quinta-feira, 26 de junho de 2014

Tenda Literária ocupa praça com roda de conversa, música e sarau



 Se ligaí! Neste domingo, 29, às 15h, tem a volta da Tenda Literária, ação cultural itinerante que mistura linguagens artísticas com destaque para a literatura. Na programação: sou o convidado para a roda de conversa "Saraus como instrumento de ação política", apresentações musicais de Lika Rosa, Juntas na Luta e, claro, sarau com microfone aberto para a poesia correr solta. A Tenda Literária vai acontecer na Praça Presidente Vargas, no Mercadão de Guaianases, zona leste de SP. Vem  pra roda conversar, será um prazer. Participe!

Veja como é fácil chegar:


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Direito pros manos e pras manas: globalização, resistência e Hip Hop



Se ligaí! | O Fórum de Hip Hop Municipal de São Paulo promove nesta quinta-feira, 26, às 18h, na Ação Educativa (Rua General Jardim, nº 660, Vila Buarque, região central de SP), o lançamento do projeto "Direito pros Manos e pras Manas 2014". Na programação: exibição do documentário “Encontro com Milton Santos, ou o mundo global visto do lado de cá”, bate papo "A cidade nos oprime e o Hip Hop me inclui 2", e as apresentações de rap com Extremo Leste Cartel Leste Cartel e Mila Sobrinho. Eu estarei lá para o bate papo depois da exibição do documentário. Participe!

domingo, 22 de junho de 2014

A burguesia fede



Não adianta disfarçar o mau cheiro com perfumes franceses de segunda porque o odor que exala da burguesia contamina qualquer recinto. É de queimar as narinas. É forte demais e provoca delírios, surtos e histeria coletiva. Deve ser por isso e algo mais que a burguesia tem ojeriza ao transporte público. Prefere os meios mais segregados e não tá nem aí se a tarifa é cara ou se é gratuita, se tem qualidade ou até mesmo se chega para a população que mora em regiões à margem das suas disputadas baladas mal cheirosas. Para ela tanto faz. A burguesia não faz uso de nenhum meio coletivo porque ela adora exclusividade. Coletivo só o camarote e olhe lá. Onde já se viu um atrevimento desses, todo mundo se esbarrando, todo mundo com todo mundo, se tocando, apertado, frequentemente sorrindo da própria desgraça. A burguesia prefere outros lugares, outras ilhas hedonistas. Aliás, a burguesia tem ojeriza a tudo o que é público!
Outra coisa, a burguesia brasileira adora se comportar como estrangeira. Ela é crack nisso. Ela não vive o Brasil, ela tá em permanentemente visita ao Brasil. Vem daí seu deleite por uma bagunça de fachada. Por isso a burguesia se acha VIP, very important person, ela deixa sua insignificância de origem e compra sua importância de vitrine, pagando muito caro pelo seu espaço privado. Ela só aceita tá junto se for na área VIP, desde que cada um no seu quadrado. Como todo gringo que vem ao Brasil fazer aquilo que não faz em sua própria casa, a burguesia se derrete pelo exotismo, come "cocrete", coxinha, arrota caipirinha e no final lava a boca com Chandon. A burguesia mais do que ninguém sabe pôr cada qual no seu lugar, pode ser na recepção, barrando intrusos, no palco pra branquinho aplaudir, embalando os embalos, ou na cozinha bolando os bolinhos. Ai daquele que sair do seu lugar e resolver melar a festa dos exclusivos. Será linchado, como nos velhos tempos de hoje em dia.
A burguesia não torce pelo Brasil, ela finge mal e porcamente que gosta deste país. Ela não tem nenhum apego pelo Brasil, na primeira oportunidade ela entrega até as calças porque não tem vergonha de ficar nua... Para os gringos, claro. Embora seja previsível, aguada, sem graça, a burguesia fica furiosa quando é tratada como uma qualquer. Embrutece, mete o dedo no nariz alheio, vomita patentes, diplomas, medalhas, sobrenomes, meritocracias para que se saiba com quem está falando, e claro, ostenta muito para mostrar quem é que manda na jogada.
A revolta da burguesia é pagar caro pelo privilégio de fazer parte do clube dos endinheirados mas ter que pegar fila pra comprar Chandon no bar e ter que esperar para usar o banheiro das baladas “top”. Ela odeia pagar impostos, quando pode sacaneia, dá um jeitinho, paga por fora, suborna, mas na primeira oportunidade regurgita o mantra “pago meus impostos em dia”. Reclama pelo retorno baixo para uma burguesia tão baixa.  Para a burguesia cidadania tem preço e direitos são meras conveniências de salão. Nascida e criada em berço de ouro, pirracenta, desbocada e mimada, a burguesia não tem o menor apreço pelo o que é público, levando em consideração somente seu mundo privado de privilégios de sempre. Assim, seu drama pelo copo vazio ou o aperto para não se mijar perna abaixo ou se borrar nas calças é, sim, pensa ela, um drama social... high-society, mais precisamente, tão importante quanto saúde e educação... Privadas, claro, como aquelas reivindicadas nos banheiros “top”.
Ninguém mais do que a burguesia é tão cagona, covarde e cínica. A verdade é que a burguesia não tem convivência, ela se olha constantemente no espelho mesmo quando não tá em casa. Por isso ela é tão igual, pálida, açucarada, enjoativa. O isolamento social da burguesia a faz ter medo do outro que ela não vê no próprio espelho. E ao outro, a burguesia reserva a fúria dos pastores alemães, o gatilho fácil das policias e as masmorras de moer gente anos a fio. A indiferença da burguesia é bárbara. Enquanto o outro é estraçalhado pelos dentes caninos, rasgado pelas balas ou se degrada no fundo de uma cela, a burguesia faz festa... E não é pouca, não. Para a burguesia nada é mais importante do que o patrimônio e um baço a salvos.  Refém do próprio medo, a burguesia come o próprio rabo... todo cagado!

