quarta-feira, 4 de abril de 2012

1º de Abril por Verdade e Justiça

Em 1º de Abril de 1964, um golpe militar, com apoio da ala civil conservadora e do governo dos Estados Unidos da América, tomou o poder de assalto, interrompeu as reformas de base do governo João Goulart, cassou políticos, militantes, estudantes, organizações sociais e populares, exilou, prendeu, torturou, matou e desapareceu com centenas de pessoas. Passados 48 anos do longo outono de 1964, o povo vai as ruas exigir responsabilidades por atos de violações dos direitos humanos cometidos durante o período da ditadura civil-militar. O cordão da mentira tomou as ruas de São Paulo neste 1º de Abril para exigir a instalação imediata da Comissão da Verdade, pois somente a verdade pode levar os culpados à Justiça. A marcha denunciou que a ditadura civil-militar continua presente nas prisões, nas práticas de torturas, nas chacinas, nas execuções sumárias, nas ocultações de cadáveres protagonizadas pelas policias e com a conivência dos órgãos da grande imprensa e da justiça brasileira.

No Cemintério da Consolação um Sarau para Luis Gama: porque a "Abolição" também foi uma mentira

O Coletivo Perifatividade marcou presença e lembrou que no fundão do Ipiranga a periferia segue resistindo

Ainda no Cemintério da Consolação, poesia e performance lembraram a herança da ditadura no presente

Estandartes lembrar é resistir

Jovens exigem: nunca mais mortos e desaparecidos!

Janaína e Amélia Teles, Criméia Almeida e Teresinha Gonzaga: nunca mais mortos e desaparecidos!

Elzira Vilela: nunca mais mortos e desaparecidos!

Angela Mendes: Merlino presente!

Movimento Mães de Maio denunciam a presença da ditadura civil-militar nas práticas policiais e da justiça brasileira



Homenagem ao estudante Henrique Barbosa da Silva, 18 anos, executado sumariamente por policiais militares no dia 18 de março, no bairro Cantinho do Céu, zona sul de SP. Os PMs forjaram a cena do crime e alegaram "resistência seguida de morte", mas foram presos em flagrante. A grande imprensa comprou a versão dos PMs e chamou o estudante de assaltante. A mãe de Henrique pede justiça e retratação

Os de ontem e os de hoje: nunca mais mortos e desaparecidos!

Sarau do Binho também mandou seu recado: demarcação imediata das terras indígenas no Mato Grosso do Sul

Pela abertura imediata dos arquivos da ditadura civil-militar

Luta, substantivo feminino: mulheres que lutaram contra a ditadura civil-militar

Homenagem ao estudante José Guimarães, assassinado com um tiro na cabeça em 1968, tinha 20 anos, na Rua Maria Antonia, pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas)

Na Rua Fortunato, homenagem ao militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), Marco Antonio Braz, o Marquito, assassinado em 1969, tinha 29 anos

O ato deste domingo aconteceu num momento em que o debate sobre a criação da Comissão da Verdade tem ganhado cada vez mais espaço. Movimentos populares tem levado o debate para as ruas em ações que denunciam responsáveis por violações de direitos humanos ocorridas no período da ditadura civil-militar. Os militares são contra a Comissão da Verdade porque sabem que a justiça é vizinha da verdade. Enquanto a verdade não vier a tona, a justiça não será feita. Verdade e Justiça são condições necessárias para romper a herança autoritária ainda hoje impregnada nas policias e nos órgãos de justiça brasileiros.
É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer... para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!

[Fotos: Ruivo Lopes]

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