domingo, 23 de junho de 2013

Partido Alto: unidos venceremos!




Reunidos no quintal da Escola de Samba Unidos Venceremos, velhos bambas formaram em roda a tradicional assembléia geral do Partido Alto. Instrumentos na mão, os partideiros, como sempre, não estavam indiferentes ao que acontecia nos últimas dias. Eles guardavam a sabedoria dos mais velhos e o entusiasmo dos mais jovens. Previam que daqueles dias poderia sair samba e prestaram atenção. Antes do ziriguidum comer no tamborim, os puxadores começaram a analisar parte das alegorias e enredos que tomaram as principais avenidas dos país. Eles perceberam que as alas vermelhas e pretas foram sendo aos poucos engolidas por uma onda esquisita na qual se destacava o tradicional verde, amarelo, os azuis e muito branco.

Bons da cabeça, na cadência do samba e com a experiência de quem nunca adoeceu do pé, os partideiros logo chegaram a um consenso.

- Não se pode levar o bloco pra avenida sem apresentar nenhuma surpresa, tampouco improvisar o enredo no meio do caminho. Lembra daquela escola que apareceu na televisão antes da hora e já comemorava a vitória? Pois é. Já pensou se alguém rouba nossas alegorias e o nosso enredo... comé que fica? Questionou o primeiro.

- Pra brilhar na avenida tem que ter surpresa. O povo tem que conquistar a avenida de surpresa. Nos outros anos foi assim. Não levamos, mas também não nos levaram de lá. Fizemos bonito e nos convencemos de que aquele era o caminho certo. E é. De lá pra cá fizemos ainda melhor. Mas na miúda. Disse o outro, enquanto afinava o tom do cavaquinho.

- A boa Escola é aquela que aparece primeiro no seu quintal. Tem que ganhar primeiro no chão de terra batida e arrastar o bloco nas ruas acidentadas. O coro do samba enredo tem que começar aqui. Ganha na avenida quem primeiro ganhar na rua. Tem que experimentar tem que ensaiar. Assim, no sapatinho. O resto é entregar os pontos pros adversários de graça. Concluiu o terceiro.

Pra fechar o encaminhamento e indicar que o consenso ali era geral, cada partideiro levantou seu copo e em seguida viraram ligeiramente um gole pro santo e numa tagalada só lavaram a garganta e a alma. Partideiro véio não se engana nem se deixa enganar. A cara torcida e o desabafo quente eram sinais de que a água ardente era de rara qualidade. E quem é louco de servir cachaça batizada pra bamba. Santo nenhum aceita. Copo batido na mesa, o tamborim começou a soar. Só parou de tocar quando o galo cantou. Já era manhã de um novo dia.  

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