domingo, 15 de junho de 2014

São Paulo: o lado norte da arte


Sarau Elo da Corrente nasceu em Pirituba, Zona Norte de São Paulo, em 2007 [Foto: Leandro Fonseca]

Por Leandro Fonseca | Jaçanã | São Paulo | SP

Os distritos de Brasilândia e Pirituba, na Zona Norte da cidade de São Paulo, têm em comum, além do baixo índice de desenvolvimento humano e a escassez de equipamentos culturais, a vitalidade de uma cena cultural surgida nos saraus. Sem apoio ou recursos outros que o empenho de seus organizadores, estes eventos promovem iniciativas culturais como bibliotecas comunitárias, shows e declamação de poesia.

No número 288 da rua Jurubim, pairava um ar de festa. Bandeirolas em verde e amarelo, pôsteres do Santos Futebol Clube e tecidos coloridos por todos os cantos enfeitavam o interior do Bar do Santista. No estreito balcão, copos e garrafas de cerveja se misturavam aos livros e poesias. Já havia anoitecido em Pirituba, no extremo norte de São Paulo, e todos ali aguardavam o Sarau Elo da Corrente começar.

O evento anima as noites da pequena localidade desde 2007. Pirituba tem, de acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 168 000 habitantes, e apenas 1,29% dos equipamentos culturais públicos da cidade. Para Raquel Almeida, uma das fundadoras do Elo da Corrente, a escassez desses espaços impulsionou a criação do sarau. “Isso influenciou o sarau ser feito num bar e construirmos um espaço cultural”, diz.

A iniciativa partiu dela, de Michel Yakini e do grupo de rap Alerta ao Sistema, colegas na rádio comunitária Urbanos FM. Juntos, começaram organizando o lançamento de um livro no Bar do Santista. E não pararam mais. A proximidade do grupo com a poesia e a música influenciou no formato do sarau. “A poesia tá muito forte na nossa vida cotidiana, em casa, nas ruas, assim como a música”, diz Raquel.

Para Michel, os saraus refletem o encontro do rap e da cultura nordestina. O rap se propagou nas periferias de São Paulo e ajudou no surgimento de saraus e grupos artísticos. A cultura nordestina, por sua vez, está presente nestes bairros através dos migrantes que lá se instalaram. “Por isso, encontramos nos versos de quebrada a diversidade que a periferia carrega em seu colo”, opina.

