 84 policiais denunciados. Mais dois julgamentos do caso ocorrerão, um previsto ainda para este ano e o outro no início do ano que vem.

No final da sessão que manchou de sangue da juventude negra, pobre e periférica na Câmara Municipal de SP, os manifestantes lembraram aos vereadores que aprovaram a homenagem a Rota que “a rua vai cobrar!”.

sábado, 24 de agosto de 2013

Hip Hop Rua: literatura, rap e grafite na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de SP!



No domingo, 25, a partir das 10h!, vai acontecer o Hip Hop Rua, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de SP.
Na programação: a partir das 13h!, a 2ª Feira Literária, e, às 14h!, apresentação da iniciativa Rap Contra a Redução da Maioridade Penal. Tem ainda a maratona do Grafite que vai acontecer durante todo o evento, e muito mais!

Destaque na programação é a Tenda Literária que vai receber às 15h! o bate papo Escrevivências da mulher negra e da periferia, que abordará as experiências coletivas de mulheres escritoras e artistas que resultaram nos livros recem-lançados PerifeMinas e Literatura Negra Feminina Louva Deusas.



Como chegar (ao lado do CCJ):
Nos vemos na Praça!

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Hip Hop Rua e 2ª Feira Literária do CCJ promovem muito ritmo, poesia e troca de conhecimento na Vila Nova Cachoeirinha



A 2ª edição da Feira Literária do CCJ (Centro Cultural da Juventude) está marcada para o dia 25/8, domingo, das 13h às 17h, e vai acontecer junto com o Hip Hop Rua, na Praça do Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, em frente ao CCJ.

A Feira será voltada para a difusão de publicações e produções culturais da periferia e independentes. Os interessados em expor e vender seus livros poderão se inscrever até 15 de agosto por meio de simples formulário/regulamento online disponível aqui! Caso você tenha alguma dúvida sobre o preenchimento escreva para: feiraliteraria@ccj.art.br

E para quem for prestigiar a Feira, os livros serão vendidos a preços populares! 

Caso seja confirmado, haverá também a participação do Carrinho de Mãoteca, projeto que promove a distribuição de livros gratuitamente pra quem quiser se embrenhar na literatura. Doações e trocas são bem vindas!

 Escrevivências: Jackeline, Lunna e Raquel

Além da presença de várias escritoras e escritores, a Feira vai contar com uma Tenda Literária, onde vai acontecer o debate Escrevivências da mulher negra e da periferia: Perifeminas & Literatura Negra Feminina Louva Deusas, com: Jackeline Romio, do Coletivo de Mulheres Negras Louva Deusas e Lunna Rabetti, da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop. A mediação ficará por conta de Raquel Almeida, dos coletivos Sarau Elo da Corrente / Esperança Garcia.

Capas das Coletâneas Perifeminas e Louva Deusas

Iniciativa da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop, o livro Perifeminas - nossa história, é resultado de oficinas sobre a história do hip-hop, a mulher e a sociedade, redação e edição de texto, diferenciação de conteúdo, linguagem, gíria, gramática, ilustrações, marketing e publicação, e no final selecionou 60 mulheres para participar da antologia literária com textos inéditos que vão de contos a poesias e desabafos.

Outra iniciativa é a do Coletivo de Mulheres Negras Louva Deusas, que reuniu 25 autoras de diferentes gerações e estados brasileiros para compartilhar seus escritos no livro Coletânea de Literatura Feminina Negra Louva Deusas. A criação do livro é um estímulo e difusão da produção cultural literária de mulheres negras.  

A instalação presente na tenda é da artista plástica Carolzinha Teixeira.

Já o Hip Hop Rua, prévia do Encontro Estéticas da Periferia, levará ao palco todo o conhecimento de MC's e Poetas que participaram de corpo, rima, verso e alma da ação Rap Contra a Redução da Maioridade Penal.
 
A ação é idealizado pelos poetas Akins Kintê e Tubarão DuLixo e reúne rappers e poetas de diversas cidades brasileiras contrários à redução da maioridade penal. Clique nas fotos e assista os vídeos.

No dia, alguns dos participantes do projeto serão acompanhados pelo DJ Eduardo Brechó. MC’s e poetas convidados: Elizandra Souza, Fino du Rap, James Lino, Luisa Valente, Lurdez da Luz, Preto Win, Raphão Alaafin, Roberta Estrela D’Alva, Tati Botelho, Tiago Redniggaz.
 
