sábado, 26 de novembro de 2011

Evasão escolar não é caso de polícia


Nota zero para a ação repressiva da Subprefeitura do Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, que mobilizou funcionários da Prefeitura, policiais militares, guardas-civis e conselheiros tutelares, para “caçar” alunos de escolas públicas, a maioria crianças e adolescentes, que faltavam as aulas para ficar em dois parques da região.
Assusta a justificativa dada para a ação, que segundo a Subprefeitura, faz parte de um “projeto” que tem o objetivo de diminuir a evasão escolar. E desde quando evasão escolar passou a ser caso de polícia? Esta justificativa é uma ofensa a qualquer pessoa séria envolvida com educação. Aliás, não se ouviu nenhuma opinião de ninguém da área da educação sobre esta ação. Mais uma vez, o poder público vem tratar questões sociais como caso de polícia. Não é à toa que a ação foi coordenada por um tenente-coronel reformado da PM, que é chefe de gabinete da Subprefeitura.
A militarização das Subprefeituras da cidade foi uma manobra irresponsável da atual gestão municipal com objetivo eleitoreiro muito claro. Já são 16 Subprefeituras coordenadas por coronéis da PM reformados. A maioria na periferia da cidade, numa clara intenção de criminalizar a pobreza. Todos sabem como os pobres são tratados pela PM na periferia da cidade. Só quem é de lá sabe o que acontece.
O Itaim Paulista é uma das regiões mais pobres da cidade. Sua pobreza é um reflexo do descaso e da má qualidade dos serviços públicos prestados naquela região. Escolas e parques públicos não escapam das mazelas provocadas por este descaso. É sintomático que estes jovens prefiram outros espaços públicos que a escola. A lição autoritária dada pela Subprefeitura é a de que é melhor reprimir do que se perguntar por que isto acontece. Sendo assim, a repressão é sempre aplicada como o principal recurso dos ignorantes. Definitivamente, evasão escolar não é caso de polícia!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sarau da Ocupação Consolação: pode aplaudir que é gente da gente!

Augusta, graças a Deus,
Entre você e a Angélica
Eu encontrei a Consolação
Que veio olhar por mim
E me deu a mão
*

1º Sarau da Ocupação Consolação (SP) | 9 de novembro de 2011.
Depois dos preparativos, limpar, colorir, organizar e melhorar a iluminação do espaço, a boa quarta-feira (9) abriu os caminhos para o primeiro Sarau da Ocupação Consolação. O número 1813 da avenida que dá nome a ocupação foi só alegria!

1º Sarau da Ocupação Consolação (SP) | 9 de novembro de 2011.
Poetas, poetisas, criançada, moradores da ocupação: todo mundo junto e misturado na mesma sintonia: lutar pela moradia digna e por um mundo mais poético, justo e igualitário!

1º Sarau da Ocupação Consolação (SP) | 9 de novembro de 2011.
Como de costume, muita gente passou por lá, algumas mesmo sem estar presente. Foram muito bem representadas por seus respectivos livros. Os livros passaram de mão em mão. Quem não leu, folheou os livros da geração de poetas e poetisas que vem revolucionando as periferias do Brasil.

1º Sarau da Ocupação Consolação (SP) | 9 de novembro de 2011.
Teve as guerreiras Nazaré e Juliana abrindo os caminhos da noite para a poesia em voz alta e bom som. Presente, do lado Sul da cidade, Marcio, nosso convidado especial, representou o Sarau da Coopererifa - nossa inspiração, sempre!

1º Sarau da Ocupação Consolação (SP) | 9 de novembro de 2011
Nas duas horas de Sarau, a poesia não parou um minuto e o silêncio ficou bem longe do lugar. Todo mundo fez muito barulho pra gente como a gente, pra gente da gente!
Mais uma vez a poesia se armou e mandou seu recado. Disparou a favor da Ocupação Consolação e das lutas populares que fazem um mundo melhor.

