domingo, 22 de agosto de 2010

Persiste a obra da escravidão no Brasil

"Acabar com a escravidão não nos basta; é preciso destruir a obra da escravidão" - Joaquim Nabuco

Passados 122 anos do fim da escravidão oficial no Brasil, três em cada quatro trabalhadores libertados de situações análogas à escravidão hoje são pretos ou pardos. Isso é o que mostra um estudo do economista Marcelo Paixão, da UFRJ. O estudo foi feito a partir do cadastro de beneficiados pelo Bolsa Família incluídos no programa após fiscalizações que flagraram trabalhadores em situações que são consideradas formas contemporâneas de escravidão. São pessoas trabalhando em situações degradantes, como jornada exaustiva, salários irregulares e dívidas com o empregador, impedindo-os de largar o posto sob ameaças de morte.
Pela primeira vez se conseguiu investigar a cor desses trabalhadores, graças à inclusão do grupo no Bolsa Família. Os autodeclarados pretos e pardos representavam 73% desse grupo, apesar de serem 51% da população total do Brasil. A cor do escravo de ontem se reproduz nos dias de hoje. Os negros e índios, escravos do passado, continuam sendo alvo de situações em que são obrigados a trabalhar sem direito algum. É como se a obra da escravidão se mantivesse através dos tempos.
O estudo revela ainda que, em 2010, 23,4% das mulheres pretas e pardas que trabalham estão no serviço doméstico. De acordo com o primeiro censo feito no país, em 1872, 24,3% das escravas estava no serviço doméstico.
Estudo do IBGE revela também que entre os brasileiros que se encontravam entre os 10% mais pobres, 74% se diziam pretos ou pardos.
Os estudos revelam a perversidade da desigualdade no Brasil e a lógica com que a elite brasileira opera o capitalismo no país. Essa elite, que se veste de Prada para se associar ao capital estrangeiro, além de representar o que há de mais atrasado no país, impede que o Brasil se desenvolva com justiça e igualdade para todos. Até quando?

Ah vá... O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) conseguiu o que nenhum comunista jamais pensou: ser afagado pelo que existe de pior neste País, a bancada ruralista. O deputado comunista propõe um novo Código Florestal Brasileiro, na contramão do desenvolvimento sustentável. As propostas vão desde a descaracterização das Áreas de Preservação Permanente (APP); redução das Reservas Legais, reguladas pelos Estados e municípios, em propriedades rurais; a, o que mais agradou os ruralistas, anistia para aqueles que ocuparam e desmataram a vontade até 22 de julho de 2008. Se o novo Código for aprovado, Aldo Rebelo entrará para a história como o comunista que agradou os ruralistas.

Contradição. Quando o assunto é desigualdade, o economista Marcio Pochmann não deixa barato. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo (“São Paulo desigual”, 18/8), o economista vai direto ao que interessa.
1. São Paulo está hoje na “vice-liderança no conjunto dos municípios brasileiros em desigualdade na repartição da riqueza no território” brasileiro;
2. “No conjunto das áreas metropolitanas, a taxa de pobreza alcança em 2008, 13,2% dos seus habitantes, enquanto 29,4% dos residentes na zona rural vivem na condição de pobreza absoluta”;
3. “Há ainda os equívocos no sistema educacional (...). No meio rural quase 10% da população é analfabeta, enquanto no grandes centros urbanos essa taxa atinge 75,2%. Menos de 37% das crianças com até cinco anos freqüentam a escola básica no campo, ao contrário de quase 45% que o fazem nas metrópoles. Na faixa etária de 15 a 17 anos, 71% encontram-se matriculadas no ensino médios nos grandes municípios urbanos e menos de 60% no meio rural”. Na faixa etária de 18 a 24, 20,3% atinge o ensino superior nos centros metropolitanos “e apenas 8,5% na zona rural”.
O economista não tem dúvida, São Paulo apresenta “traços prevalentes do subdesenvolvimento”.

Assista | A cantora Beth Carvalho declara apoio ao MST

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Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes – Construída entre os anos de 2000 e 2005, graças ao trabalho voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem terra e apoiadores, no Município de Guararema (apenas 70 km de São Paulo), a Escola Nacional é a única no país que tem a missão de atender às necessidades da formação de militantes de movimentos e organizações sociais que lutam por um mundo mais justo e igualitário. Visite o sítio da Escola, inscreva-se para receber a programação atualizada e seja também um associado.

