
Passados 122 anos do fim da escravidão oficial no Brasil, três em cada quatro trabalhadores libertados de situações análogas à escravidão hoje são pretos ou pardos. Isso é o que mostra um estudo do economista Marcelo Paixão, da UFRJ. O estudo foi feito a partir do cadastro de beneficiados pelo Bolsa Família incluídos no programa após fiscalizações que flagraram trabalhadores em situações que são consideradas formas contemporâneas de escravidão. São pessoas trabalhando em situações degradantes, como jornada exaustiva, salários irregulares e dívidas com o empregador, impedindo-os de largar o posto sob ameaças de morte.
Pela primeira vez se conseguiu investigar a cor desses trabalhadores, graças à inclusão do grupo no Bolsa Família. Os autodeclarados pretos e pardos representavam 73% desse grupo, apesar de serem 51% da população total do Brasil. A cor do escravo de ontem se reproduz nos dias de hoje. Os negros e índios, escravos do passado, continuam sendo alvo de situações em que são obrigados a trabalhar sem direito algum. É como se a obra da escravidão se mantivesse através dos tempos.
O estudo revela ainda que, em 2010, 23,4% das mulheres pretas e pardas que trabalham estão no serviço doméstico. De acordo com o primeiro censo feito no país, em 1872, 24,3% das escravas estava no serviço doméstico.
Estudo do IBGE revela também que entre os brasileiros que se encontravam entre os 10% mais pobres, 74% se diziam pretos ou pardos.
Os estudos revelam a perversidade da desigualdade no Brasil e a lógica com que a elite brasileira opera o capitalismo no país. Essa elite, que se veste de Prada para se associar ao capital estrangeiro, além de representar o que há de mais atrasado no país, impede que o Brasil se desenvolva com justiça e igualdade para todos. Até quando?
Ah vá... O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) conseguiu o que nenhum comunista jamais pensou: ser afagado pelo que existe de pior neste País, a bancada ruralista. O deputado comunista propõe um novo Código Florestal Brasileiro, na contramão do desenvolvimento sustentável. As propostas vão desde a descaracterização das Áreas de Preservação Permanente (APP); redução das Reservas Legais, reguladas pelos Estados e municípios, em propriedades rurais; a, o que mais agradou os ruralistas, anistia para aqueles que ocuparam e desmataram a vontade até 22 de julho de 2008. Se o novo Código for aprovado, Aldo Rebelo entrará para a história como o comunista que agradou os ruralistas.
Contradição. Quando o assunto é desigualdade, o economista Marcio Pochmann não deixa barato. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo (“São Paulo desigual”, 18/8), o economista vai direto ao que interessa.
1. São Paulo está hoje na “vice-liderança no conjunto dos municípios brasileiros em desigualdade na repartição da riqueza no território” brasileiro;
2. “No conjunto das áreas metropolitanas, a taxa de pobreza alcança em 2008, 13,2% dos seus habitantes, enquanto 29,4% dos residentes na zona rural vivem na condição de pobreza absoluta”;
3. “Há ainda os equívocos no sistema educacional (...). No meio rural quase 10% da população é analfabeta, enquanto no grandes centros urbanos essa taxa atinge 75,2%. Menos de 37% das crianças com até cinco anos freqüentam a escola básica no campo, ao contrário de quase 45% que o fazem nas metrópoles. Na faixa etária de 15 a 17 anos, 71% encontram-se matriculadas no ensino médios nos grandes municípios urbanos e menos de 60% no meio rural”. Na faixa etária de 18 a 24, 20,3% atinge o ensino superior nos centros metropolitanos “e apenas 8,5% na zona rural”.
O economista não tem dúvida, São Paulo apresenta “traços prevalentes do subdesenvolvimento”.
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Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes – Construída entre os anos de 2000 e 2005, graças ao trabalho voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem terra e apoiadores, no Município de Guararema (apenas 70 km de São Paulo), a Escola Nacional é a única no país que tem a missão de atender às necessidades da formação de militantes de movimentos e organizações sociais que lutam por um mundo mais justo e igualitário. Visite o sítio da Escola, inscreva-se para receber a programação atualizada e seja também um associado.
Acampamento Indígena Revolucionário – O dia a dia dos representantes indígenas de várias etnias brasileiras acampados na Esplanada dos Ministérios (DF), para exigir a revogação do decreto presidencial que fragiliza ainda mais a Funai.