quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Debate sobre redução da maioridade penal é tema da 3ª Reunião de Mestres em SP



Acontece neste final de semana, sábado (28) e domingo (29), a partir das 14h, no Cedeca Interlagos, na zona sul de SP, a 3ª Reunião de Mestres.

 Presenças na 3ª Reunião de Mestres

Na programação: discotecagem, apresentações de hip hop, teatro, sarau poético e aberto, lançamento de livros e o debate sobre a redução da maioridade penal.



Confirme presença aqui!

Participe!

Cedeca Interlagos
Rua Nossa Senhora de Nazaré, nº 51
Cidade Dutra, zona sul de SP
Tel.: (11) 5666-9861
Veja como chegar aqui!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Bar é alvo de arrastão no Grajáu (SP)


Arma usada pelo bando para conquistar o público

O Relicário Rock Bar, no Grajáu, zona sul SP, foi alvo de arrastão na noite de sexta-feira (13). Frequentadores confirmaram que sempre na primeira quinta-feira de cada mês, o bar registra uma ocorrência desse tipo. Porém, o arrastão se intensificou no último ano. "É impressionante a forma como o bando age, pega a gente de surpresa, por isso sempre voltamos aqui", disse o casal que preferiu não se identificar.

Por volta das 20h, uma multidão invadiu o bar que fica na rua Manoel de Lima, 178, no bairro Jordanópolis, no Grajaú, zona sul de SP, e anunciaram - pasmem! -, poemas. Antes de ser um manifesto... antes de ser um manifesto..., diziam em voz alta para sequestrar a atenção das pessoas como se um relâmpago tivesse caído ali, diante dos olhos delas.

Segundo testemunhas que estavam do lado de dentro do bar, parte da multidão estava atenta a cada verso disparado no salão. Foram ouvidos muitos disparos e de vários calibres: falados, declamados, musicados, lidos, decorados, improvisados, atingindo em cheio várias pessoas, deixando marcas irreparáveis em algumas vítimas. Do lado de fora, parte da multidão assistiu tudo e, impressionada com a ousadia do bando, apenas comentava o que via. "No próximo, tomo de assalto o microfone também!", disse meio tímida uma menina para a outra.

Em cerca de quatro horas, todos os presentes se renderam por livre e espontânea vontade ao bando de poetas que pegou ligeiramente uma a uma as pessoas que estavam ali, principalmente as que estavam pela primeira vez. O bando foi feliz na ação, recolheu sorrisos, aplausos, abraços, livros e muitas dedicatórias.

Depois disso, com muita calma, o bando fugiu a pé, de ônibus, de trem ou metrô, prometendo voltar em outubro. A ousadia foi tanta que alguns se misturaram a multidão e ficaram lá até o bar fechar.

De acordo com as vitimas, não foi preciso chamar a polícia nem registrar boletim de ocorrência, porque ninguém se sentiu prejudicado pelo arrastão daquela noite. Muito pelo contrário.

Toda a movimentação foi gravada pelas câmeras do SP Cultura, sob o comando de Alessandro Buzo. As imagens ajudarão na identificação do bando e propagar o arrastão em rede nacional.

Na saída, para comemorar o sucesso da ação, o bando saiu gritando pela rua Sobrenome Liberdade!, Sobrenome Liberdade!, fazendo com que todo mundo percebesse que cada um ali era cúmplice do assalto poético que acabara de acontecer.

Acredite se quiser, porque essa história é baseada em fatos reais.

domingo, 15 de setembro de 2013

Racismo nas histórias em quadrinhos brasileiras



 A literatura como manifestação artística ao mesmo tempo é reflexo e também reflete valores culturais de  determinada sociedade. Estes valores são impressos pelo topo da hierarquia social. Uma sociedade excludente como a brasileira reproduz os valores que determinam a exclusão nas suas manifestações artísticas, tensionando o campo da cultura. Quando o assunto é racismo, a literatura e gêneros literários não saem ilesos. Vejamos o que revela uma pesquisa recente sobre como a população negra é retratada nas histórias em quadrinho (HQs) no Brasil.

O professor Nobuyoshi Chinen, pesquisador da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, destacou a estereotipização na forma como os negros são retratados nas histórias em quadrinhos (HQ) brasileiras desde o final do século 19. As informações fazem parte do seu estudo de doutorado histórias em quadrinhos publicadas no Brasil desde 1869, considerando como publicação inicial o título “Nhô Quim”, de Angelo Agostini, até publicações de 2011. “Elas tendiam a homogeneizar o aspecto visual dos personagens”, diz Chinen, que também participa do Observatório de Quadrinhos da ECA.

Os estereótipos foram identificados não só nos aspectos visuais, mas também nos papéis desempenhados nas histórias, em comparação com os personagens brancos. “Invariavelmente [os negros] eram subalternos, intelectualmente limitados e socialmente desfavorecidos” conta.