Zé Correia é frequentador assíduoFrequentador assíduo do sarau há muitos anos, o aposentado Zé Correia, 75, representa esta mistura. Baiano, ele teve contato na infância com a literatura de cordel. “Fui pra escola por dois anos, sou analfabeto. Tenho livro, tenho cordel, faço minhas poesias. Foi um dom que Deus me deu, mas me considero analfabeto”. Para ele, participar do sarau também propicia uma vida em coletividade. “Se eu não estivesse aqui uma hora dessas, estaria isolado em casa”.

A estudante Yasmim Frajuca, 21, participava pela primeira vez do encontro, convidada por um amigo. Para ela, o sarau abre as portas para a arte. “O Elo da Corrente, em especial, localizado na periferia, tem muita relevância nisso. Arte viva, gente compartilhando e aplaudindo arte do irmão”, conta.

Atualmente, o evento é capitaneado por Michel, Raquel, Santista e Douglas Alves, todos de Pirituba. “O restante do bairro respeita nosso encontro, ajuda a divulgar, dialoga e procura entender”, diz Michel. Há também a participação de professores e alunos das escolas da região. Além disso, o sarau atua em parceria com outros coletivos da zona norte e conta, desde 2011, com uma versão itinerante no circuito das bibliotecas públicas de São Paulo, através do projeto “Literatura Periférica, Veia e Ventania nas Bibliotecas de São Paulo”. “Nem todo mundo frequenta e gosta de bar” observa Raquel, apontando que os espaços têm públicos diferentes.

Para Michel, o sarau proporcionou transformações em Pirituba, desmanchando o estereótipo de que periferia é sinônimo de criminalidade. Além da poesia, o Elo da Corrente mantém outras atividades no local, como oficinas de grafite, stêncil e capoeira, e cursos para editais públicos e vestibular.

Na Brasa, a poesia

Em Brasilândia, também na Zona Norte de São Paulo, outro bar assumiu a função de centro cultural graças à ação de um grupo de amigos. O Bar do Carlita recebe o Sarau Poesia na Brasa todos os meses, desde 2008. “A ideia era fazer um centro cultural, mas como não tínhamos pernas naquele momento, optamos por alcançar ou tentar alcançar o maior número de moradores do bairro num local comum”, conta Michell da Silva, 30, popularmente conhecido como Chellmí, um dos idealizadores do sarau. “Daí então surgiu a ideia de fazer dentro do bar, que é um dos espaços que consideramos democráticos na quebrada”.

Assim como em Pirituba, Brasilândia não possui espaços culturais, embora contabilize 265 000 habitantes no Censo de 2010. “Os poucos que têm muitas vezes não se preocupam em dialogar conosco e com outros grupos da região, aí fica difícil”, afirma Chellmí. Dos 96 distritos em São Paulo, a região ocupa o 89º lugar na lista dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs), o pior da Zona Norte paulistana.

O grupo que compõe o Coletivo Cultural Poesia na Brasa conta também com Vagner Souza, Sonia Regina Bischain, Samanta Biotti, e Sidnei das Neves. Além da atividade em si, eles mantêm dentro do bar a biblioteca comunitária Carlos de Assumpção. Nela, há títulos como “Terras do Sem Fim”, de Jorge Amado, “O Visconde Partido ao Meio”, de Italo Calvino e “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco. “Quem quiser leva livro emprestado sem burocracias institucionais. Isso é libertário” opina Chellmí.

O músico Otavio Correia, 24, foi ao sarau pela primeira vez em 2011, incentivado por amigos, membros do coletivo. Para ele, os saraus que atuam nas periferias oferecem antes de tudo um espaço de criação, de disseminação cultural e de construção de pensamento coletivo. “[Os saraus] ajudam na percepção dos mecanismos de opressão, disseminando a cultura popular e mantendo-a viva”, afirma.

No Sarau Poesia na Brasa, em Brasilândia, música tem lugar importanteTambores e pandeiros costumam dar ritmo ao Poesia na Brasa, junto com a declamação de versos. “Começar cada encontro do sarau com o rufar dos tambores, atabaques e outros instrumentos tradicionais encontrados em terreiros, rodas de samba e maracatus é fundamental para compreender as raízes às quais se referem o sarau”, explica Ruivo Lopes, 35, poeta, educador popular e ativista pelos direitos humanos, que frequenta também o sarau desde 2011.