Já a partir das 10h, haverá apresentações do DJ Pec Jay, Bgirls & Bboys com The King Crew e Grafite com Bonga

Participe porque a cultura é nossa!

Organização: Amanda Prado/CCJ
Curadoria: Ruivo Lopes/Feira Literária e Akins Kintê/Rap Contra a Redução

Agendaí!
Hip Hop Rua: Rap Contra a Redução da Maioridade Penal & 2ª Feira Literária do CCJ
Dia 25 (domingo), a partir das 13h.
Centro Cultural da Juventude
Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641. Vila Nova Cachoeirinha
(Ao lado do Terminal Vila Nova Cachoeirinha)
Zona Norte de SP. (11) 3984-2466.
Entrada franca.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Livrar o Brasil da tortura!




Tortura deixa preso cego e tetraplégico  

O jovem Wesley Ferreira da Silva, de 27 anos, estava cumprindo pena no presídio Urso Branco, em Porto Velho (RO), e, no inicio do ano, foi transferido para o presídio federal Antonio Amaro Alves, de segurança máxima, em Rio Branco (AC).

Segundo um juiz, Silva entrou íntegro e capaz fisicamente no presídio. A justiça tinha aplicado a ele a pena de mais de 21 anos de prisão. O sistema penitenciário aplicou-lhe outra "pena": a tortura.

Em maio, agentes penitenciários submeteram o rapaz e mais dois presos, a sessões de tortura, durante horas, onde fizeram uso de marreta de borracha, spray de pimenta, chutes e socos.

O preso chegou a ser escondido por agentes penitenciários para que promotores não o vissem durante inspeção de rotina. Silva deixou o presídio cego e tetraplégico e há quase dois meses encontra-se prostrado no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco. Ele consegue apenas movimentar a cabeça e fala com muita dificuldade.

O caso veio a público pelo Blog da Amazônia, leia a reportagem aqui.

No inicio do ano, o presídio Urso Branco, emPorto Velho (RO), foi denunciado pelas más condições em que mantinha os presos. Neste momento, o presídio está sendo monitorado pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) com o propósito de verificar o cumprimento das ações de melhorias no sistema carcerário no estado, pactuadas junto à Corte Interamericana de Direitos Humanos, em Bogotá, na Colômbia, em 2011.

No Paraná, o Ministério Público denunciou 21 pessoas por envolvimento no caso de tortura contra quatro funcionários de um parque de diversões presos em junho acusados do assassinato de uma adolescente. Os quatro rapazes foram barbaramente torturados para que confessassem o crime. Eles disseram que foram espancados, empalados, asfixiados com sacos plásticos, eletrocutados, forçados a fazer sexo oral entre si e um deles relatou ter tido a cabeça enfiada num formigueiro. Um teste de DNA apontou que eles não estupraram a adolescente. Os quatro rapazes tiveram que entrar para o Programa de Proteção a Testemunhas. A maioria dos denunciados pela tortura são policiais, incluindo um delegado e uma escrivã de policia. O caso provocou a demissão do chefe da Polícia Civil do estado.

A tortura ainda é uma chaga institucionalizada no Brasil e praticada por agentes públicos a serviço do Estado. Policiais e agentes que atuam nas unidades de privação de liberdade são constantemente denunciados pela prática de tortura. Mas a responsabilidade não é apenas deles.

Funcionários que fazem atendimento especifico em unidades de privação de liberdade também são co-responsáveis pela prática de tortura quando se omitem diante deste crime ou mentem para ocultá-lo. Sejam eles educadores, assistentes sociais, médicos, enfermeiros, psicólogos, advogados, etc.

Aparentemente blindados, até promotores, juízes e o próprio executivo podem responder criminalmente pela omissão. É obrigação da promotoria, do judiciário e do executivo inspecionar unidades de privação de liberdade e colher denúncias de tortura e maus tratos.

O Projeto de Lei da Câmara (PLC)11/2013, que institui o Mecanismo Nacional de Prevenção da Tortura no Brasil, precisa ser sancionado com urgência pela presidenta Dilma Rousseff para que o Brasil possa contar com um comitê, independente e autônomo, de 23 membros e 11 peritos encarregados exclusivamente de prevenir e combater a tortura – prática que, de acordo com a ONU, é “sistemática” no Brasil. A instituição do Mecanismo é uma obrigação assumida pelo Brasil perante a comunidade internacional em 2007, quando ratificou o Protocolo Facultativo a Convenção contra Tortura da ONU.