Chinen também procurou outros tipos de publicações para avaliar o papel dos negros nos quadrinhos. “Achei que devia dar um contexto mais amplo e me preocupei em incluir um breve histórico da iconografia do negro nas artes visuais, desde a primeira pintura a representar um negro no Brasil, em tela feita pelo holandês Frans Post, até as caricaturas e charges do Período Imperial.”

O pesquisador encontrou mais personagens negros do que inicialmente esperado. A representação, no entanto, não é, ainda, ideal. “Embora o panorama geral tenha mudado de uns tempos para cá, penso que ainda há poucos personagens negros nos quadrinhos brasileiros e menos ainda os que têm papel de protagonista” diz.

As HQ têm como algumas de suas bases a caricatura e o humor. Isso, em algumas vezes, se dá com o reforço de traços exagerados e com generalizações. Para Chinen, “o perigo dos estereótipos é quando o público passa a achar que determinado tipo de figuração é normal, quando na verdade é ofensiva. É da natureza do humor construir situações que requerem uma dose de crueldade perpetrada sobre o outro e o limite entre o fazer rir e o humilhar é extremamente sutil”.

A representação equivocada de negros nas HQ, para o pesquisador, auxilia, como todo produto de comunicação em massa, a perpetuação de preconceitos e o racismo. O professor acredita que trabalhos como o seu ajudam a debater o racismo presente nas representações do negro na sociedade. “A princípio eu tentei evitar uma abordagem que fugisse do âmbito das histórias em quadrinhos, mas no decorrer da pesquisa, compreendi que não dava para ignorar os aspectos sociopolíticos e a questão da identidade”.

Acesse a tese de doutorado O papel do negro e o negro no papel: representação e representatividade dos afrodescendentes nos quadrinhos brasileiros, de Nobuyoshi Chinen, aqui! 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sobrenome Liberdade faz aniversário e lança antologia literária!



Nesta sexta-feira, 13, às 20h, no Relicário Rock Bar, Rua Manoel de Lima, 178, Jordanópolis/Grajaú, zona sul de SP, o movimento cultural Sobrenome Liberdade vai comemorar seu primeiro aniversário do mesmo jeito que veio ao mundo, reunindo poesia, música, suor e arte livre num sarau.

Antologia literária Sobrenome Liberdade
(Capa: Célio Luigi)

Na mesma noite em que completa um ano, o movimento vai fazer também o lançamento da antologia literária Sobrenome Liberdade. Organizada por Damásio Marques e Ni Brisant, a antologia é uma publicação independente que reúne poesias, contos e crônicas de 40 escritores e escritoras, além de imagens do sarau feitas por 3 fotógrafos. Confira a lista de quem participa da antologia aqui!

A comemoração vai contar também com as apresentações das bandas Além da Ponte, Apologia Groove, Couro Cabeludo Rock e Pensamento Negro.

Como sempre, o microfone é aberto para leitura e declamação de textos. Vai ter sorteio de livros e discos, varal de fotografias e venda de livros e camisetas.



O Sobrenome Liberdade é uma iniciativa sem fins lucrativos e autônoma, não sem apoio de instituições públicas ou privadas.

Então vamos juntos!

Quando: Sexta-feira (13/9), às 20h.
Endereço: Relicário Rock Bar
Rua Manoel de Lima, 178 - Bairro Jordanópolis/Grajaú
Contatos: contatolevante@bol.com.br
Telefone: (11) 5939-3134
Grátis!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Grito dos Excluídos e a surdez política




O Grito dos Excluídos, realizado no último dia 7 de setembro, marcou presença em praticamente todo o país. O lema da 19ª edição era "Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular". Cada cidade organizou seu próprio grito, incorporando pautas diversas. Desde a sua origem, o Grito dos Excluídos, como o próprio nome sugere, é articulado e mobilizado por movimentos sociais e populares marginalizados tanto pelas políticas neoliberais privatistas quanto pelo neodesenvolvimentismo de alto custo.

Em São Paulo, outro grito ecoou no centro da cidade. Manifestantes foram impedidos de chegar até a Câmara Municipal por policiais militares fortemente armados e truculentos. As cenas da violência policial contra os manifestantes nas barbas do legislativo municipal são sintomáticas.

Na semana passada, no dia 3, a mesma Câmara, numa sessão polêmica e muito tumultuada, aprovou por 37 votos a 15 - e uma abstenção -, o projeto do vereador coronel Telhada (PSDB) para conceder uma honraria a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da Polícia Militar também conhecida como a “polícia que mata”.

O grito que se ouviu ali na rua naquele sábado foi o de "é guerra" por parte dos PMs e o de "fiquei cego" do estudante Vitor Araújo, atingido no olho direito por estilhaços de bombas lançadas pelos policiais. A vingança policial seguiu ainda por outras ruas do centro da cidade, ferindo novos manifestantes e até pedestres.

