Foto Ruivo Lopes, São Paulo, 2017.
Há pouco mais de um mês a frente da prefeitura de São Paulo, João
Doria (PSDB) e seu secretariado, pertencente a uma fauna política que da
sustentação ao tucanismo em São Paulo, tem promovido uma série de ações
regressivas na cidade.
Assim que assumiu, Doria mostrou desprezo pela vida alheia ao aumentar a velocidade dos veículos nas marginais.
De gestor a populista, antecipou o carnaval e fantasiou-se de gari para
promover um nebuloso programa chamado "Cidade Linda", varrendo,
inclusive, a população em situação de rua da cidade.
Fez pior do
que as pegadinhas de mau gosto dos programas de televisão dominicais ao
se deslocar numa cadeira de rodas, fingindo ser cadeirante.
Disse
que iria governar para os pobres, mas não saiu do Centro, ficando bem
próximo do Jardim Europa, sugestivo nome do bairro rico da cidade onde o
prefeito mora.
De prefeito a xerife, Doria quer ser uma espécie de John Wayne para São Paulo.
Numa grosseira resposta a uma jornalista da rádio CBN, o prefeito
criminalizou os pichadores chamando-os de "bandidos" e sugerindo que
mudassem de "profissão" ou de cidade.
A estratégia do prefeito é
conhecida na História desde a publicação, em 1925, de "Mein Kampf"
(Minha Luta), do líder nazista Adolf Hitler. Com significativa
diferença, Hitler publicou o livro oito anos antes de chegar ao poder. O
resto da história todas nós conhecemos.
De origem atrasada, assim como os que o acompanha, a perigosa estratégia do prefeito consiste em criar "os inimigos da cidade".
O alvo da vez - e não vai parar aí - são os pichadores e sua "arte degenerada".
Doria insiste em separá-los em categorias das quais nada entende, como
grafiteiros e muralistas, e assim pretende dividi-los para cooptá-los em
seguida.
Com ajuda do seu padrinho político, o governador
Geraldo Alckmin, o prefeito pediu emprestado a ajuda da Secretaria de
Segurança Pública que cedeu apoio do Departamento Estadual de
Investigações Criminais (Deic) e da Polícia Militar para combater
pichadores na cidade.
Percebe-se que o prefeito tem uma obsessão pelo cinza, inclusive o da farda da Polícia Militar.
Doria também pretende criar uma cidade-policial ao convocar munícipes
para denunciar qualquer pessoa que esteja portando uma lata de spray na
mão.
A cruzada de Doria contra os pichadores já rendeu mais de 40 pessoas detidas e pretende ainda processá-las criminalmente.
Se o prefeito continuar assim, e pelo histórico já conhecido das
policias paulista, não vai demorar muito para policiais militares
confundirem convenientemente spray com armas. Serão os famigerados
"autos de pichação" ou o "pichação seguida de morte".
Portanto, as medidas de Doria contra pichadores podem ser mortais.
Em agosto de 2014, policiais militares assassinaram dois pichadores na
Mooca, zona leste de São Paulo, depois de uma suposta denuncia de que
havia dois homens tentando roubar um prédio na região.
Doria
carece de ideias inovadoras para São Paulo, por isso anuncia medidas
regressivas como novidades, como por exemplo, entregar para a iniciativa
privada, igualmente fantasiadas de organizações sociais, equipamentos
públicos municipais como o Centro Cultural São Paulo e a rede de
bibliotecas da cidade.
Os eleitores paulistanos elegeram um político atrasado iludidos pela suposta eficiência do empresario que virou prefeito.
Reconheçamos, a meritocracia como ideologia das elites é contagiosa e cruza fronteiras sociais.
Não adianta chorar, pois não sobrará nem leite para derramar na cidade,
já que Doria pretende cortar até o programa Leve Leite, que dá 2 quilos
de leite em pó por mês para as famílias com alunos matriculados na rede
municipal de educação.
Bem vindos ao Velho Oeste de João Doria!