sexta-feira, 26 de julho de 2013

Comunidade Mauá recebe Sarau neste domingo!



Neste domingo, dia 28, às 17h, o Sarau da Praga vai acontecer na Comunidade Mauá, na Rua Mauá, 340 (ao lado da estação Luz de trem/metrô). Nesta edição, o Projeto Praga convida pra se apresentar o poeta Ni Brisant e o grupo de capoeira Herdeiros da Mauá. A entrada é gratuita, mas, por favor, doe livros de poesia, literatura, infantil e pra colorir que ficarão pra comunidade. Participe!

Exibição de filme e debate destacam a defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes



No sábado, 27, às 18h, na Cinemateca de Santos, na Rua Xavier de Toledo, nº 42, Campo Grande, em Santos (SP), será exibido o documentário Juízo (Brasil/2007, 90 min.), da cineasta Maria Augusta Ramos, sobre o sistema social, econômico e judiciário em conflito com crianças e adolescentes pretos e pobres no Brasil. Em seguida, os educadores Ruivo Lopes e Tubarão Santos debaterão Por que a redução da maioridade penal é um crime contra os Direitos Humanos. A atividade é gratuita e é promovida pelo Núcleo de Estudos Libertários Carlos Aldegheri. Participe!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Saraus promovem muito ritmo, poesia, debate e lançamento de livro em SP



O Sarau Sangue, Suor e Poesia Libertária, recital de poesia de combate, vai abrir o Festival Sinfonia de Cães Xtreme V, que acontece neste sábado, 20, às 13h, na Praça Carolina Maria de Jesus* (também conhecida como Praça Roosevelt), no centro de SP. Várias atividades compõe a programação do Festival, além da apresentação de bandas peso-pesado.


E um pouco mais tarde, às 19h, acontece o Sarau Perifatividade, no Bar do Bone, que fica na Rua Nsa. Sra. da Saúde, 1007, Vila das Mercês, Ipiranga, na zona sul. Nesta edição o rapper e escritor Eduardo (ex-Facção Central) chegará pra apresentar e lançar seu primeiro livro "A guerra não declarada na visão de um favelado". 

Tanto no Festival quando no Perifatividade HAVERÁ VENDA DE LIVROS DE LITERATURA DE COMBATE, MARGINAL E PERIFÉRICA a preços populares. 

Doações são sugeridas, mas é tudo gratuito. 

Participe... afinal, a cultura é nossa!


* É uma sincera homenagem do Sarau Sangue Suor e Poesia Libertária a escritora negra Carolina Maria de Jesus (Sacramento, MG, 1914 - São Paulo, SP, 1977), autora de Quarto de Despejo (1960), entre outros. Senhora de uma escrita autêntica e baseada nas próprias vivências, Carolina viu sua obra vender milhares de cópias e ser traduzida para vários idiomas mundo afora. A autora e sua obra continuam influenciando gerações de escritores e escritoras. Uma escola aqui e outro espaço ali levam o nome de Carolina. Em São Paulo, na Vila Tolstói, no Sapopemba, zona leste de SP, uma rua leva o nome de Carolina Maria de Jesus. Carolina merece mais!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sua filha quer ser negra, que ironia!


Blackface: modelo branca pintada de preto  
[Foto Sylvie Blum/ Models Paparazzi]

Isabel é branca, tem só 4 anos e chora muito. A mãe, com uma intenção na cabeça e uma camera na mão, filma a filha banhada em lágrimas. Isabel chora porque quer ter a pele negra. A menina acha a pele negra linda. A mãe reforça que a pele branca também é linda. Ela tenta amparar a filha, dizendo que quando ela crescer poderá se casar com um marido negro e ter um monte de filho negrinho. Isabel se desespera, ela parece não querer esperar nada disso. Decidida, ela quer ser negra aqui e agora. A mãe apela: "Papai do céu fez você com a pele branca". A menina parece não se conformar e insiste: "Quero negra!". Diante do impasse, a mãe negocia uma saída, pintar a filha com tinta negra. A menina pára de chorar. Começa a se recompor e pede para não pintar seu olho. "E o cabelo?", pergunta a mãe. "Loiro", responde a filha. "A menina negra do cabelo loiro", anuncia a mãe. (ouve-se risos ao fundo) "Combinado", diz a mãe, "compramos a tinta e pintamos você de negro", prossegue. A menina pede para fazer uma rodinha no olho, para não arder. Emocionada e com a filha já tranquilizada, a mãe pergunta: "Tá feliz?". "Tô", arremata a filha. É o fim!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Horizontalidade na luta de classes: a hora e a vez da periferia!