Acampamento Indígena Revolucionário – O dia a dia dos representantes indígenas de várias etnias brasileiras acampados na Esplanada dos Ministérios (DF), para exigir a revogação do decreto presidencial que fragiliza ainda mais a Funai.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Opinião pública explícita!

Odeio a Globo!
Mensagem anônima registrada no muro de antigo casarão da Rua Consolação esquina com a Marques de Paranaguá.
[Foto: Ruivo Lopes | São Paulo (SP), agosto de 2010]

domingo, 1 de agosto de 2010

Justiça: Edifícios São Vito e Mercúrio continuarão de pé

A Justiça paulista acatou o pedido de organizações de defesa de direitos e suspendeu a demolição dos Edifícios São Vito e Mercúrio, dois velhos gigantes situados na Avenida do Estado, região do Parque Dom Pedro II. Motivo: os famosos edifícios foram desapropriados há anos por haver interesse social na revitalização do Centro com a implantação no local de moradias populares. Para a Justiça, a demolição caracteriza desvio de finalidade, além de se antecipar ao planejamento urbano, ainda inexistente, precedido de audiência pública.

Zé Celso 1 x 0 Silvio Santos
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou o Teatro Oficina, no bairro do Bexiga, em São Paulo. Não seria pra menos, o Teatro Oficina é um dos mais importantes espaços de criação teatral do País desde os anos 1960. Com o tombamento, ficam preservadas as características do espaço, a área do entorno que garante sua proteção visual, a vegetação local, além de impor limites para a construção no lote vizinho. Quem não deve ter gostado muito do tombamento foi o grupo do Silvio Santos que planejara ali a construção de um shopping center. Já o diretor do Teatro Oficina, Zé Celso, comemorou o tombamento.

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CICAS (www.projetocicas.blogspot.com) - O CICAS (Centro Independente de Cultura Alternativa e Social), localizado num dos galpões da COHAB do Jardim Julieta, zona Norte de São Paulo, numa iniciativa independente, transforma e recupera o local, proporcionando uma opção de cultura, esporte e lazer para a comunidade com espaço para biblioteca, cinema, estúdio musical, oficinas e cursos de teatro e música, artes plásticas, capoeira, e festivais culturais. O CICAS, atualmente, enfrenta uma ordem de despejo por parte da subprefeitura da Vila Maria, que alega irregularidades na construção, por outro lado, sabe-se também que há o interesse de empresas na licitação para a revitalização de uma suposta praça no local.

NPC (www.piratininga.org.br) - O NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação) é constituído por comunicadores, jornalistas, professores universitários, artistas gráficos, ilustradores e fotógrafos que, há quatorze anos, trabalham com o objetivo de melhorar a comunicação, tanto de movimentos comunitários ou populares, quanto de sindicatos e outros coletivos.

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O livro Teorias dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos, da socióloga Maria da Glória Gohn, está disponível na internet. A obra faz um mapeamento das diversas teorias sobre os movimentos sociais. O livro contém três partes. A primeira destaca teorias em abordagens norte-americanas sobre a ação coletiva; a segunda aborda a produção teórica européia, das teorias marxistas clássicas à teoria dos Novos Movimentos Sociais. Já a terceira trata do paradigma Latino-Americano. Destacam-se as abordagens que têm sido feitas sobre os movimentos sociais populares latino-americanos, urbanos e rurais, assim como estudos sobre os movimentos de gênero; etnia; ambientalistas; em defesa da paz e dos direitos humanos; entre outros. Clique aqui para baixar o livro.

O livro O que é a favela, afinal?, organizado pelo Observatório de Favelas, é fruto do seminário homônimo, realizado em 2009 no Rio de Janeiro. Nele é apresentado uma diversidade de experiências e olhares em contraponto à visão predominante sobre as favelas, que criminaliza esse espaço e seus moradores. A publicação reúne artigos de 10 pesquisadores sobre o tema, além do registro do seminário. Apresenta ainda a declaração O que é a favela, afinal?, elaborada a partir das diferentes idéias presentes no seminário. O objetivo é, além de pensar as favelas de modo crítico e inovador, propor relações democráticas com esses territórios, para que se efetivem políticas públicas que garantam e afirmem os direitos da população marginalizada. Clique aqui para baixar o livro.