1º Sarau da Ocupação Consolação (SP) | 9 de novembro de 2011.
Um espaço ocupado é sempre um espaço encantado! Tudo isso - que não é pouco! - com a bênção povo.

Para saber mais sobre o Sarau e outras ações culturais realizadas em ocupações em São Paulo, visite o site do Projeto Ocupação Cultural.

Veja mais fotografias aqui.

* Trecho de "Augusta, Angelica e Consolação", de Tom Zé

sábado, 12 de novembro de 2011

Em recente artigo, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, compara a capacidade de ressurreição e regeneração do capitalismo a dos parasitas – organismos que se alimentam de outros organismos, estando agregados a outras espécies. Os parasitas, depois de exaurir completa ou quase completamente um organismo hospedeiro, normalmente procura outro, que o nutra por mais algum tempo. Bauman explica que o sistema capitalista funciona por um processo contínuo de destruição criativa. O que se cria é capitalismo numa “fórmula nova e melhorada”; o que se destrói é a capacidade de auto-sustentação e vida digna nos inúmeros “organismos hospedeiros” para os quais todos somos atraídos ou seduzidos, de uma maneira ou de outra. Um dos recursos cruciais do capitalismo, diz, deriva do fato de que a imaginação dos economistas – incluindo os que o criticam! – está muito atrasada em relação à sua invenção, a arbitrariedade do seu procedimento e crueldade com que opera. Contudo, o sociólogo alerta: o parasita morre, quando faltam organismos vivos de onde possa retirar alimento.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Urgências da USP

Os recentes acontecimentos na USP, no geral (ou pelo menos o estopim da vez), foram provocados pelo descontentamento de estudantes com a presença repressiva da PM no compus universitário. Este descontentamento resultou na ocupação da reitoria pelos estudantes, logo reintegrada por ordem judicial - determinada pela Justiça! -, cumprida pelo forte aparato armado da PM, vem suscitando algum barulho, mas não o debate necessário sobre o papel da universidade pública numa sociedade desigual e injusta como a brasileira.
Marcio Moreira Alves, no livro "Torturas e torturados" (1967), publicado em plena ditadura, já nos convidava para uma reflexão que, nas entrelinhas, permanece atual. Diz ele no livro:

A pergunta que normalmente se faz quando surgem revelações de torturas, pergunta que Jean Paul Sartre repete no prefácio que escreveu para o depoimento de Henri Alleg no livro 'La Question' é: "como é possível que isso aconteça entre nós?"
A resposta é simples - é possível acontecer acontecendo, como sempre aconteceu. Se a polícia rotineiramente tortura criminosos comuns, por que não seriam torturados os presos políticos? Se militares, pela primeira vez colocando em prática o que leram dos métodos dos "Green-Berets" norte-americanos ou dos "Parás" franceses, não foram punidos por seus superiores, por que não prosseguiriam no emprego destes métodos?
Tudo é singelo, tudo é mecânico, até mesmo o esquecimento em que as denúncias caem após o primeiro e ineficiente impulso de indignação.
É preciso, para que purifiquemos a mancha que a tortura joga sobre todos nós, não apenas que se punam os oficiais e policiais responsáveis pelo seviciamento de homens e mulheres entregues à sua guarda como se acabe, de uma vez por todas, com o sistema de brutalidade montado nas prisões brasileiras. É preciso, sobretudo, que se guarde na lembrança das gerações futuras os crimes cometidos, para que sua repetição se torne impossível.