Para que a prática da tortura seja banida do Brasil será preciso esforço coletivo. O país precisa adotar os mecanismos necessários para combater a tortura em todas as unidades de privação de liberdade, punir todos aqueles agentes públicos denunciados por tortura contra quem estiver sob a guarda do Estado, inclusive por omissão, e repudiar publicamente qualquer manifestação de incentivo e banalização de sevícias e maus tratos contra quem estiver sob a guarda do Estado - incluindo apresentadores de programas de televisão.

Ou o Brasil acaba de uma vez com a tortura ou a tortura deixará o Brasil tetraplégico!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Comunidade Mauá recebe Sarau neste domingo!



Neste domingo, dia 28, às 17h, o Sarau da Praga vai acontecer na Comunidade Mauá, na Rua Mauá, 340 (ao lado da estação Luz de trem/metrô). Nesta edição, o Projeto Praga convida pra se apresentar o poeta Ni Brisant e o grupo de capoeira Herdeiros da Mauá. A entrada é gratuita, mas, por favor, doe livros de poesia, literatura, infantil e pra colorir que ficarão pra comunidade. Participe!

Exibição de filme e debate destacam a defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes



No sábado, 27, às 18h, na Cinemateca de Santos, na Rua Xavier de Toledo, nº 42, Campo Grande, em Santos (SP), será exibido o documentário Juízo (Brasil/2007, 90 min.), da cineasta Maria Augusta Ramos, sobre o sistema social, econômico e judiciário em conflito com crianças e adolescentes pretos e pobres no Brasil. Em seguida, os educadores Ruivo Lopes e Tubarão Santos debaterão Por que a redução da maioridade penal é um crime contra os Direitos Humanos. A atividade é gratuita e é promovida pelo Núcleo de Estudos Libertários Carlos Aldegheri. Participe!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Saraus promovem muito ritmo, poesia, debate e lançamento de livro em SP



O Sarau Sangue, Suor e Poesia Libertária, recital de poesia de combate, vai abrir o Festival Sinfonia de Cães Xtreme V, que acontece neste sábado, 20, às 13h, na Praça Carolina Maria de Jesus* (também conhecida como Praça Roosevelt), no centro de SP. Várias atividades compõe a programação do Festival, além da apresentação de bandas peso-pesado.


E um pouco mais tarde, às 19h, acontece o Sarau Perifatividade, no Bar do Bone, que fica na Rua Nsa. Sra. da Saúde, 1007, Vila das Mercês, Ipiranga, na zona sul. Nesta edição o rapper e escritor Eduardo (ex-Facção Central) chegará pra apresentar e lançar seu primeiro livro "A guerra não declarada na visão de um favelado". 

Tanto no Festival quando no Perifatividade HAVERÁ VENDA DE LIVROS DE LITERATURA DE COMBATE, MARGINAL E PERIFÉRICA a preços populares. 

Doações são sugeridas, mas é tudo gratuito. 

Participe... afinal, a cultura é nossa!


* É uma sincera homenagem do Sarau Sangue Suor e Poesia Libertária a escritora negra Carolina Maria de Jesus (Sacramento, MG, 1914 - São Paulo, SP, 1977), autora de Quarto de Despejo (1960), entre outros. Senhora de uma escrita autêntica e baseada nas próprias vivências, Carolina viu sua obra vender milhares de cópias e ser traduzida para vários idiomas mundo afora. A autora e sua obra continuam influenciando gerações de escritores e escritoras. Uma escola aqui e outro espaço ali levam o nome de Carolina. Em São Paulo, na Vila Tolstói, no Sapopemba, zona leste de SP, uma rua leva o nome de Carolina Maria de Jesus. Carolina merece mais!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sua filha quer ser negra, que ironia!


Blackface: modelo branca pintada de preto  
[Foto Sylvie Blum/ Models Paparazzi]

