terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Culturas das periferias nas ondas da Rádio Heliópolis


Sintonizaí! 

Nesta terça (31), às 16h, tem Agenda Cultural da Periferia na Rádio Comunitária Heliópolis FM. Tem dica cultural gratuita (sarau, lançamento de livros, bate-papo, apresentações de teatro, dança, música)? Madaí nesta mesma postagem (o link da atividade ou data, hora e local detalhados) e ouça pela internet: www.radioheliopolisfm.com.br ou sintonize 87,5 FM nas imediações da comunidade!

domingo, 29 de janeiro de 2017

Em SP, exposição sobre pichação política foi prorrogada até fevereiro na Passagem Literária da Consolação


Se ligaí!

Uma ótima notícia para a cultura, a arte e a convivência democrática no espaço público urbano de São Paulo.

A exposição Opinião Pública Diret(a): pichação e política nas ruas das cidades, com mais de 40 fotografias que contam mais de uma década de registros de pichações políticas em cidades do Brasil e da América Latina, foi prorrogada até 28 de fevereiro na Passagem Literária da Consolação (esquina com a avenida Paulista).

Nenhuma das pichações fotografadas existe mais. Elas foram apagadas pelas decisões higienistas de governantes autoritários que pretendem deixar as cidades cinzas, mais frias e torná-las menos públicas para a maioria da população.

Do colorido das mensagens emitidas nos muros das cidades, sobrou apenas o registro fotográfico delas.

Faça uma visita, deixe sua mensagem, compartilhe e convide amig@s!

Exposição fotográfica "Opinião Pública Diret(a): pichação e política nas ruas das cidades"
Até 28 de fevereiro, nos horários: de segunda a sexta, das 7h30 às 20h; sábado, das 10h às 22h; domingo, das 16h às 20h; feriados, das 10h às 20h.
Passagem Literária da Consolação (esquina com a avenida Paulista), São Paulo.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A periferia nas ondas da Rádio Heliópolis, especial "São Paulo 463 anos: as periferias no centro da cultura paulistana"

Bate papo com o poeta Costa Senna e jovens da Guatemala e República Dominicana no Bairro Educador UNAS Heliópolis.

Sintonizaí! 

Nesta terça (24), tem Agenda Cultural da Periferia na Rádio Comunitária Heliópolis FM, especial "São Paulo 463 anos: as periferias no centro da cultura paulistana". 

Tem dica cultural gratuita (sarau, lançamento de livros, bate-papo, apresentações de teatro, dança, música)? Madaí nesta mesma postagem (o link da atividade ou data, hora e local detalhados) e ouça pela internet: www.radioheliopolisfm.com.br ou sintonize 87,5 FM nas imediações da comunidade!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A periferia nas ondas da Rádio Heliópolis convida o poeta popular Costa Senna


Sintonizaí! 

Nesta terça (17), às 16h, tem Agenda Cultural da Periferia na Rádio Comunitária Heliópolis FM. Entre uma dica cultural e uma trilha sonora, recebo pra um bate-papo o poeta popular, cearence-paulsitano e sexagenário Costa Senna, que virá falar sobre "60 vezes eu", seu livro mais recente.

Tem dica cultural gratuita (sarau, lançamento de livros, bate-papo, apresentações de teatro, dança, música)? Madaí nesta mesma postagem (o link da atividade ou data, hora e local detalhados) e ouça pela internet: www.radioheliopolisfm.com.br ou sintonize 87,5 FM nas imediações da comunidade!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Em SP, exposição sobre pichação política ocupa Passagem Literária da Consolação


Se ligaí! 

A exposição "Opinião Pública Diret(a): pichação e política nas ruas das cidades", apresenta mais de 40 fotografias de mais de uma década de registros de pichações políticas em cidades do Brasil e da América Latina. 

Nenhuma das pichações registradas existe mais. Elas foram apagadas pelo higienismo cinza que marca a frieza da maioria das grandes cidades, sobrando apenas o registro fotográfico delas. 

A abertura está marcada para domingo, dia 15, a partir das 10h, na Passagem Literária da Consolação (esquina com a avenida Paulista). 

Faça uma visita, compartilhe e convide amig@s! 

