domingo, 31 de julho de 2016

Por que os ricos riem à toa?


Cumplicidade 

Em 2015 e no durante o primeiro semestre de 2016, paulistanos ricos e da classe média tradicional se reuniram em frente a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na avenida Paulista (SP), para dizer "chega de pagar o pato" e pedir "impeachment" e "renúncia já", em referência a presidenta Dilma Rousseff. As concentrações em frente da Fiesp tiveram ampla repercussão na imprensa dominante.

Anos atrás, lembro-me de um promotor de Justiça afirmando falar na tevê que no Brasil, país de profundas desigualdades, ninguém fica rico sem cometer ilegalidades - da sonegação de direitos trabalhistas a impostos, do tráfico de influência ao patrimonialismo. "Feche os olhos, escolha um imposto de renda vultuoso, investigue para constatar ilegalidades que favoreceram o enriquecimento", dizia o promotor do qual não me lembro o nome. O mote do programa era "Por que os ricos riem à toa?". 

Pois bem, sabe-se agora pela imprensa que o empresário Laodse de Abreu Duarte, que é diretor da Fiesp, acumula a incrível quantia de R$ 6,9 bilhões em débitos pendentes em tributos públicos, o que lhe garante a alcunha de “maior sonegador do Brasil.” Outros empresários somam dividas públicas de R$ 1 trilhão, suficientes para saldar a dívida e gerar superávit no orçamento da União previsto para este ano. 

Se houvesse alguma coerência nos desfiles que os paulistanos ricos e da classe média tradicional promoveram na frente da Fiesp, eles se sentiriam constrangidos, traídos pelo papel que desempenharam fazendo coro aos empresários ligados a instituição. Se houvesse alguma coerência exigiriam explicações, retratações, punições. Mas não, o silêncio prova cumplicidade. 

Quem paga o pato pela desigualdade no Brasil é a classe trabalhadora, humilhada e ofendida, usurpada em seus direitos básicos por um seleto grupo que enriquece em detrimento da grande maioria. Por isso, é fundamental a taxação sobre a riqueza para devolver ao público, via investimentos em serviços essenciais a população, o que é para o bem comum!

Educação


Não há neutralidade na educação. Neutralidade diante da desumanização é alienação. Portanto também é uma posição, a de indiferença em relação ao outro, à coletividade e à sociedade. É na educação que a cultura da solidariedade se refaz e humaniza a tod@s! [Foto RL, SP, 2016]

Eu apoio! 

[Foto RL, SP, 2016]

E agora, Temer? 

Há menos de um ano, em setembro de 2015, ante o baixo índice de aprovação do governo da presidenta Dilma Rousseff, o então vice-presidente Michel Temer revelou seu instinto pelo golpe.

"Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo", disse Temer na ocasião.

Divulgada no dia 1º, a pesquisa CNI/Ibope aponta que a gestão do presidente interino é aprovada apenas por 13% da população.

E agora, Temer?

[Foto RL, SP, 2016]

domingo, 3 de julho de 2016

Por uma cultura do bem comum

Opinião pública explícita: Fascistas não passarão! 
[Foto: Ruivo Lopes, SP, 2016]

Patrimonialismo cultural 

Na utopia do bem público, tudo aquilo que recebe investimento público, ou seja da coletividade, deveria ser orientado pela gestão e interesse públicos - coletivos! Só que não... 

Há muito tempo, temos visto no Brasil, onde o investimento público em iniciativas da sociedade é enorme, que as organizações privadas são as maiores beneficiárias dos recursos públicos. 

A isenção fiscal é obra do neoliberalismo que apenas suga do Estado. 

Não há Estado neutro. O que sempre se fez em outras áreas, se faz também na área da Cultura. 

Assim operam os cupins do Estado - comem por dentro! -, em particular, o seleto grupo de agenciadores da cultura, avidos por polpudas reservas de recursos públicos. 

Sem nenhum compromisso público - com a coletividade! -, apenas fazem uso utilitário do Estado para, através do lobby, obter recursos públicos para projetos de natureza privada. 

Desprezam tudo o que é público, menos os recursos. 

Assim dilapidam a utopia do bem público, do bem comum, para revertê-la em bens privados. 

É preciso dedetizar o Estado para impedir que ele seja comido por dentro!

Neoliberalismo cultural 

O caso das Fábricas de Cultura, pertencentes a Secretaria de Estado da Cultura e geridas pela organização social Poieses e Catavento, nos da a oportunidade de discutir o modelo de gestão do bem público que a sociedade deseja para o bem comum. 

Demissão repentina de educadores/as (Arte-Educadorxs em GREVE, clique!), diminuição de atividades com aprendizes e redução do atendimento ao público (Aprendizes De Olho, clique!), provocou greves e ocupação em algumas Fábricas. 

O caso da Fábrica de Cultura da Brasilândia, zona norte de SP, é sintomático e nos remete a forma como o governo Alckmin agiu para reprimir estudantes de escolas públicas estaduais ocupadas (O Mal Educado, clique!). 

Na incapacidade de dialogar, a violência policial é a regra. Neste sábado (2), aprendizes - adolescentes! -, e educadores/as foram expulsos e presos por policiais militares. 

Transferir a gestão do Estado para uma organização social - como é o caso das Fábricas de Cultura administradas pela Poiesis e Catavento -, é uma opção política que integra um anunciado projeto político para o Estado. 

Assim, cabe as organizações sociais, sobretudo a Poiesis, responder pelas suas decisões administrativas. Mas cabe também a Secretaria de Estado da Cultura responder pelas suas opções políticas e pelo seu modelo de gestão das Fábricas de Cultura. 

A sociedade, maior interessada nos serviços públicos que lhes são oferecidos, precisa ser consultada quando o assunto é o bem comum. 

Ouvir nunca foi uma prática dos governos PSDBistas. 

Daí a opção pelo uso da força policial!   

 Tortura acontece(u). 
[Foto: Ruivo Lopes. SP, 2016]

Por que? 

Por que a Polícia Militar matou Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, de 10 anos, na Vila Andrade, zona sul de SP? Por que a Guarda Civil Metropolitana matou Waldick Silva Chagas, de 12 anos, em Cidade Tiradentes, zona leste de SP? Por que sempre negros são alvos preferenciais de agentes de segurança pública? Por que sempre nas periferias? Por que as polícias atiram primeiro para matar? Por que as polícias atiram para matar? Por que um GCM usa arma de fogo? Por que a vida não é preservada? Por que o sistema de segurança pública ainda não foi desmilitarizado? Por que depois do Ítalo, agora Waldick? Por que crianças, adolescentes, jovens? Por que isso não tem fim? Por que a letalidade das políticas públicas de segurança alcançam os jovens primeiro do que as políticas públicas que valorizam a dignidade humana? Por que as explicações, quando são dadas, não são convincentes? Por que parte da sociedade se cala, parte é indiferente e outra incentiva (o que dá no mesmo)? Por que ainda contamos mortos? Por que esperamos pelo próximo? Por que?

Opinião pública explícita: Bela, Marginal e da Rua. Fora Temer! 
[Ruivo Lopes, SP, 2016]