Isabel é branca, tem só 4 anos e chora muito. A mãe, com uma intenção na cabeça e uma camera na mão, filma a filha banhada em lágrimas. Isabel chora porque quer ter a pele negra. A menina acha a pele negra linda. A mãe reforça que a pele branca também é linda. Ela tenta amparar a filha, dizendo que quando ela crescer poderá se casar com um marido negro e ter um monte de filho negrinho. Isabel se desespera, ela parece não querer esperar nada disso. Decidida, ela quer ser negra aqui e agora. A mãe apela: "Papai do céu fez você com a pele branca". A menina parece não se conformar e insiste: "Quero negra!". Diante do impasse, a mãe negocia uma saída, pintar a filha com tinta negra. A menina pára de chorar. Começa a se recompor e pede para não pintar seu olho. "E o cabelo?", pergunta a mãe. "Loiro", responde a filha. "A menina negra do cabelo loiro", anuncia a mãe. (ouve-se risos ao fundo) "Combinado", diz a mãe, "compramos a tinta e pintamos você de negro", prossegue. A menina pede para fazer uma rodinha no olho, para não arder. Emocionada e com a filha já tranquilizada, a mãe pergunta: "Tá feliz?". "Tô", arremata a filha. É o fim!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Horizontalidade na luta de classes: a hora e a vez da periferia!


Horizontalidade na luta de classes
Por José Francisco Neto/Brasil de Fato

O Movimento Passe Livre, diferentemente de outras organizações sociais, abre espaço para autonomia sem lideranças e busca a participação popular na política [Foto: Marcelo Camargo/ABr]

Quanto mais essa horizontalidade politizada, afinada com os princípios coordenados coletivamente, os movimentos sociais e populares serão mais fortalecidos 

Desde o início que cobravam a diminuição das tarifas do transporte público, o Movimento Passe Livre (MPL) não demonstrou interesse em se destacar como o protagonista dos protestos que se alastraram pelo país. Pelo contrário. Em todas as entrevistas concedidas à imprensa, integrantes do movimento disseram que “essa luta quem faz é o povo”.

Diferentemente de outros movimentos sociais, o MPL se organiza de maneira horizontal, ou seja, na busca pela igualdade de participação política. A comunicação se dá entre todos do grupo, e a adesão a uma proposta se faz por convicção, como declara Matheus Preis, integrante do movimento

“Todo mundo tem espaço para participar das deliberações coletivamente. Nesse sentido, a gente acaba tomando decisões mais acertadas por terem mais pessoas participando do processo da discussão da linha política do coletivo,” declara.

Apartidarismo

O apartidarismo também está na base do movimento, mas isso não significa que ele seja antipartido. Os partidos políticos são bem-vindos nas manifestações, mas não participam do MPL enquanto organizações. Pessoas filiadas a partidos podem aderir ao movimento enquanto indivíduos.

Preis acredita que a adesão popular, tanto nas ruas quanto no movimento, tenha sido motivada por conta da não ligação partidária do MPL e das decisões tomadas coletivamente.

“Nós achamos que nenhum militante deve participar mais do que outros de maneira determinada. A gente estabelece uma relação muito forte devido à horizontalidade, por isso, construímos sempre com o coletivo, todo mundo junto.”

Para Ruivo Lopes, membro do coletivo Sarau Perifatividade, da zona sul de São Paulo, o MPL deu um grande exemplo de organização que permitiu maior participação nos debates.

“Quanto mais essa horizontalidade politizada e afinada, sobretudo com os princípios coordenados coletivamente [for posta em prática], sem dúvida, os movimentos sociais e populares serão ainda mais fortalecidos. A gente não pode desperdiçar esse exemplo”, avalia.

Grazi Massoneto, integrante do movimento Ocupa Sampa, que atuou em manifestações em São Paulo no ano de 2011 e 2012, avalia que a horizontalidade permite mais diálogo por ser mais aberta.

“Com a horizontalidade, ninguém precisa se preocupar em aceitar o que alguém de cima falou, pois não existe esse ‘de cima’. As pessoas são mais livres para manifestar seu pensamento”, explica.

Atuante em movimentos sociais há 30 anos, Givanildo Manoel (Giva), hoje militante do PSOL, diz que sindicatos e partidos de esquerda sempre lutaram para que as relações fossem as mais horizontais e democráticas possíveis. No entanto, ele explica que o processo de burocratização e institucionalização foi dando espaço para uma estrutura mais verticalizada, retirando parte do protagonismo dos trabalhadores.

“O êxito das lutas [do MPL] nesse último período oxigenará, possibilitando mudanças importantes nas organizações de forma geral.”

Atuação nas periferias

Além da luta contra o aumento das tarifas, o MPL realiza atividades sobre o transporte público em bairros afastados do centro da cidade. Além disso, também apoia outras lutas de movimentos sociais, como, por exemplo, as organizações que lutam por moradia.

Fernando Ferrari, militante do Luta Popular, movimento que atua nas periferias de São Paulo e em outras regiões, reconhece a participação do MPL como fundamental para dar continuidade nas ruas. “O MPL foi um movimento que deu um ponta pé inicial para a retomada das ruas. O MPL foi primordial para lutar por um movimento que é de todos”, afirma.

