terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Grito dos Excluídos e a surdez política




O Grito dos Excluídos, realizado no último dia 7 de setembro, marcou presença em praticamente todo o país. O lema da 19ª edição era "Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular". Cada cidade organizou seu próprio grito, incorporando pautas diversas. Desde a sua origem, o Grito dos Excluídos, como o próprio nome sugere, é articulado e mobilizado por movimentos sociais e populares marginalizados tanto pelas políticas neoliberais privatistas quanto pelo neodesenvolvimentismo de alto custo.

Em São Paulo, outro grito ecoou no centro da cidade. Manifestantes foram impedidos de chegar até a Câmara Municipal por policiais militares fortemente armados e truculentos. As cenas da violência policial contra os manifestantes nas barbas do legislativo municipal são sintomáticas.

Na semana passada, no dia 3, a mesma Câmara, numa sessão polêmica e muito tumultuada, aprovou por 37 votos a 15 - e uma abstenção -, o projeto do vereador coronel Telhada (PSDB) para conceder uma honraria a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da Polícia Militar também conhecida como a “polícia que mata”.

O grito que se ouviu ali na rua naquele sábado foi o de "é guerra" por parte dos PMs e o de "fiquei cego" do estudante Vitor Araújo, atingido no olho direito por estilhaços de bombas lançadas pelos policiais. A vingança policial seguiu ainda por outras ruas do centro da cidade, ferindo novos manifestantes e até pedestres.

Estes manifestantes, a maioria jovens, que a princípio tinham como alvo a Câmara Municipal, queriam também tirar satisfação da chamada Casa do Povo pela vergonhosa negociação política dos vereadores que resultou na aprovação de uma homenagem para a Rota. Estes jovens foram até lá para gritar que não estão dispostos a entrar para as estatísticas do Mapa da Violência, onde a juventude preta, pobre e da periferia é o alvo preferido das policias. Mas, infelizmente, a Câmara se faz de surda!

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