Exposição fotográfica "Opinião Pública Diret(a): pichação e política nas ruas das cidades"
Abertura: domingo, dia 15, a partir das 10h
Passagem Literária da Consolação (esquina com a avenida Paulista), São Paulo

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A periferia nas ondas da Rádio Heliópolis



Sintonizaí! 

Apresento hoje (10), às 16h, o programa Agenda Cultural da Periferia na Rádio Comunitária Heliópolis FM. Ideias, músicas e dicas culturais das quebradas do mundaréu. 

Tem dica cultural gratuita (sarau, lançamento de livros, bate-papo, apresentações de teatro, dança, música)? 

Madaí nesta mesma postagem (o link da atividade ou data, hora e local detalhados) e ouça pela internet: www.radioheliopolisfm.com.br ou sintonize 87,5 FM nas imediações da comunidade!

domingo, 8 de janeiro de 2017

Ode ao massacre é parte do golpe

Jovens e negros são maioria da população carcerária brasileira

Em relação aos dados sobre cor/raça verificou-se que, em todo o período analisado (2005 a 2012), existiram mais negros presos no Brasil do que brancos.

Após o presidente Michel Temer ter chamado de "acidente" o massacre que já deixou mais de 90 pessoas presas mortas nos presídios do norte do país, foi a vez do secretario nacional de Juventude - a quem prefiro não mencionar o nome para que retorne as profundezas da insignificância e do anonimato - fazer elogios a matança e lamentar por não acontecer "uma chacina por semana". 

As declarações de representantes do governo não deixam dúvidas sobre a responsabilidade do Estado em mais este episódio lamentável de grave violação dos direitos humanos no Brasil. 

Ao referir-se ao massacre como "acidente", Temer assume, como em qualquer acidente, a possibilidade de evitá-lo por meio da prevenção. Uma vez ocorrido, cabe identificar os responsáveis pelas imprudências - no caso omissões - cometidas e responsabilizá-los, neste caso autoridades brasileiras, inclusive chefes de estado. 

Já sobre o agora ex-secretário de Juventude, que é filho de policial militar com carreira política no PMDB-MG, sua apologia ao massacre pode ser compreendida no âmbito de um governo que assumiu o poder por meio de golpe. 

Cabe destacar que a Secretaria Nacional de Juventude foi criada em 2005, pelo então presidente Lula, com objetivo de defender direitos da população jovem brasileira e criar políticas públicas que garantam seu desenvolvimento, inclusão e dignidade. 

Como se já não bastassem as declarações de Temer e seu ex-secretário nacional de Juventude, o ministro da casa civil, Eliseu Padilha, disse que o então secretário de Juventude "falou sobre um assunto que não era da área dele". 

O ministro está equivocado. Em 2015, a Secretaria Nacional de Juventude publicou um estudo inédito intitulado “Mapa do Encarceramento – Os jovens do Brasil”, uma publicação que faz parte do Plano Juventude Viva e traz um diagnóstico sobre o perfil da população carcerária no país. 

Realizado em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República, da então Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, o estudo analisou dados do Sistema Integrado de Informação Penitenciária (InfoPen), e constatou que os jovens representavam 54,8% da população carcerária brasileira. 

Em relação aos dados sobre cor/raça verificou-se que, em todo o período analisado (2005 a 2012), existiram mais negros presos no Brasil do que brancos. 

Em números absolutos: em 2005 havia 92.052 negros presos e 62.569 brancos, ou seja, considerando-se a parcela da população carcerária para a qual havia informação sobre cor disponível, 58,4% era negra.

Já em 2012 havia 292.242 negros presos e 175.536 brancos, ou seja, 60,8% da população prisional era negra. 

O estudo concluiu que quanto mais cresce a população prisional no país, mais cresce o número de negros encarcerados. 

O relatório, ainda disponível na página oficial da secretaria, pode ser acessado na integra aqui: https://goo.gl/O1ZuGl!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A democracia passa ao largo dos presídios brasileiros

Foto: Divulgação

A democracia passa ao largo dos presídios brasileiros

Tenho recebido informações sobre o massacre ocorrido no presídio Anísio Jobim, no Amazonas, norte do Brasil. As informações ajudam a montar um quebra-cabeça sinistro que no conjunto contribui para que possamos compreender que o massacre de 60 pessoas presas não foi fruto de geração espontânea. O massacre era uma tragédia anunciada. 

