quinta-feira, 23 de maio de 2013

Por que apóio a greve dos professores e professoras de SP


Todo apoio a greve dos professores e professoras de SP

Eu tinha registrado aqui neste blog que o Brasil ainda não sai bem na foto quando o assunto é Educação. Uma contradição para um país bem posicionado entre as maiores economias do mundo. Naquela ocasião, tinha anotado que no Brasil não falta dinheiro, o que falta é investimento direto na Educação. Com razão, comemora-se toda vez que avanços importantes acontecem, necessárias correções históricas são feitas e também quando se faz justiça na Educação no Brasil.

Já tinha anotado também que na ponta do problema professores e professoras de instituições públicas enfrentam duras rotinas de sala em sala, de escola em escola para equilibrar de um lado o ofício exigido pela profissão e de outro as contas pessoais. Soma-se assim exaustiva jornada de trabalho, grandes deslocamentos e baixos salários.

Recentemente, professores e professoras da rede estadual de ensino fizeram greve por melhorias no exercício da profissão docente. Mobilizaram-se e foram para as ruas. Exigiram muito, ganharam pouco e a greve foi suspensa pelo sindicato que representa a categoria. Terminou a greve, sobraram controvérsias.

Neste momento, professores e professoras da rede municipal de ensino de São Paulo estão em greve. Parece que exigem muito. Mas só parece. Exigem que o atual prefeito cumpra a afirmação feita por ele durante debate na campanha eleitoral de que daria um reajuste de 25% nos salários dos docentes. Segundo o então candidato, o reajuste era justo porque não se tratava de uma promessa de programa partidário e sim do cumprimento de uma lei já aprovada e acordada com a categoria naquela gestão. Cabia a ele apenas cumprir a lei. Uma vez no poder, entram em cena as limitações pragmáticas.

Direito a greve não se negocia. O que se negocia é o cumprimento das pautas de reivindicações colocadas pela categoria. Nem a greve é balcão de negócios e nem as reivindicações são moedas de troca para interesses que não os compromissos com a categoria e a sociedade que neste caso tem a Educação como direto fundamental.

As greves docentes nos seus diferentes níveis e orientações sempre apresentam pautas de reivindicações justas. Investir na docência é investir na Educação. Portanto, não há pauta que seja abusiva naquilo que só o poder público pode cumprir.

Em suma, o que os professores e professoras da rede municipal de ensino em greve no momento exigem é o reajuste salárial como previsto em lei, melhoria no plano de carreira e nas condições de trabalho, como diminuição do número de alunos por sala. Tudo muito claro!

Acontecimentos corriqueiros têm mostrado que na mesa de negociações entre dirigentes sindicais e poder público são diluídos não apenas o açúcar empedrado no café amargo, mas também a tensão necessária onde nem sempre os interesses defendidos em gabinetes representam os interesses de quem participa de tudo com os pés no chão e nas salas de aula. E é justamente quem tem os pés no chão e nas salas de aula quem faz a diferença no dia a dia da educação!

Professores e professoras em greve têm nas mãos o poder de ensinar a prefeitura de SP, a cidade mais rica do país, e até aos dirigentes de suas próprias organizações de classe, que costumam decidir tudo no alto, que cidade educativa é cidade com educação pública, gratuita e de qualidade ancorada em um Projeto de Educação gestado no seio popular, transformador, participativo e inclusivo, incompatível com as atuais estruturas que mantém desigualdades sociais histórias, a começar pela desvalorização dos seus educadores e educadoras.
 
Recall

Após acordo da prefeitura com o sindicato que representa a categoria, a greve docente municipal foi encerrada na tarde do dia 24, decidida no alto dos gabinetes e depois repercutida em bom som no carro de som, como de costume. Acredito em quem tem os pés no chão e nas salas de aula, fazendo a diferença no dia a dia da Educação. Salário é bom e quando é justo é melhor ainda. Mas nem só de reajustes vive a Educação. Acabou a greve, fica a lição!

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