Horizontalidade na luta de classes
Por José Francisco Neto/Brasil de Fato

O Movimento Passe Livre, diferentemente de outras organizações sociais, abre espaço para autonomia sem lideranças e busca a participação popular na política [Foto: Marcelo Camargo/ABr]

Quanto mais essa horizontalidade politizada, afinada com os princípios coordenados coletivamente, os movimentos sociais e populares serão mais fortalecidos 

Desde o início que cobravam a diminuição das tarifas do transporte público, o Movimento Passe Livre (MPL) não demonstrou interesse em se destacar como o protagonista dos protestos que se alastraram pelo país. Pelo contrário. Em todas as entrevistas concedidas à imprensa, integrantes do movimento disseram que “essa luta quem faz é o povo”.

Diferentemente de outros movimentos sociais, o MPL se organiza de maneira horizontal, ou seja, na busca pela igualdade de participação política. A comunicação se dá entre todos do grupo, e a adesão a uma proposta se faz por convicção, como declara Matheus Preis, integrante do movimento

“Todo mundo tem espaço para participar das deliberações coletivamente. Nesse sentido, a gente acaba tomando decisões mais acertadas por terem mais pessoas participando do processo da discussão da linha política do coletivo,” declara.

Apartidarismo

O apartidarismo também está na base do movimento, mas isso não significa que ele seja antipartido. Os partidos políticos são bem-vindos nas manifestações, mas não participam do MPL enquanto organizações. Pessoas filiadas a partidos podem aderir ao movimento enquanto indivíduos.

Preis acredita que a adesão popular, tanto nas ruas quanto no movimento, tenha sido motivada por conta da não ligação partidária do MPL e das decisões tomadas coletivamente.

“Nós achamos que nenhum militante deve participar mais do que outros de maneira determinada. A gente estabelece uma relação muito forte devido à horizontalidade, por isso, construímos sempre com o coletivo, todo mundo junto.”

Para Ruivo Lopes, membro do coletivo Sarau Perifatividade, da zona sul de São Paulo, o MPL deu um grande exemplo de organização que permitiu maior participação nos debates.

“Quanto mais essa horizontalidade politizada e afinada, sobretudo com os princípios coordenados coletivamente [for posta em prática], sem dúvida, os movimentos sociais e populares serão ainda mais fortalecidos. A gente não pode desperdiçar esse exemplo”, avalia.

Grazi Massoneto, integrante do movimento Ocupa Sampa, que atuou em manifestações em São Paulo no ano de 2011 e 2012, avalia que a horizontalidade permite mais diálogo por ser mais aberta.

“Com a horizontalidade, ninguém precisa se preocupar em aceitar o que alguém de cima falou, pois não existe esse ‘de cima’. As pessoas são mais livres para manifestar seu pensamento”, explica.

Atuante em movimentos sociais há 30 anos, Givanildo Manoel (Giva), hoje militante do PSOL, diz que sindicatos e partidos de esquerda sempre lutaram para que as relações fossem as mais horizontais e democráticas possíveis. No entanto, ele explica que o processo de burocratização e institucionalização foi dando espaço para uma estrutura mais verticalizada, retirando parte do protagonismo dos trabalhadores.

“O êxito das lutas [do MPL] nesse último período oxigenará, possibilitando mudanças importantes nas organizações de forma geral.”

Atuação nas periferias

Além da luta contra o aumento das tarifas, o MPL realiza atividades sobre o transporte público em bairros afastados do centro da cidade. Além disso, também apoia outras lutas de movimentos sociais, como, por exemplo, as organizações que lutam por moradia.

Fernando Ferrari, militante do Luta Popular, movimento que atua nas periferias de São Paulo e em outras regiões, reconhece a participação do MPL como fundamental para dar continuidade nas ruas. “O MPL foi um movimento que deu um ponta pé inicial para a retomada das ruas. O MPL foi primordial para lutar por um movimento que é de todos”, afirma.