Como defensor dos direitos humanos que conheceu de perto unidades de privação de liberdade no estado de São Paulo, repito, categoricamente, que, a despeito de presos organizados em grupos rivais no interior dos presídios, assim como de uma organização privada ter recebido milhares de reais para fazer a gestão das unidades prisionais, uma vez sob custódia judicial, a responsabilidade pela preservação da dignidade humana das pessoas presas é inteiramente do Estado, não só a representação do Amazonas, mas também a Federal.

Portanto, nem governador e seus secretários, nem ministro da justiça e seus representantes locais - que já tinham informações desde 2015 do que poderia acontecer e não tomaram medidas preventivas necessárias e suficientes -, estão isentos de responsabilidade pelo horror das mortes nos presídios do estado.

O que ocorreu no Amazonas pode acontecer a qualquer momento em qualquer outro estado, uma vez que a superlotação e as péssimas condições são regra nos presídios brasileiros.

Em 4º lugar no ranking mundial de pessoas presas, no Brasil, onde não há pena de morte, uma pessoa é assassinada a cada dia em presídios. São Paulo, por exemplo, tem a maior população carcerária do país, são aproximadamente 232.502 pessoas presas em unidades de privação de liberdade. Um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento.

Embora tenha optado ainda pelo silêncio, o presidente Michel Temer, que, cinco dias após outro massacre, o do Carandiru, em 1992, tinha assumido a secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, também tem sua parcela de responsabilidade como chefe de estado.

Certamente, pela repercussão internacional do caso, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que em outras ocasiões já havia chamado atenção do país pelas práticas sistemáticas de tortura, maus tratos e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes nas unidades de privação de liberdade, interpelará o Brasil por mais este massacre.

Quando isso ocorrer, ficará claro a responsabilidade das autoridades brasileiras quando tiverem que dar explicações consistentes perante o órgão que tem prerrogativas para condenar países e autoridades por autoria ou omissão de violações de direitos humanos, como é o caso do Brasil.

O problema começa com o Judiciário que opta pela entrada cada vez mais elevada de pessoas nos presídios brasileiros. O mesmo Judiciário é omisso no monitoramento das execuções penais previstas em lei.

Neste sentido, o Brasil caminha para um colapso em seu sistema prisional há muito tempo denunciado por organizações de defesa dos direitos humanos.

Desde o fim da ditadura civil-militar, a democracia passa ao largo do sistema prisional brasileiro. Sobra pena demais para negros e pobres onde há ausência de direitos e cidadania. O resultado disso é o medo e a violência generalizada, caminho aberto para a barbárie que não se limita aos muros dos presídios brasileiros.

O Estado precisa rever seus sistemas de Justiça, Penal e Prisional. Desencarcerar é uma política humanitária que o Brasil precisa adotar com urgência!

Ruivo Lopes, educador, pedagogo e defensor dos direitos humanos.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Leiaí, "O Alien da Linha Azul", novo livro de poesia de Willian Delarte

O Alien da Linha Azul (poesia)Leiaí | Embora lançado em 2016, "O Alien da Linha Azul", lançado pela Edições Incendiárias, do poeta e contista do bairro Brasilândia, zona norte de São Paulo, Willian Delarte, abre minha dica de leitura deste ano.

Dividido em duas partes, "A margem é o eixo de tudo" e "Periferia é o centro do mundo", o livro registra mais de 60 poemas e aforismos de cunho social imersos na paisagem do autor.

O livro trás ainda, nas orelhas e contracapa, comentários de um time de escritores e agentes culturais abordando o livro e contribuindo para traçar o perfil do autor.

Para a ocasião, escrevi:

"Se poesia é síntese, Willian Delarte a faz com maestria. Os poemas reunidos em O Alien da Linha Azul traz novamente o poeta para o que parece ser sua vocação, a poesia. Poemas urbanos. Do busão pra Brasa, do Alemão pra Rocinha, de Gramacho, da Santa Cecília pra Palestina - em pedaços. São registros de personagens: Amarildo, Estamira, Madiba, sem esquecer os anônimos 'sem qualquer misericórdia'. O autor confessa que 'poetas ganham da madrugada o que se perde em vários meses'. Taí a pista dada pelo poeta, já que poesia não se ensina. Siga-a!"

Recomendo a leitura!