Segundo Sonia, outra virtude dos saraus é a de dar voz e espaço a talentos artísticos do bairro. “Você encontra um monte de gente que escreve muito bem e que não teve nenhuma oportunidade antes de mostrar. Aqui é um espaço aberto. O cara quer cantar uma música, ele canta. Escreve um verso em casa, vem aqui e lê”.

O sarau que nasceu da luta

Esta também é a opinião do jornalista Cleber Arruda, 32, um dos organizadores de outro sarau em Brasilândia, o Sarau do Damasceno. “Depois do sarau, a gente descobriu escritores dentro do Damasceno, três bandas diferentes. Tem muita gente boa aqui produzindo e que precisa também de um espaço pra se apresentar”.

O Sarau do Damasceno surgiu em 2013, quando a Prefeitura de São Paulo anunciou o projeto de interdição do Espaço Cultural Jardim Damasceno, existente há mais de 20 anos. “Nascemos nesse momento de pensar como fazer resistência. Saiu essa ideia do sarau”, comenta Noêmia de Oliveira Mendonça, 54, uma das organizadoras do evento.

Como nos outros casos, a região sofre com a falta de equipamentos culturais públicos. Segundo Cleber, o Jardim Damasceno não possui outros saraus. “As pessoas nem sabem o que é sarau, aqui. Se precisar ir num próximo, tem o da Brasa, ou pegar um ônibus pra curtir alguma coisa porque falta esse tipo de equipamento cultural”.

O primeiro encontro do sarau teve como atração a banda de forró do bairro, Fakes do Baile. O evento acontece todo segundo sábado do mês, mesmo sem recursos. “Tudo é feito a partir da iniciativa do grupo aqui. A dificuldade também é de trazer gente. Sempre tem que ter alguma coisa que mobilize, que não seja só poesia”.

A maior satisfação do grupo é ver nascer o gosto pela literatura nas crianças. “As crianças estão pegando o livro e lendo, perdendo a vergonha de pegar o microfone e começar a ler”, conta Cleber. “Quem mais tem comprado a ideia do sarau são as crianças e os adolescentes, mais do que os adultos. Eles cobram o dia do sarau”, completa Noêmia.

Iva Mendes, 39, outra organizadora do sarau, espera que o trabalho possa mostrar à juventude que existem alternativas na região. “Infelizmente moramos num bairro muito carente, onde o uso das drogas é muito evidente, por falta até mesmo de espaço pra atividades culturais”, afirma. Para ela, ainda é um desafio fazer com que os jovens participem mais do evento. “Infelizmente, sarau, pra juventude, é coisa pra velho. A gente pretende mostrar pra juventude que o sarau, a poesia, a música não são coisas de velho, é coisa de jovem também”, finaliza. 


A reportagem foi publicada originalmente no sítio Viva Favela, em 06/06/2014.

domingo, 8 de junho de 2014

Manifesto Periférico


Periferia de São Paulo [Foto Sharylaine]

MANIFESTO PERIFÉRICO

Pela Lei de Fomento à Periferia

SALVE PERIFERIAS!

Pra entender os escritos e as vozes do lado de cá, antes, é preciso entender o que vemos como PERIFERIA.

Compreendemos PERIFERIA como espaço urbano geograficamente identificável, abrigo das classes trabalhadoras brasileiras, da maioria da população negra, indígenas urbanos e imigrantes e cujos traços culturais são entoados pela heterogeneidade resultante do encontro (nem sempre pacífico) desta convivência multicultural atravessada pela desigualdade social. Periferia, não por acaso, substantivo feminino no qual se inscreve a história corrente de inúmeras mulheres. Museu sem teto ou paredes, bolsões de expressões ancestrais, tradicionais e experimentações inovadoras, cuja geografia é território, marca identitária e também espaço de exclusão econômica, com excesso de polícia e ausência de políticas públicas que procurem agir na resolução das consequências de um processo histórico de brutalidades sociais, desigualdades e injusta distribuição de riquezas.

O termo PERIFERIA convocado neste manifesto representa um ato político. Assumi-la como marca identitária significa evidenciar as disparidades sociais, econômicas, geográficas e culturais historicamente impostas, assim como, neste contexto, considerar a desproporção de verbas públicas destinadas à produção cultural das quebradas.

