domingo, 27 de março de 2011

Protestos dos países árabes ao Wisconsin: poder imperial não é absoluto nem eterno

Estudante protesta contra os severos cortes sociais que afetarão a educação pública no Wisconsin, Estados Unidos

Noam Chomsky, crítico radical à política norte-americana no mundo, em recente artigo intitulado Quando dois mundos se cruzam, manda um recado àqueles que vigiam a democracia alheia mas não fazem a lição de casa. "As trajetórias das lutas dos trabalhadores no Egito e nos EUA apontam atualmente para direções opostas: conquista de direitos no Egipto; enorme ataque a eles nos EUA. Os dois casos merecem grande atenção". Leia o artigo na íntegra aqui.

A revolta popular árabe de 2011, com razões específicas em cada país, não tem a ver com religião, nem caiu do céu. A revolta que toma as ruas dos países árabes é produto da inquietude da classe trabalhadora provocada pela crise global do capitalismo. As pessoas querem seus direitos sociais, democracia política e social. São revoltas contra o universo da miséria permanente: uma elite cega por sua própria riqueza, corrupção política, desemprego massivo, tortura e subjugação ao Ocidente. Os acontecimentos recentes assinalaram a possibilidade de um novo e autêntico mundo árabe. Para compreender melhor estes acontecimentos, leia as reflexões de Robert Fisk, Tariq Ali, Antonio Negri, Noam Chomsky, Ignacio Ramonet, Slavoj Zizek, e outros, reunidas aqui.

O passeio de fim de semana da família Obama ao Brasil coincidiu com o desastre nuclear do Japão e com o início do bombardeio aéreo da Líbia. A decisão dos EUA, de atacarem o país norte-africano, foi tomada no território brasileiro. Esta decisão, sobretudo, serviu para relembrar aos mais apressados que os EUA seguem sendo a única potência mundial com “direito” de decidir – onde e quando quiser – e com capacidade de fazer intervenções militares imediatas, em qualquer conflito, ao redor do mundo. Uma lembrança oportuna, porque tornou-se lugar comum, na imprensa e na academia – à direita e à esquerda – falar do declínio do poder americano, enquanto se acumulam as evidências no sentido contrário. De qualquer forma, é óbvio que este poder imperial não é absoluto nem será eterno. Sua expansão contínua cria e fortalece poderes concorrentes, e desestabiliza e destrói os “equilíbrios” e as instituições, criadas pelos próprios EUA, estimulando a formação de “coalizões de poder” regionais que acabarão desmembrando aos poucos o seu poder imperial, como aconteceu com o Império Romano. Trecho do artigo Hegemonia e Império, José Luís Fiori.

Um comentário:

Ruivo Lopes disse...

Multidão protesta em Londres contra cortes nos serviços públicos: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17607&boletim_id=869&componente_id=14211