Livro: “O Alien da Linha Azul ", 116 páginas
Gênero: Poesia
Autor: Willian Delarte
Editora: Edições Incendiárias, 2016
Contato: (11) 96609-8994
Facebook: Willian Delarte
Blog: www.williandelarte.blogspot.com.br

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Ninguém é inocente

[Foto: divulgação]

Ninguém é inocente

Não só Manaus, como também o Brasil e o mundo, sabiam que o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), o maior do estado e em condições desumanas, era um barril de pólvora prestes a explodir. A tragédia , que deixou ao menos 60 presos mortos - decapitados e mutilados -, era anunciada. Não é de hoje que os presídios brasileiros estão entre as piores instituições de privação de liberdade do mundo. Um verdadeiro inferno na Terra!

Há décadas, todos os anos, organizações nacionais e internacionais de defesa dos direitos humanos criticam o sistema prisional brasileiro, o aumento vertiginoso do encarceramento em massa, as péssimas condições das instituições dos presídios e as práticas sistemáticas de tortura, maus tratos e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes.

É inaceitável, negligente e, portanto, criminosa a narrativa de que presos organizados em grupos dominem, rivalizem e promovam tantas mortes horríveis no seio de instituições inertes que pertencem ao sistema de Justiça e Segurança Pública brasileiros. Ninguém é inocente quando pessoas cumprindo pena sob a guarda do Estado - em qualquer circunstâncias - tem a sua dignidade humana brutalmente atacada.

Admitir que pessoas presas em condições desumanas e degradantes, que são regra nos presídios brasileiros, tem o controle das unidades é admitir a falência do Estado. Instituições de privação de liberdade são instituições totais e disciplinares, como diria Foucault, mas para o secretário de Segurança do Amazonas, que afirmou numa entrevista que, apesar do massacre, a situação já estava "sob controle", isso parece conveniência.

O sistema de Justiça, por pior e seletivo que seja - pessoas negras e pobres são regra nos presídios brasileiros -, deveria ser um anteparo da barbárie. É o sistema de Justiça que deveria exercer o controle sobre as unidades prisionais como previsto na Constituição, na Lei de Execuções Penais e nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos assinados pelo Brasil. Quando negligente, o Estado brasileiro passa também a ser conivente com a barbárie e, portanto, também comete crime de responsabilidade.

Um juiz que participou da negociação com os presos para convencê-los a terminar a rebelião, disse, na ocasião, que nunca tinha visto nada parecido em sua vida, referindo-se aos corpos mutilados encontrados no presídio. Ora, no momento da rebelião, havia no presídio 1.224 pessoas presas, embora a lotação seja de 454. O juiz ainda não tinha visto, comunicado e alertado sobre a superlotação, como manda a Lei, causa de inúmeras rebeliões nos presídios brasileiros?

Desde o massacre de ao menos 111 pessoas presas, no extinto Carandiru, em 1992, em São Paulo, sucessivos governos fracassam e negligenciam o tratamento dado as pessoas presas no Brasil. Em 2002, 27 pessoas foram mortas no presídio Urso Branco, em Rondônia; em 2004, mais 30 mortos no presídio Benfica, no Rio de Janeiro; e em 2013, mais 13 mortos em Pedrinhas, no Maranhão. Agora, ao menos mais 60 em Manaus.

Enquanto o Judiciário parece determinar prisões e penas a atacado, o número de pessoas presas no Brasil só tem aumentado, contando atualmente com 656 mil pessoas presas. E os números não param de crescer ano a ano, chamando atenção de organizações de defesa dos direitos humanos que pedem pelo fim do encarceramento em massa no País.

Cada vez mais entorpecida por um sentimento de vingança, a sociedade brasileira parece anestesiada diante da gravidade de que em se tratando de mortes que ocorreram sob a guarda do Estado, ela também responsável. Confundindo justiça com vingança, legitima e retroalimenta sua participação na barbárie.

Não importa os crimes que cometeram. Quando uma pessoa cumpre pena num presídio ela deve ter sua dignidade respeitada e protegida conforme a Lei. Não permitir a vingança é a melhor lição que o Estado e, portanto, a sociedade, pode oferecer as pessoa presas.

Não se sabe quando, aonde nem quantos mais mortos em presídios brasileiros poderão vir na sequência. Enquanto o respeito aos direitos humanos não for realidade nos presídios e a Justiça brasileira não promover o desencarceramento em massa, a marcha fúnebre, infelizmente, prosseguirá!

