quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Augusto Boal vive na gente!


Augusto Boal era múltiplo: dramaturgo, criador do Teatro do Oprimido, homem de ação política, escritor, brasileiro, latino-americano e universal. Em ação, Boal transformou o teatro contemporâneo para jogar com a cena, de modo que todos também pudessem participar do jogo. Morreu em 2 de maio de 2009, no Rio de Janeiro, deixando um legado generoso e solidário para com os oprimidos. Libertar-se é transgredir, dizia ele. Por isso Boal vive! Leia trechos do Dossiê Augusto Boal, publicados na revista Vintém n. 7, da Companhia do Latão.

Da palestra proferida por Augusto Boal no Fórum de Arte Social da Cooperativa Paulista de Teatro, no Teatro Studio 184, em São Paulo, no dia 12 de setembro de 2008:

"Você só aprende quando ensina. Da mesma forma, você só ensina quando aprende."

"Ele [O Teatro do Oprimido] se aparenta mais a uma árvore, que não se desenvolveu sozinha, não aguentaria. É necessário que todos os galhos se convertam em troncos; se convertam em multiplicadores, para que se possa continuar a desenvolver. Por isso é que é um teatro de conversão, de auto-conversão."

"Podemos conversar, falar, sem a palavra. Fazemos esses exercícios de imagem para evitar que a palavra entre cedo demais e - pelo poder avassalador que ela tem - liquide com a capacidade de pensamento sensível do grupo."

"Podemos interferir [no processo de criação] ajudando as pessoas."

"A peça apresenta o problema cuja solução não sabemos."

"O teatro sempre foi perigoso e ainda é."

"Nós aprovamos 13 leis, todas vindas de discussões teatrais, através do procedimento do Teatro Legislativo, feito na rua, nos sindicatos, nas igrejas, escolas. Onde quer que fôssemos, a gente falava: 'Olha, está aqui uma lei, o que vocês acham?'"

"Temos que sensibilizar novamente as pessoas para aquilo que sofrem e não estão percebendo."

"O teatro nos serve para mudar a sociedade. Sr cidadão é transformar essa cidade. Não apenas viver nela, mas transformá-la. Cidadão verdadeiro é isso: 'Está ruim? Vamos mudar, vamos brigar, vamos fazer.'"

Da entrevista realizada após a palestra de Boal no Fórum de Arte Social da Cooperativa Paulista de Teatro:

"Uma das consequências de muita ditadura em cima, é que você fica pessimista. Mas é necessário tempo."

"O Teatro do Oprimido nunca termina quando acaba. O que acaba é o espetáculo, é o evento. Aí temos que fechar a sala, apagar a luz, ir para casa. Isso acaba. Evento. Mas o que a gente busca não é o evento: é a transformação social."

"A minha contribuição é no teatro. O essencial é o ser humano. O que interessa são as pessoas. Eu acredito que todo mundo é artista porque as primeiras manifestações do ser humano são todas de ordem estética, sensorial. A palavra é um meio de transporte."

"É a prática, é o combate que faz o herói."

O Dossiê reúne ainda uma série de artigos de dramaturgos sobre o fazer teatral de Augusto Boal. Acesse a revista Vintém no sítio da Companhia do Latão. Visite também o novo sítio do Centro do Teatro do Oprimido.

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