Reconhecer a capacidade de sua população em mediar as contradições por meio da produção cultural e da elaboração cotidiana de mecanismos que garantam a sobrevivência coletiva, é compreender este território periférico como lugar de resistência política. Ainda que as periferias tenham características específicas entre si, a unidade está aí: relacionam-se com a questão urbana em posição de desvantagem política, visto que historicamente os olhos das políticas públicas buscaram privilegiar investimentos nas áreas centrais da cidade, estimulando, mesmo que não intencionalmente, novas lógicas de convivência, sociabilidade e manifestações culturais nos territórios periféricos.

 O que buscamos é a reparação histórica, é inverter a lógica do mercado. Fundamentados no ponto de vista de quem vive e produz cultura neste lugar, a periferia, e por entender a tirania do processo de mercantilização que a tudo padroniza e homogeneíza; que busca transformar em mercadoria toda a produção humana e que, portanto, exerce forte pressão às manifestações culturais nas quebradas para que se transformem em produtos à venda.

Reivindicamos do Estado sua contraparte, assegurando políticas públicas que viabilizem nossas práticas artísticas e culturais não baseadas no lucro e na exploração; que existam mecanismos de fomento onde a gratuidade seja garantida, a auto-sustentabilidade econômica não seja uma meta, a subjetividade das periferias não seja transformada em mercadoria e que as nossas produções não estejam reféns de um gosto universalizado, tampouco nossas particularidades simbólicas sejam catalogadas como moeda de troca.

O governo do Estado, há cerca de duas décadas, é pautado por políticas neoliberais, sem praticamente qualquer política pública voltada para grupos culturais ligados aos movimentos sociais. Na cidade de São Paulo, embora exista políticas mais arejadas e com maior diálogo com os movimentos, ainda há muito por fazer e avançar. Nossa contribuição parte da premissa de que a discussão sobre financiamento direto, garantido em lei, e descentralização de verbas é necessária e se faz urgente.

Defendemos que os estados e municípios parem de despejar milhões de reais, fruto de arrecadações dos cidadãos, para o pagamento de JUROS das dívidas públicas – que representa hoje 13% do orçamento do município de São Paulo[1], em detrimento do investimento de apenas 0,7% de seu orçamento na cultura[2] (situação repetida nas esferas estaduais e também federal). Esta política de irresponsabilidade social engessa todos os governos, independentemente da coloração partidária e desconsidera a maior parte da população, a população periférica, produtora das riquezas com a força de seu trabalho e, ao mesmo tempo, distanciada do usufruto desta produção.

FOMENTO PERIFERIA

Enquanto sujeitos periféricos residentes e atuantes às margens metrópole, propomos e defendemos a criação de uma LEI de FOMENTO à PERIFERIA, capaz de estruturar econômica e poeticamente as coletividades das quebradas.

O QUE É o FOMENTO PERIFERIA? É uma Política pública de investimento direto, estruturada em lei e com dotação orçamentária própria, cuja iniciativa potencialize a capacidade criativa e a articulação dos coletivos artísticos periféricos, levando em conta a sua pluralidade materializada em poéticas diversas.

A QUE(M) SE DESTINA? Direcionada à produção cultural periférica, cujo protagonismo é o de coletivos culturais com atividades continuadas.

O QUE APOIA? Fomentará pesquisas, criação, formação, difusão e manutenção das atividades artístico-culturais, assim como manutenção dos espaços públicos ociosos por estes coletivos, ocupados e geridos com garantia de autonomia política e administrativa.

NO QUE DIFERE DE OUTRAS LEIS E EDITAIS? Diferente de outras iniciativas também importantes como o VAI II e Pontos de Cultura, por contemplar não somente sedes “pontos específicos” e por dispor de maior aporte econômico às parcelas contempladas. O Fomento Periferia cobre uma lacuna que inviabiliza os saltos poéticos a que estamos inscritos.

OU SEJA... Uma POLÍTICA PÚBLICA proposta e produzida por agentes culturais periféricos de modo a distanciar-se da lógica mercantilista, do caráter eventual das ações culturais e da competitividade desigual dos editais, considerando a cultura um direito humano, garantindo a descentralização dos recursos e uma produção cultural autônoma, singular e continuada, orientada pelas relações sociais estabelecidas por/entre agentes artístico-culturais e suas comunidades.

É nóis por nóis!

FÓRUM DE CULTURA DA ZONA LESTE