Ruivo Lopes, educador, pedagogo e defensor dos direitos humanos.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Abrimos caminhos para uma São Paulo melhor


Abrimos caminhos para uma São Paulo melhor

Entre os anos de 2014 e 2015, participei do Grupo de Trabalho que elaborou o Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de São Paulo. Formado por representantes da sociedade civil, especialistas, do Executivo e Legislativo municipais, o GT foi responsável por elaborar o primeiro Plano desta natureza na cidade de São Paulo. Depois de elaborado, o PMLLLB foi instituído pela Lei nº 16.333, na Câmara Municipal, pelo vereador Antonio Donato (PT), e sancionado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em dezembro de 2015. De responsabilidade executiva da Secretaria Municipal de Cultura e da Secretaria Municipal de Educação, o PMLLLB foi elaborado em um processo participativo, democrático e popular.

Dos princípios fundamentais do PMLLLB que definimos, destaco: “o reconhecimento à leitura como direito humano, a compreensão de sua natureza formativa e o incentivo à imaginação, à criação e à educação literária”; “o estímulo à bibliodiversidade, em todas as suas formas”; “a defesa e a promoção da diversidade cultural, de gênero, étnico-racial, política e de pensamento”; “o reconhecimento às tradições escritas e orais”; e finalmente, “a leitura e a escrita como meios fundamentais de produção, reflexão e difusão da cultura, da informação e do conhecimento”.

Princípios que orientam os objetivos do PMLLLB, dos quais destaco: “tornar São Paulo uma cidade leitora de expressiva produção literária, com políticas concretas e equipamentos condizentes e presentes em todas as regiões”; e “promover e fomentar a literatura não-hegemônica, a literatura marginal periférica e a literatura de mulheres, negros e LGBT”.

Para assegurar que os programas, projetos, aprimoramentos, ações, iniciativas e investimentos nas áreas específicas do PMLLLB se tornassem realidade, inserimos na Lei um conjunto de metas de curto, médio e longo prazo nos seguintes eixos que estruturam o Plano: “democratização do acesso”; “fomento à leitura e à formação de mediadores”; “valorização institucional da leitura e incremento de seu valor simbólico”; “desenvolvimento da economia do livro”; e por fim, “literatura”.

Pois bem, em 2016, fui convidado para coordenar a Divisão de Programação Cultural do Sistema Municipal de Bibliotecas (SMB) de São Paulo. Aceitei o convite porque, comprometido com os princípios, objetivos e metas do PMLLLB, eu poderia contribuir para que a programação cultural do SMB, o maior da América Latina com unidades e serviços presentes em todas as regiões da Cidade, pudesse expressar o que havíamos previsto no Plano, agora, não mais como ações isoladas, mas articuladas como política pública para potencializar ações nas áreas do livro, leitura, literatura e bibliotecas em São Paulo.

Para orientar meu trabalho, recebi da coordenação do SMB diretrizes que foram inspiradas pelo PMLLLB, das quais destaco:

“O eixo norteador das ações em 2016 será o da mediação de leituras. Pode ser leitura do mundo como dizia Paulo Freire ou de leitura literária como a promovida pela Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas (CSMB) ao longo dos últimos anos. (...) Deve propiciar a construção e a reelaboração de significados, a reflexão e a inclusão, a formação de sujeitos críticos, a troca de experiências e o convívio social.”;

“É fundamental a aproximação da Biblioteca com seu território refletida na formação, no desenvolvimento do acervo, na democratização do acesso, na oferta de programação e no trabalho em rede com outros espaços de leitura e de manifestações culturais.”;

E por fim:

“As ações devem sempre considerar que a CSMB integra uma rede de instituições públicas culturais, educacionais, de direitos humanos, etc que podem e devem ser parceiras e empoderadoras de nossos objetivos.”

Tendo como base o PMLLLB e as diretrizes de trabalho do SMB para 2016, coordenei a Divisão de Programação Cultural amparado no tripé “Territorialização da programação cultural”; “Promoção da diversidade cultural” e “Formação cultural”.

Foi baseado neste tripé que a Divisão de Programação Cultural do SMB planejou e investiu os recursos reservados a programação cultural das bibliotecas públicas municipais. Vou apresentar alguns destaques da programação cultural promovida pela Divisão.