Seria preciso levar em consideração os contextos. Como se sabe, na ditadura, o Estado é absoluto na execução das próprias leis. Já na democracia, em linhas gerais, o sentido do Estado está na participação e no exercício pleno da cidadania. Não é exagero dizer que nossa democracia é insuficiente. Mesmo assim, violações de direitos cometidas na democracia é um grave atentado aos direitos coletivos.
Pois bem, numa democracia, manifestações nunca são demais. Dentre as contribuições para o debate sobre o que vem ocorrendo na USP, destaca-se a da urbanista, professora e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik, que em artigo publicado no seu blog coloca as questões no lugar certo. Afinal "o campus faz parte ou não da cidade? queremos ou não que o campus faça parte da cidade?", questiona. Vale lembrar que o viário da USP vem servindo para motoristas da região oeste "cortar caminho" que os levam para outras regiões da cidade. Ônibus e trens também contribuem para arejamento do campus universitário em relação à cidade.
A USP não e uma ilha, portanto, qualquer ligação com a universidade não garante status de maior cidadania em relação aqueles que não estão ligados a ela. Logo, violações de direitos cometidas no interior da universidade são tão graves quanto violações cometidas em qualquer canto da cidade e vice versa.
A presença da PM na USP deve ser entendida como prática de um estado policial em marcha em São Paulo. O estado policial atende demandas sociais como caso de polícia. O próprio governador orgulha-se de dizer que o efetivo policial no Estado é de 100 mil homens armados. Logo, a presença da PM na USP é tão ostensiva e hostil quanto na chamada Operação Saturação, promovida pela Secretaria de Segurança Pública, que invade favelas da periferia da cidade barbarizando quem encontrar pela frente.
A PM, entendida como parte do sistema de segurança pública, é um engodo autoritário respaldado pelas determinações da Justiça. Instituições que tem contribuído para a manutenção de dois tipos de cidadania que vigoram ilegalmente no país: a dos ricos e dos pobres.
A maior depredação sistemática ao patrimônio público praticado na USP é a lenta, gradual e restrita participação da maioria da população que é privada dos direitos por se ter na cidade de São Paulo uma das mais importantes universidades do mundo.
Afinal, que universidade pública – ou seja, coletiva! - queremos? Para que a queremos e a quem ela servirá?
Questões que todos ligados ou não a USP devem encarar.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sarau da Ocupação da Consolação: vai ser só alegria!

Nesta boa quarta-feira, dia 9, às 19 horas, será realizado o primeiro Sarau da Ocupação da Consolação (Rua da Consolação, nº 1813, em frente ao ponto de ônibus do Cemintério). Traga seu bom ritmo e sua boa poesia de combate que vai ser só alegria. Pode chegar que é tudo gente da gente, é tudo gente como a gente na mesma sintonia!


Assista | Preparativos para o Sarau da Ocupação da Consolação

Acompanhe mais ações no blog do Projeto Ocupação Cultural.

É tudo nosso!

O Sarau da Ocupação São João no domingo (6) foi mesmo muito especial. Poetas e poetisas populares somaram a boa poesia de combate e junto ao povo abriram os caminhos para a maior festa popular que já se tinha visto na noite paulistana. No Sarau da Ocupação São João, a história do povo soa como poesia. Pode aplaudir que é tudo gente da gente, é tudo gente como a gente, se dizia alto e bom som. A poesia correu solta até o fim da noite de domingo. Minutos depois, antigos prédios da região central de São Paulo, abandonados pelo descaso do poder público, muitos há anos sem função social nenhuma, foram ocupados por inúmeras famílias sem teto.

A esquina mais famosa da cidade, a da avenida São João com a Ipiranga, nunca mais será a mesma. A festa foi um sucesso da articulação dos movimentos populares de luta pela moradia digna e pela justiça social. Veja mais informações aqui.


Assista | Noite de poesia e luta pelo direito a moradia digna

Acompanhe mais ações no blog do Projeto Ocupação Cultural.

domingo, 6 de novembro de 2011

Sarau da Ocupação São João: especial!


É hoje a realização especial do Sarau da Ocupação São João. O povo vai se reunir na Avenida São João, nº 588, às 19h, no Centro, para celebrar a sabedoria popular no melhor estilo ritmo, poesia e cinema. Pode somar que é tudo gente da gente, é tudo gente como a gente! Um espaço ocupado é sempre um espaço encantado. É só colar!
Para saber mais sobre o Sarau e outras ações culturais realizadas em ocupações em São Paulo, visite o site do Projeto Ocupação Cultural.