Preis aponta que o movimento sempre busca a participação popular para que todos tenham maior apropriação da pauta. Para ele, é mais produtivo quando as pessoas participam das discussões. “Então a gente não chega lá [nas periferias] para dar palestra. A gente chega para discutir mesmo, de uma forma mais horizontal”, conclui.

Publicado originalmente em Brasil de Fato.


A hora e a vez da periferia
Por José Francisco Neto/Brasil de Fato

Milhares de pessoas ligadas a movimentos populares saem às ruas da zona sul e zona leste de São Paulo [Foto: Outras Palavras/Periferia Ativa]

Através das diversas atividades que são realizadas pelos grupos da periferia, a gente reforça durante as nossas atuações para não dar qualquer espaço para que nazifascistas se aproveitem da situação

Quando o assunto é transporte público de má qualidade fica evidente que o usuário mais comum é o morador de bairros periféricos. Quando se fala em violência policial, hospitais lotados, moradia precária e falta de saneamento básico, as vítimas continuam sendo as mesmas pessoas. Por esses e outros motivos é que a periferia resolveu descer do morro para o asfalto de forma conjunta para reivindicar melhorias nos serviços públicos localizados.

Aproveitando o calor das manifestações que explodem no país inteiro, o momento não poderia ser melhor. De meados para o fim de junho, milhares de pessoas ligadas a movimentos populares e culturais se juntaram aos trabalhadores e saíram às ruas do Campo Limpo, de Guaianazes e do Capão Redondo. O Movimento Passe Livre (MPL), que iniciou as manifestações pela redução da tarifa em São Paulo, também esteve presente nas manifestações.

“Com a ida às periferias, os movimentos e os trabalhadores ganham força, conscientização e clareza de objetivos, de amigos e inimigos, para voltar ao centro da cidade e tomar as ruas de forma mais coesa, com maior unidade entre seus dirigentes e com mais firmeza de suas exigências”, avalia Helena Silvestre, do Movimento Luta Popular.

Neofascistas

Entretanto, além dos problemas enfrentados cotidianamente nas periferias, um outro agravante fez com que as pessoas e os movimentos populares se unissem ainda mais. No dia 20 de junho, durante o ato comemorativo do MPL na avenida Paulista, movimentos sociais e partidos de esquerda foram duramente expulsos à pancadaria por grupos de skinheads, considerados pelos movimentos como “neofascistas”. O que era para celebrar a vitória pela redução das tarifas do transporte público, terminou em agressividade e violência.

Diante desse episódio que abalou as organizações populares, dois dias depois foi convocada uma reunião no Sarau da Cooperifa, na zona sul de São Paulo. Artistas, lideranças comunitárias, militantes de coletivos culturais e movimentos sociais das periferias se reuniram para discutir o atual cenário político do país, avaliado pelos presentes como imprevisível e alarmante.

Ruivo Lopes, integrante do coletivo Perifatividade, que realiza saraus na zona sul da capital paulista, participou da reunião. Ele ressaltou a importância de a periferia se organizar ainda mais em momentos como esse.

“Através das diversas atividades que são realizadas pelos grupos da periferia, a gente reforça durante as nossas atuações para não dar qualquer espaço para que nazifascistas se aproveitem da situação”, declara.

E, realmente, não tiveram espaço. Milhares de pessoas tomaram às ruas nos últimos dias de junho de forma pacífica, bloquearam avenidas e gritaram pelos seus direitos.

Seguir na luta

Após o ato realizado no dia 25 de junho pelos movimentos sociais e culturais das periferias, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se reuniu com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do movimento Terra Livre. Foram discutidas questões como moradia, transporte e reajuste do auxílio-moradia.

Durante uma coletiva de imprensa, o governador anunciou que reajustará o valor do auxílio de R$ 300,00 para R$ 400,00.

“Vamos igualar o benefício para os moradores da região metropolitana, onde o aluguel é mais caro”, explicou.

Presente na reunião, Thais Miranda, integrante do movimento Terra Livre, considera que, apesar do avanço no diálogo, só aumentar o bolsa aluguel é uma medida paliativa.

“Mas isso tem que servir pra gente seguir na luta. As pessoas estão com esse sentimento que só a luta muda a vida. Isso tem que servir para a gente seguir o nosso trabalho de base”, diz.

Publicado originalmente em Brasil de Fato.