Estes manifestantes, a maioria jovens, que a princípio tinham como alvo a Câmara Municipal, queriam também tirar satisfação da chamada Casa do Povo pela vergonhosa negociação política dos vereadores que resultou na aprovação de uma homenagem para a Rota. Estes jovens foram até lá para gritar que não estão dispostos a entrar para as estatísticas do Mapa da Violência, onde a juventude preta, pobre e da periferia é o alvo preferido das policias. Mas, infelizmente, a Câmara se faz de surda!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Bancada da bala: um bunker para homenagear a Rota na Câmara Municipal de SP



O nosso júri é racional, não falha!
Não somos fã de canalha!
Racionais MCs


A Câmara de Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira (3), por 37 votos a 15, o projeto do vereador coronel Telhada (PSDB), para conceder uma Salva de Prata para a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), uma honraria do legislativo paulistano a tropa de elite da Polícia Militar que ficou conhecida como a “polícia que mata”.

O projeto foi repudiado por organizações e ativistas que defendem os Direitos Humanos desde que foi apresentado e defendido pelos vereadores que compõe a bancada política e militar da bala como Álvaro Camilo (PSD), ex-comandante-geral da PM, e Conte Lopes (PTB), capitão aposentado que também atuou na Rota e foi deputado estadual, além do Telhada, ex-comandante da Rota e autor do projeto. 

O projeto tem como justificativa os serviços prestados pela Rota durante a ditadura militar que resultou na prisão, tortura e morte de oponentes ao regime até execuções sumárias denunciadas no livro Rota 66 - A história da policia que mata, do jornalista Caco Barcelos. 

Foi a quarta vez que o projeto foi para votação no plenário em duas semanas. Manifestantes contrários a homenagem passaram a comparecer as sessões com faixas e cartazes para pressionar os vereadores a abandonar o projeto de caráter corporativista de interesse apenas da bancada política e militar da bala e exigir que fosse colocado na pauta assuntos que beneficiassem toda a população da cidade. 

O vereador Floriano Pesaro, líder do PSDB na Câmara, chegou a afirmar que nada mais seria votado enquanto o projeto do Telhada não fosse aprovado. Como se não houvesse para a população mais pobre que vive na cidade urgências maiores do que prestar homenagem a Rota.  

Sonia Mele/CMSP

Toda vez que os vereadores da bancada política e militar da bala defendiam o projeto, a Polícia Militar e as ações da Rota, os manifestantes respondiam: “Da Rota eu abro mão, quero ver na pauta mais saúde e educação!”, “Assassinos!” e “Justiça!”. Toda vez que um vereador defendia ou votava favorável ao projeto, era fortemente vaiado.


RenattodSousa/CMSP
 Placar da sessão: Favoráveis 37 x 15 Contrários a Salva de Prata a Rota   (1 abstenção)

A confusão começou quando o vereador José Américo (PT), presidente da Câmara, deu ordem para que os policiais militares expulsassem da sessão os manifestantes que não se calaram quando o coronel Telhada disse que eles promoviam uma perseguição “nazista”. O plenário foi tomado pelo coro: “Polícia, racista, fascista não passarão!”. Os manifestantes também denunciaram que a vereadora Juliana Cardoso (PT), enquanto falava, foi chamada de “vagabunda” por um dos apoiadores da bancada política e militar da bala, também presentes na sessão a convite do próprio Telhada, e que nada havia sido feito para retirá-lo de lá.

Assista: PMs agridem manifestantes na Câmara de SP

Telhada ficou conhecido durante e depois das eleições por ameaçar defensores dos Direitos Humanos e jornalistas, como informa a reportagem do jornal Brasil de Fato.

Coincidência ou não, há cerca de um mês, 25 policiais militares da Rota foram condenados pela morte de 52 presos no massacre do Carandiru. Os presos foram executados pelos PMs no terceiro pavimento do pavilhão 9 do presídio no dia 2 de outubro de 1992. Eles receberam uma pena de 624 anos de reclusão cada um, mas estão em liberdade.

O julgamento do caso, considerado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo como o maior já realizado pela Justiça do Estado, representa uma segunda etapa: em abril, no primeiro júri do massacre, 23 PMs foram condenados a 156 anos pela morte de 13 presos que estavam no segundo pavimento do presídio. Ao todo, o massacre registrou 111 mortos e 84 policiais denunciados. Mais dois julgamentos do caso ocorrerão, um previsto ainda para este ano e o outro no início do ano que vem.

No final da sessão que manchou de sangue da juventude negra, pobre e periférica na Câmara Municipal de SP, os manifestantes lembraram aos vereadores que aprovaram a homenagem a Rota que “a rua vai cobrar!”.