domingo, 3 de julho de 2016

Por uma cultura do bem comum

Opinião pública explícita: Fascistas não passarão! 
[Foto: Ruivo Lopes, SP, 2016]

Patrimonialismo cultural 

Na utopia do bem público, tudo aquilo que recebe investimento público, ou seja da coletividade, deveria ser orientado pela gestão e interesse públicos - coletivos! Só que não... 

Há muito tempo, temos visto no Brasil, onde o investimento público em iniciativas da sociedade é enorme, que as organizações privadas são as maiores beneficiárias dos recursos públicos. 

A isenção fiscal é obra do neoliberalismo que apenas suga do Estado. 

Não há Estado neutro. O que sempre se fez em outras áreas, se faz também na área da Cultura. 

Assim operam os cupins do Estado - comem por dentro! -, em particular, o seleto grupo de agenciadores da cultura, avidos por polpudas reservas de recursos públicos. 

Sem nenhum compromisso público - com a coletividade! -, apenas fazem uso utilitário do Estado para, através do lobby, obter recursos públicos para projetos de natureza privada. 

Desprezam tudo o que é público, menos os recursos. 

Assim dilapidam a utopia do bem público, do bem comum, para revertê-la em bens privados. 

É preciso dedetizar o Estado para impedir que ele seja comido por dentro!

Neoliberalismo cultural 

O caso das Fábricas de Cultura, pertencentes a Secretaria de Estado da Cultura e geridas pela organização social Poieses e Catavento, nos da a oportunidade de discutir o modelo de gestão do bem público que a sociedade deseja para o bem comum. 

Demissão repentina de educadores/as (Arte-Educadorxs em GREVE, clique!), diminuição de atividades com aprendizes e redução do atendimento ao público (Aprendizes De Olho, clique!), provocou greves e ocupação em algumas Fábricas. 

O caso da Fábrica de Cultura da Brasilândia, zona norte de SP, é sintomático e nos remete a forma como o governo Alckmin agiu para reprimir estudantes de escolas públicas estaduais ocupadas (O Mal Educado, clique!). 

Na incapacidade de dialogar, a violência policial é a regra. Neste sábado (2), aprendizes - adolescentes! -, e educadores/as foram expulsos e presos por policiais militares. 

Transferir a gestão do Estado para uma organização social - como é o caso das Fábricas de Cultura administradas pela Poiesis e Catavento -, é uma opção política que integra um anunciado projeto político para o Estado. 

Assim, cabe as organizações sociais, sobretudo a Poiesis, responder pelas suas decisões administrativas. Mas cabe também a Secretaria de Estado da Cultura responder pelas suas opções políticas e pelo seu modelo de gestão das Fábricas de Cultura. 

A sociedade, maior interessada nos serviços públicos que lhes são oferecidos, precisa ser consultada quando o assunto é o bem comum. 

Ouvir nunca foi uma prática dos governos PSDBistas. 

Daí a opção pelo uso da força policial!   

 Tortura acontece(u). 
[Foto: Ruivo Lopes. SP, 2016]

Por que? 

Por que a Polícia Militar matou Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, de 10 anos, na Vila Andrade, zona sul de SP? Por que a Guarda Civil Metropolitana matou Waldick Silva Chagas, de 12 anos, em Cidade Tiradentes, zona leste de SP? Por que sempre negros são alvos preferenciais de agentes de segurança pública? Por que sempre nas periferias? Por que as polícias atiram primeiro para matar? Por que as polícias atiram para matar? Por que um GCM usa arma de fogo? Por que a vida não é preservada? Por que o sistema de segurança pública ainda não foi desmilitarizado? Por que depois do Ítalo, agora Waldick? Por que crianças, adolescentes, jovens? Por que isso não tem fim? Por que a letalidade das políticas públicas de segurança alcançam os jovens primeiro do que as políticas públicas que valorizam a dignidade humana? Por que as explicações, quando são dadas, não são convincentes? Por que parte da sociedade se cala, parte é indiferente e outra incentiva (o que dá no mesmo)? Por que ainda contamos mortos? Por que esperamos pelo próximo? Por que?

Opinião pública explícita: Bela, Marginal e da Rua. Fora Temer! 
[Ruivo Lopes, SP, 2016]

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