Preis aponta que o movimento sempre busca a participação popular para que todos tenham maior apropriação da pauta. Para ele, é mais produtivo quando as pessoas participam das discussões. “Então a gente não chega lá [nas periferias] para dar palestra. A gente chega para discutir mesmo, de uma forma mais horizontal”, conclui.

Publicado originalmente em Brasil de Fato.


A hora e a vez da periferia
Por José Francisco Neto/Brasil de Fato

Milhares de pessoas ligadas a movimentos populares saem às ruas da zona sul e zona leste de São Paulo [Foto: Outras Palavras/Periferia Ativa]

Através das diversas atividades que são realizadas pelos grupos da periferia, a gente reforça durante as nossas atuações para não dar qualquer espaço para que nazifascistas se aproveitem da situação

Quando o assunto é transporte público de má qualidade fica evidente que o usuário mais comum é o morador de bairros periféricos. Quando se fala em violência policial, hospitais lotados, moradia precária e falta de saneamento básico, as vítimas continuam sendo as mesmas pessoas. Por esses e outros motivos é que a periferia resolveu descer do morro para o asfalto de forma conjunta para reivindicar melhorias nos serviços públicos localizados.

Aproveitando o calor das manifestações que explodem no país inteiro, o momento não poderia ser melhor. De meados para o fim de junho, milhares de pessoas ligadas a movimentos populares e culturais se juntaram aos trabalhadores e saíram às ruas do Campo Limpo, de Guaianazes e do Capão Redondo. O Movimento Passe Livre (MPL), que iniciou as manifestações pela redução da tarifa em São Paulo, também esteve presente nas manifestações.

“Com a ida às periferias, os movimentos e os trabalhadores ganham força, conscientização e clareza de objetivos, de amigos e inimigos, para voltar ao centro da cidade e tomar as ruas de forma mais coesa, com maior unidade entre seus dirigentes e com mais firmeza de suas exigências”, avalia Helena Silvestre, do Movimento Luta Popular.

Neofascistas

Entretanto, além dos problemas enfrentados cotidianamente nas periferias, um outro agravante fez com que as pessoas e os movimentos populares se unissem ainda mais. No dia 20 de junho, durante o ato comemorativo do MPL na avenida Paulista, movimentos sociais e partidos de esquerda foram duramente expulsos à pancadaria por grupos de skinheads, considerados pelos movimentos como “neofascistas”. O que era para celebrar a vitória pela redução das tarifas do transporte público, terminou em agressividade e violência.

Diante desse episódio que abalou as organizações populares, dois dias depois foi convocada uma reunião no Sarau da Cooperifa, na zona sul de São Paulo. Artistas, lideranças comunitárias, militantes de coletivos culturais e movimentos sociais das periferias se reuniram para discutir o atual cenário político do país, avaliado pelos presentes como imprevisível e alarmante.

Ruivo Lopes, integrante do coletivo Perifatividade, que realiza saraus na zona sul da capital paulista, participou da reunião. Ele ressaltou a importância de a periferia se organizar ainda mais em momentos como esse.

“Através das diversas atividades que são realizadas pelos grupos da periferia, a gente reforça durante as nossas atuações para não dar qualquer espaço para que nazifascistas se aproveitem da situação”, declara.

E, realmente, não tiveram espaço. Milhares de pessoas tomaram às ruas nos últimos dias de junho de forma pacífica, bloquearam avenidas e gritaram pelos seus direitos.

Seguir na luta

Após o ato realizado no dia 25 de junho pelos movimentos sociais e culturais das periferias, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se reuniu com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do movimento Terra Livre. Foram discutidas questões como moradia, transporte e reajuste do auxílio-moradia.

Durante uma coletiva de imprensa, o governador anunciou que reajustará o valor do auxílio de R$ 300,00 para R$ 400,00.

“Vamos igualar o benefício para os moradores da região metropolitana, onde o aluguel é mais caro”, explicou.

Presente na reunião, Thais Miranda, integrante do movimento Terra Livre, considera que, apesar do avanço no diálogo, só aumentar o bolsa aluguel é uma medida paliativa.

“Mas isso tem que servir pra gente seguir na luta. As pessoas estão com esse sentimento que só a luta muda a vida. Isso tem que servir para a gente seguir o nosso trabalho de base”, diz.

Publicado originalmente em Brasil de Fato.