Começo pelo investimento na iniciativa Bibliotecas em Ação, programações definidas pelas próprias bibliotecas e articuladas com artistas locais, que em 2016 mais que triplicou.

Além das apresentações nas bibliotecas, os 22 saraus que participam do programa “Literatura Periférica: Veia e Ventania nas bibliotecas de São Paulo”, também se apresentaram todos os dias na 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação.

Com presença negra, indígena e de mulheres, foi realizada a 12ª edição do Festival “A arte de contar histórias”, 11ª edição do Fanzines nas Zonas de Sampa e mais uma edição do Agosto Caipira, dedicada a cultura popular paulista.

Foram realizadas também dezenas de cursos, oficinas e outras programações culturais de caráter formativo, como o curso de Contadores de Histórias, os encontros com autores em parceria com a editora Boitempo e os encontros promovidos pelo coletivo “Terça Afro” e o “Contextura Negra”, ambos dedicados a produção cultural africana, afro-brasileira e negra, também tiveram espaço na programação cultural das bibliotecas.

Fomos parceiros de importantes iniciativas dedicadas ao livro, leitura e literatura na Cidade e que realizamos nas bibliotecas, das quais destaco a 2ª FELIZS (Feira Literária da Zona Sul), organizada pelo Sarau do Binho; a 2ª FLICT (Festa Literária de Cidade Tiradentes), organizado pelo Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes e em colaboração com a Biblioteca Comunitária Solano Trindade; o 7º Festival do Livro e Literatura de São Miguel Paulista, organizado pela Fundação Tide Setubal; da 11ª Balada Literária; 6ª Estéticas das Periferias, organizado pela Ação Educativa; edição “Livro” do Festival do Minuto, etc.

Dezenas de outras programações foram realizadas pelas próprias equipes do SMB, e outras tantas programações foram realizadas em incríveis parcerias com escritores/as que promoveram encontros literários nas bibliotecas públicas municipais.

Além disso, assinamos compromissos com os mais diversos coletivos culturais de São Paulo para, caso fossem aprovados em editais públicos de fomento, realizassem ações de natureza artística nas bibliotecas públicas municipais em 2017. Dentre elas, uma iniciativa incrível de contação de histórias que promove a diversidade LGBT. 

Em resumo, a Divisão de Programação Cultural do SMB promoveu a distribuição da programação cultural considerando os mais diversos territórios da Cidade onde há bibliotecas e serviços vinculados como Pontos de Leitura e Bosques de Leitura, promovendo a diversidade cultural e estimulando a formação cultural de público. Não tivemos tempo para fazer tudo o que queríamos, mas também não foi pouco o que fizemos!

Abrimos caminhos, criamos as condições necessárias para uma Cidade leitora. O mais importante é que São Paulo conta hoje com uma política pública consistente e exclusiva para o livro, leitura, literatura e bibliotecas. Na Divisão de Programação Cultural do SMB da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo, experimentamos, ousamos e vencemos inúmeros desafios. Não tenho dúvida, sendo parte da gestão pública municipal, dedicado ao bem público como sendo bem comum, fizemos de São Paulo uma Cidade melhor!

Agradeço ao Waltemir Nalles, o Miro, então coordenador do SMB, pelo convite, confiança e apoio necessário para que o trabalho da Divisão de Programação Cultural fosse realizado como havíamos desejado. Agradecimento que estendo a equipe que compõe a Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas. Agradeço especialmente a equipe que coordenei na Divisão, sem a qual eu não teria o que dizer nesta carta. Agradeço a Maria do Rosário, por ter permitido meu ingresso na Secretaria Municipal de Cultura. Agradecimento que estendo a sua equipe na SMC. Agradeço também ao Fernando Haddad por permitir minha segunda contribuição em sua inovadora gestão pública. Em 2013, iniciamos na Cidade o que viria a ser a política de participação social. Haddad abriu caminhos, derrotou a Cidade proibida e criou as condições necessárias para uma São Paulo melhor!

Deixo a coordenação da Divisão de Programação Cultural do SMB, com a certeza de que “sou mais bibliotecas públicas”!

São Paulo, 02 de janeiro de 2017.

Ruivo Lopes, educador e pedagogo.